Intervalos longos ocorrem mesmo em horário de pico; passageiros cobram aumento da frota
Usuários do sistema municipal de Transporte de Ribeirão Pires sofrem com longos períodos de espera pelos ônibus. Mesmo em dias úteis, passageiros têm de aguardar quase duas horas para embarcar. Com pouca disponibilidade, a superlotação se torna problema frequente. Assim como na Capital e em seis das sete cidades da região, a tarifa no município passou de R$ 3 para R$ 3,50 no dia 6.
Segundo o próprio site da concessionária Rigras (www.rigras.com.br), o intervalo é de uma hora e 55 minutos no itinerário que atende a Vila Guerda. A programação é definida dessa maneira em horários de movimentação intensa. Por exemplo: na estação do Centro, é iniciada viagem rumo ao bairro às 19h05. A próxima partida está marcada apenas para as 21h. Na Linha Vila Gomes/Jardim Guanabara, a espera é de uma hora e 50 minutos.
Usuária da Linha Pereira Barreto, a estudante Larissa Souza, 17 anos, tem de recorrer a um plano B caso perca a viagem das 6h40. “Entro na escola às 7h. Se não conseguir embarcar nesse, tenho de caminhar por dez minutos até outro ponto, onde passam vários ônibus. Caso contrário, perco a hora”, lamenta. A estagiária de Psicologia Carla Silva, 22, utiliza a mesma estratégia. “Na Linha Bosque Santana/Santa Rosa, o intervalo é de 50 minutos. Quando estou com muita pressa, vou andando até a Avenida Francisco Monteiro”, afirma.
Apesar dos longos períodos de espera, a professora Eliane Lhar, 42, elogia a pontualidade. “Eles cumprem exatamente os horários programados. Então, fica mais fácil de a gente se organizar”, reconhece.
No Terminal Rodoviário do Centro, não há grade de horário de cada uma das 30 linhas municipais. As placas afixadas no local indicam apenas a hora inicial de partida e o itinerário básico. Os detalhes devem ser verificados por meio do site da empresa. Entretanto, a página eletrônica não informa a localização dos veículos em tempo real, tecnologia que já é oferecida em Santo André, São Caetano e Diadema.
A Prefeitura foi procurada para comentar as reclamações, mas não se manifestou. Sobre a demora, a Rigras afirmou que “em cidades pequenas existem bairros em formação, com baixa demanda de passageiros” e que, por esse motivo, algumas linhas são operadas por apenas um carro. A frota é composta por 53 veículos, todos acessíveis e 90% com elevadores. Cerca de 23 mil pessoas são transportadas diariamente. O Executivo não fornece subsídio.
Esta é a quinta matéria da série de reportagens do Diário sobre o funcionamento do sistema de transporte de cada cidade. Já foram relatadas as realidades de São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá.
Horário prejudica usuários noturnos
Quem trabalha ou estuda à noite, principalmente em outros municípios, têm dificuldade para chegar em casa em Ribeirão Pires. Isso porque o horário de recolhimento dos ônibus municipais é feito muito cedo. Na maioria das linhas, a última viagem ocorre por volta das 23h30. A que encerra mais tarde atende o Parque Aliança, cuja programação é interrompida à 0h15.
Deficiente visual, o bancário Jaime dos Santos de Paiva, 40 anos, vivenciou o problema. “No ano passado, fiz um curso preparatório para concurso público na Avenida Paulista, em São Paulo. Como voltava tarde, descia do trem em Mauá e, lá, pegava um ônibus municipal até a divisa com Ribeirão. Minha mulher ia me buscar à 0h20 e caminhávamos por um quilômetro até chegar em casa”, lembra. Por conta da deficiência, a situação fica ainda mais complicada. “Sempre dependo de alguém.”
Apesar das reclamações sobre o horário, Paiva elogia o atendimento dos funcionários da concessionária Rigras. “Moro em Ribeirão há cinco anos, e sempre os motoristas e cobradores me ajudaram por causa da deficiência”, enaltece.
A Rigras informa que estuda promover melhorias na operação no período noturno, mas não determinou prazo.
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