Artigo

Desde março, quando a Polícia Federal fez série de prisões para desmontar esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a Operação Lava Jato tornou-se um dos casos mais discutidos do Brasil. Segundo as autoridades que investigam o caso, o esquema movimentou cerca de R$ 10 bilhões e, atualmente, já falam em quantias superiores. De acordo com a investigação, diretores da Petrobras fraudavam contratos com empresas fornecedoras para obter pagamento de propina, que era encaminhada a executivos da companhia e partidos políticos. Aproximadamente dez meses após o início da operação mais de 20 pessoas foram presas, sendo que a maioria é de executivos de empreiteiras que possuem contratos firmados com a Petrobras, porém, de acordo com as investigações, muitos políticos, como senadores e deputados, também estariam envolvidos.

Certamente um dos maiores casos de corrupção na história do País, que está sendo conduzido pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal no Paraná. Trata-se de profissional altamente capacitado, que reúne conhecimento acadêmico e habilidade técnica para conduzir processo judicial tão vultoso. Por outro lado, meios usados por Moro para obter provas são motivo de controvérsia no meio jurídico e alguns acabaram sendo derrubados por instâncias superiores.

O magistrado também já deu demonstrações de autoritarismo ao prender suspeitos ainda não condenados, atropelando regras processuais. Todavia, ressalta-se que os vários questionamentos por parte dos advogados dos suspeitos envolvidos na Lava Jato têm provocado a revogação de algumas de suas decisões, basta ver a do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavaski, que colocou em liberdade o acusado Renato Duque.

A Justiça Federal negou o acesso à CPI da Petrobras e ao Palácio do Planalto às delações premiadas feitas pelo doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, responsável pela investigação de parlamentares e outros suspeitos com foro privilegiado, também negou à CPI da Petrobras o acesso às delações.

Caso comprovado o envolvimento de deputados e senadores do alto escalão da política nacional, a Lava Jato trará consequências nunca antes vistas na história deste País, superando o escândalo do Mensalão e denegrindo ainda mais a imagem do Brasil mundo afora. Cabe a Sérgio Moro, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa, a responsabilidade de conduzir o caso no Poder Judiciário e a todos nós, brasileiros, fiscalizarmos o andamento, bem como exigirmos que a Justiça seja feita.

Raimundo Hermes Barbosa é presidente da Fadesp (Federação das Associações dos Advogados do Estado de São Paulo).

Palavra do leitor

Poder & caráter
À época de Abraham Lincoln,sua ressonância na frase teria efeito e sentido eterno: ‘Quer conhecer o caráter de alguém, dê-lhe poder!’ Não obstante, a ‘escancarada e excrescência’ fartura de indícios, suspeitas, luxúrias, exibicionismos de abastamento desconformes, denúncias, conluios indecentes, Constituição várias vezes rasgada, advogados pagos em honorários milionários por clientes corruptos – portanto, dinheiro sujo às toneladas –, ex-presidentes e famílias exibindo fortunas, integrante da corte suprema, que defende corruptos, assume toga máxima para absolvê-los no fim, enfim, em espelho de nossa Justiça, nossas crianças estão crescendo sem princípios e consciência, numa classe política devastada em ruínas.
Paulo Rogério Bolas
Santo André

Recado ao bispo
Este Diário recentemente trouxe matéria revelando que o vereador Bispo Ronaldo de Castro pretende erguer um prédio auxiliar anexo à Câmara de Santo André. O que chama a atenção é que o prédio onde funciona o Legislativo encontra-se em reforma, ou seja, as obras ainda não terminaram e o nobre vereador já está projetando mais gastos. Além dos custos com a criação de mais gabinetes, a população andreense corre o risco de ver seu Legislativo inchar ainda mais. Hoje são 21 vereadores, o que já é muito. Imaginem aumentar mais seis cadeiras. Quanto custará mantê-los? Mas o novo presidente da Câmara é um homem religioso e é muito comum ouvirmos esses homens de Deus dizer: “Deus falou comigo”. Assim sendo, espero que Deus fale ao Bispo Ronaldo: “Cuidado, o diabo é ardiloso, pare com isso, diminua os gastos, trabalhe para transformar a Câmara numa instituição menos perdulária, pense mais no povo”. Amém.
Roberto Canavezzi
São Caetano

