Há quem diga que a maior descoberta científica de todos os tempos seria a resposta afirmativa à eterna pergunta: "Há vida em outros planetas?" A notável expansão dos conhecimentos sobre o Sistema Solar reavivou o debate: conhecem-se, hoje, mais de 350 planetas extrassolares na Via Láctea. Estariam eles em zonas habitáveis? Ou a Terra é o único planeta com vida na galáxia?
Para estudar a possibilidade de vida em um exoplaneta (ou planeta extrassolar), a astrobiologia usa o conceito de zona habitável, definida como a região ao redor da estrela onde as condições físicas favorecem a existência de água no estado líquido na superfície do planeta.
A zona habitável depende do tipo de estrela e, portanto, de parâmetros como luminosidade e temperatura. Depende ainda das condições planetárias, dadas pela dinâmica do planeta, como taxas de intemperismo, concentração atmosférica de gás carbônico (CO2), bem como a razão entre a área continental e a área oceânica.
A recente descoberta de exoplanetas potencialmente habitáveis ao redor da estrela Gliese 581 produz futuros alvos para missões de detecção de sinais de vida fora daqui e nos convida a olhar a própria Terra com mais respeito.
Há diversos métodos para detectar planetas extrassolares. A maioria é indireta, pois são raríssimas as ocasiões em que eles são diretamente observáveis. Os métodos indiretos baseiam-se em medições de variações na estrela (de seu brilho ou seu movimento) que poderiam ocorrer devido a um planeta ali presente.
Em um sistema estrela-planeta, a luminosidade estelar e a distância entre esses corpos determinam a quantidade de energia incidente no planeta. Estrelas interessantes do ponto de vista da astrobiologia precisam manter-se estáveis por longos intervalos de tempo para fornecer condições favoráveis ao desenvolvimento da vida.
Estrelas anãs amarelas, como o Sol, mantêm a luminosidade estável por bilhões de anos, tempo suficiente para a evolução de formas complexas de vida.
Estudiosos medem intemperismo e gás carbônico dos planetas
Para estimar a variação da temperatura média global dos planetas, os geocientistas precisam determinar certos parâmetros, como as taxas de intemperismo e a concentração de gás carbônico nas atmosferas. Precisam ainda calcular a luminosidade estelar, a distância estrela-planeta e a massa do planeta por meio de técnicas astronômicas.
Os resultados serão favoráveis à vida caso as temperaturas permitam a existência de água em estado líquido e permaneçam estáveis por bilhões de anos. Mas, mesmo que os cálculos revelem um planeta extrassolar em zona habitável, como anunciado em maio de 2007, não será possível afirmar que esse planeta abrigue formas de vida.
Já que é tão difícil encontrar mundos potencialmente habitáveis, concluímos que são muito raras as condições específicas da parte do sistema solar onde vivemos. Como inquilinos ingratos e egocêntricos que somos, agimos como se tudo na Terra durasse para sempre. Antes de nossa espécie ser duramente castigada pela imprevidência, preservemos aquilo que, por ora, tem permitido a existência e a das demais formas de vida.
Estudo do clima descobre se há água líquida
Para determinar se um exoplaneta pode oferecer condições adequadas para a existência de água no estado líquido, é necessário produzir um modelo de como ele funciona. Consideremos um planeta semelhante à Terra. Os estudos do sistema terráqueo buscam compreender como seus diversos componentes interagem para determinar o clima global, sob influência da dinâmica interna.
Os processos do sistema clima estão diretamente ligados ao estabelecimento da zona habitável. Os fatores que determinam as condições gerais do sistema clima e condicionam o desenvolvimento de vida são a radiação proveniente da estrela central (a fonte de energia do sistema); a forma da órbita do planeta ao redor da estrela; e a inclinação do eixo de rotação em relação ao plano orbital.
A temperatura média global é uma característica importante que determinará a presença de água líquida. No entanto, o fator depende de variáveis como albedo - a razão entre a quantidade de radiação que o planeta recebe e a quantidade de radiação devolvida para o espaço -, taxas de intemperismo (processos que provocam a decomposição de rochas expostas ao tempo) e composição química da atmosfera.
O intemperismo e a concentração de gás carbônico na atmosfera estão estreitamente relacionados com os climas terrestres.
O gás carbônico representa apenas 0,036 % das moléculas de nossa atmosfera, mas exerce grande influência no ambiente. É um gás de efeito estufa, tal como o vapor de água e o metano. Esses gases mantêm as temperaturas da superfície em níveis adequados à nossa sobrevivência. Se não existissem, as temperaturas seriam muito altas de dia e baixíssimas à noite.
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