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Apagão Aéreo: região está dividida
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
05/04/2007 | 07:10
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Mesmo afirmando que as causas da crise aérea já vieram à tona, quatro de sete parlamentares do Grande ABC consultados pelo Diário são favoráveis e três contra o movimento de instauração da CPI do Apagão Aéreo no Congresso. Os outros cinco deputados não foram encontrados. A favor ou contra, os entrevistados são unânimes em alerta que seja evitada a utilização da CPI como palanque político.

Entre os defensores há que sugira que a CPI siga a linha de apresentar soluções e abandonar o cunho investigativo, alegando que os problemas são notórios. Esse é o caso do deputado estadual José Bittencourt (PDT-Santo André). “É preciso saber se a CPI atingirá a questão. Não basta criar palanque, tem de apontar solução efetiva que não seja utilizada para fins eleitoreiros. Investigar é uma atribuição do parlamento, mas tem de obedecer critérios”, pondera.

Com o mesmo pensamento – porém mais incisivo – segue o tucano Orlando Morando (PSDB-São Bernardo). “Tem de investigar e achar caminho para solução. O diagnóstico está feito: equipamento obsoleto e falta de mão de obra.” Mas o parlamentar também defende a investigação em cima da Infraero. “Há denúncia de superfaturamento em obras de aeroportos”, alerta.

Oposição na Câmara, o deputado federal Ivan Valente (Psol-São Caetano) é outro que se diz favorável à CPI. Mas avisa: não pretende adotar o discurso da oposição de direita, com investigação à parte da Infraero. “A CPI tem de investigar o conjunto. Queremos desmilitarizar o setor, investigar monopólios das empresas aéreas, além de pedir demonstrativos de gastos da Infraero nos últimos anos”, afirma. Para ele, os últimos governos se mostraram inaptos em resolver uma questão que se arrasta há tanto tempo.

Surpreendente é o posicionamento favorável à CPI da petista Ana do Carmo. Segundo a deputada estadual, toda comissão parlamentar é bem-vinda. “O PT não está contra. O partido só quer a aprovação de investigações também nos Estados, como São Paulo, onde elas foram brecadas”, afirma.

Para Ana, quem não deve não teme. Ela toma caminho diferente dos colegas de oposição. “Tem de investigar o porquê da defasagem salarial dos controladores do espaço aéreo, os investimentos e os ganhos das empresas nos últimos 15 anos.”

No lado dos contrários à CPI está o deputado estadual Mário Reali (PT-Diadema). “Não defendo a instauração porque não querem investigar, querem jogo político”, critica.

Para ele, o presidente Lula já deu a solução do caso: a desmilitarização do serviço, herança da ditadura. “Se for para discutir o apagão aéreo, então vamos sugerir a CPI do transporte terrestre em São Paulo, que não tem condição”, compara.

Reali concorda que a resposta do problema aéreo tem de ser imediata. “Não podemos ter caos na Páscoa.”

O colega de Assembléia Alex Manente (PPS-São Bernardo) contraria o partido e também defende a não instauração. “O problema já foi detectado. Basta agora apontar a solução. Sugiro a formação de um grupo que pressione o governo nesse sentido. Só defendo uma CPI se for provada a culpa do governo nessa crise”, afirma.

Frank Aguiar, deputado federal pelo PTB de São Bernardo, acredita na disposição dos oposicionistas em usar a crise aérea para fazer palanque político. “Os problemas já estão claros. Acho que uma CPI não mostrará nada novo. Agora, o governo tem de chegar à solução da crise.”



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