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Barão de Mauá espera por solução

Essa é a 12ª virada de ano que os moradores passam sobre
o terreno contaminado do edifício; imbróglio está longe do fim

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
01/01/2012 | 07:00
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Essa é a 12ª virada de ano na qual os sete mil moradores do condomínio residencial Barão de Mauá aguardam pela resolução de seu problema. O local é um dos casos mais emblemáticos da região quando o assunto é área contaminada. As famílias ali instaladas aguardam definição sobre seu destino desde o ano 2000, quando manutenção em bomba da caixa d'água subterrânea causou explosão, vitimou fatalmente um operário e deu início à disputa judicial movida por moradores contra Cofap e construtoras Soma, SQG e Paulicoop por danos morais e materiais.

Apesar do terreno fazer parte de pedido de CPI protocolado na Assembléia Legislativa para investigar áreas contaminadas do Estado, a solução para o imbróglio está longe do fim. Essa é a visão da síndica da sétima etapa do Barão de Mauá, Tânia Regina da Silva. "Continuamos na expectativa para saber se a CPI vai resultar em algo, mas acho difícil que isso se resolva rápido."

Segundo a síndica da segunda etapa do condomínio, Aparecida Benedito Bolsarin, a decepção tomou conta das famílias que residem no local. "Muitos não acreditam mais na causa. A Justiça não faz nada para ajudar essas pessoas, que estão em um lugar que pode explodir a qualquer momento."

A aposentada Inês de Lima Bejarano, 63 anos, afirmou estar chateada com a situação. "Se dependesse só de um órgão, estaríamos fora daqui, mas tem tanta gente envolvida que complica tudo". Para a moradora do local há sete anos, todo o esforço sofrido para a compra do apartamento resultou em angústia. "Estamos nas mãos de Deus."

A auxiliar administrativa Rubia Calmon, 28, moradora do condomínio há cinco anos, se diz tranquila enquanto a Cetesb não condenar o prédio em que vive. "A gente sempre tem esperança, mas nada muda há anos. Enquanto isso, vamos ficando por aqui, que é lugar sossegado", destaca.

O advogado e representante de 450 famílias do local, José Luiz Corazza, também não vê solução no curto prazo. "Só nos resta solicitar ajuda ao Ministério do Meio Ambiente e Conselho Nacional de Justiça e torcer para que em Brasília o tema não caia no esquecimento", destaca. Para o advogado, o poder judiciário de São Paulo nada fez por aqueles moradores. "Sabemos há anos que a área está contaminada e ninguém faz nada. É uma tragédia anunciada."

O condomínio foi erguido sobre terreno onde antes funcionava aterro industrial clandestino e, por isso, tem o solo contaminado com 44 substâncias tóxicas.

 

Obra da GVT nos arredores preocupa comunidade

 

Desde o início do mês, obras para implantação dos serviços de banda larga, telefonia fixa e TV por assinatura da GVT tiram o sono dos moradores do Condomínio Barão de Mauá. Isso porque há perfuração do solo contaminado. O medo é que se repita o episódio do ano 2000, quando manutenção em bomba da caixa d'água subterrânea causou explosão e matou um operário.

"A gente não tem autorização pra fazer reparos e a empresa consegue abrir buracos enormes", observa o técnico em telecomunicações, Leandro Cardoso, 33 anos.

Segundo a Cetesb, no interior do condomínio não haverá perfurações. O cabeamento será distribuído por via aérea. A GVT destacou que a obra principal foi concluída e que, nas próximas semanas, devem acontecer reparos para a recuperação do calçamento.




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