Já era hora de voltar. Após um mês de recesso – em virtude da agenda de comemorações dos 453 anos de Santo André – os Seminários Avançados sobre a Pós-modernidade voltam ao cartaz no próximo sábado, com o escritor e professor Ricardo Lísias restituído à vaga de palestrante. E, para o despertar dessa breve hibernação, foi selecionado o filósofo italiano Gianni Vattimo como tema de debate.
Aos 70 anos, Vattimo não goza da mesma fama de pensadores como Jacques Derrida, Michel Maffesoli ou Jean Baudrillard, conforme indica Lísias no texto abaixo. Não obstante, é um dos titulares na bancada que procura compreender o mundo hoje, situado entre as tentativas de recalibragem de valores religiosos e a promiscuidade do desejo nos meios de comunicação.
De sua vasta bibliografia – a mencionar Depois da Cristandade (editora Record) e A Tentação do Realismo (editora Lacerda) – destaca-se O Fim da Modernidade (Martins Fontes), obra na qual Vattimo desenvolve o conceito de “pensamento débil”, para resenhar as sociedades de hoje. Segundo esse conceito, o homem é estimulado a debilitar-se como ser, capaz de pensar e de questionar, para entender-se como parte de um processo histórico, inevitável. Mais do que existir, o homem serve para exemplificar um ciclo imutável e indiferente a seus atos.
É um conceito que pode ser cultivado tanto em terrenos religiosos como nas hortas da mídia – não coincidentemente, as duas frentes em que Vattimo atua. Em entrevista concedida mês passado ao jornal argentino Clarín, o filósofo, que já chegou a propor um cristianismo sem religião, dá um breve resumo de suas conclusões a partir da leitura crítica da primeira Encíclica do papa Bento 16, publicada em janeiro último, e que pondera sobre as diferenças do amor: "A identificação da moral com o uso correto da sexualidade me parece mais que uma heresia, me parece estupidez".
E eis que volta-se à globalização, o inevitável clichê de discussão da filosofia moderna. Vattimo debruça-se sobre dois dos temas que mais marcam presença nesse processo de assimilação de culturas, justamente a mídia e a religião. Não por acaso, duas instâncias que codificam, segundo suas necessidades, as diferentes culturas no mundo e que, guardadas as proporções, não permitem que elas respirem quando expostas ao consenso global. São prontamente sufocadas quando passam a ser percebidas e avaliadas. Vattimo medita sobre as necessidades dessa apropriação da diversidade e de como ela serve para estabelecer relações maniqueístas, em pleno século XXI.
Os Seminários Avançados sobre a Pós-Modernidade são uma iniciativa conjunta da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André, da Escola Livre de Literatura e da Casa da Palavra, com apoio do Diário. Os textos de orientação dos seminários, publicados às terças-feiras no jornal impresso, permanecem disponíveis para consulta no site do Diário.
Seminários Avançados sobre a Pós-modernidade – Sábado (6), das 15h às 18h. Na Casa da Palavra – praça do Carmo, 171, Santo André. Tel.: 4992-7218. Entrada franca. Até 1º de julho.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.