O intervalo entre uma Copa do Mundo e sua sucessora. A distância entre duas Olimpíadas. Uma vida, praticamente. Domingo à tarde, acabaram os quatro anos de jejum de passageiros sobre os trilhos de Paranapiacaba com a viagem experimental de uma maria-fumaça que passará a circular, com fins exclusivamente turísticos, a partir do próximo dia 29, último fim de semana do 6º Festival de Inverno. Antes desta, a última composição destinada a passageiros circulou pela Vila andreense em setembro de 2002.
E não se trata de qualquer trenzinho. É, esse conjunto ferroviário, formado por uma maria-fumaça construída em 1867 e um carro de passageiros datado de 1910. A máquina de 139 anos de idade foi posta nos trilhos depois de um restauro que consumiu R$ 45 mil, por obra da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), com apoio da MRS Engenharia, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Prefeitura de Santo André. Num primeiro instante estará restrito a um percurso de um quilômetro, com monitoramento e funcionários caracterizados como os tiqueteiros do tempo do onça e uma breve aula de história sobre o sistema ferroviário da Vila.
“Não dá para dizer exatamente quantas viagens faremos por dia. Mas eu acho que será algo perto de dez por dia, cada uma com duração de 20 e poucos minutos e 60 passageiros por viagem”, calcula Elias Alves Araújo, diretor da ABPF e um dos responsáveis pela maria-fumaça. O ingresso deverá custar R$ 6.
O prefeito João Avamileno (PT), que está em Santo André desde 1960 e nunca tinha viajado de trem até Paranapiacaba, esteve na viagem inaugural da composição. “Eu sou do tempo em que trem era chamado de subúrbio”, diz. Sobre a contradição de uma vila intitulada ferroviária carecer durante quatro anos de viagens ferroviária, ele disse: “Havia uma cobrança da população. Mas é um trem que só fará viagens turísticas daqui para frente. E aos fins de semana. Não há porque voltar com as viagens regulares. O movimento é baixo ao longo da semana”.
“As pesquisas com a população sempre revelavam esse mal-estar, o de não circular um trem de passageiros pela vila conhecida como ferroviária”, concorda João Ricardo Guimarães Caetano, subprefeito de Paranapiacaba. “É um projeto incipiente. O que queremos é que as viagens com a maria-fumaça mostrem a viabilidade de estendermos essa linha, esse passeio até Rio Grande da Serra”, diz.
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