Gilberto Carvalho – 1
Senhor Gilberto, há ladrões e ladrões. E os piores são aqueles que nos roubam a esperança, iludindo e se dizendo o partido da ética, o partido que não rouba e não deixa roubar, paladino da verdade e da pureza, para depois terem seus baluartes presos por depravação. Não venha usar os pobres, aos quais o PT deu migalhas, que agora sentirão pela inflação, corrupção, incompetência, falta de Educação, de Saúde e de Segurança, o que a ladroagem surrupiou deles.
Tania Tavares
Capital

Gilberto Carvalho – 2
‘A honestidade fingida é desonestidade dobrada’ (Publílio Siro). Ao afirmar que “não somos ladrões” em sua despedida da Secretária Geral da Presidência da República, o ministro Gilberto Carvalho admitiu que o governo sabe muito bem o que as parcelas mais lúcidas da sociedade pensam a respeito dos atuais inquilinos do Planalto. Nunca antes na história deste País um secretário geral de governo viu-se forçado a negar ladroagem. Não custa lembrar, quase todos os condenados na Justiça negam suas malfeitorias a começar pelos mensaleiros do PT, os ‘heróis do povo brasileiro’! Carvalho perdeu ótima oportunidade de ficar calado já que as evidências divulgadas na mídia – que o PT, valendo-se de subterfúgios, insiste em calar – dizem o oposto. Durante sua gestão à frente da Secretaria Geral da Presidência o ex-ministro cometeu vários sincericídios deixando Dilma de saia justa. Teria sido melhor para si e para o governo que empenha-se em defender que, depois de tudo, saísse de fininho, na miúda, sem desabafos nem polêmicas. Ninguém é bom juiz em causa própria e honestidade não se proclama, pratica-se.
Silvio Natal
Capital

Gilberto Carvalho – 3
Ao sair, sua conhecida agressividade fez com que fizesse uma declaração de caráter geral na primeira pessoa do plural: “nós não somos ladrões”. Ora, o que fez então Gilberto Carvalho senão lançar dúvidas para quem não as tinha e incrementar as dúvidas dos cidadãos que já as tinha. Afinal, um grupo de juristas apurou que muitos de seus colegas de partido praticaram crimes e os condenaram por isso. A hipócrita emoção de suas palavras no momento de sua despedida, enfim sua despedida, fez com que transformasse a porta do palácio pela qual saiu numa porta dos fundos por onde o lixo é recolhido. A propósito: Gilberto Carvalho deveria examinar as declarações de rendimentos de seus ‘pobres’ companheiros para aquilatar o padrão da pobreza de cada um, fazendo-o a começar pelas declarações de rendimentos do Luiz Inácio Lula da Silva.
Pedro Luís de Campos Vergueiro
Capital

Dama de aço
Da para sentir que os Poderes Legislativo e Executivo da República não têm o menor interesse em resolver os problemas financeiros da Petrobras. Depois das denúncias de tantas ilicitudes, a falta de interesse de tirar Graça Foster da presidência da Estatal está deixando o povo brasileiro preocupado com as decisões dos poderes supra citados. Surpreende-nos a falta de empenho de nossos deputados e senadores em indicar um nome de interesse nacional. Por que o nome de Maria Silvia Bastos Marques não foi até o momento ventilado para substituir Graça Foster? Maria Silvia foi secretária de Fazenda no Rio de Janeiro, onde ficou conhecida como a mulher de US$ 1 bilhão, montante que economizou durante o tempo que comandou a secretaria. Foi presidente da Companhia Siderúrgica Nacional , dobrou o faturamento dessa empresa que estava a perigo. Por seu invejável trabalho recebeu o título de dama de aço.
Leônidas Marques
Volta Redonda (RJ)