Último capítulo da trilogia ‘O Hobbit’ revela
questões pessoais em meio à derradeira batalha
Os dias da Terra Média nos cinemas parecem estar contados. Após apresentar esse universo fantástico para o grande público por meio da saga O Senhor dos Anéis, o diretor Peter Jackson voltou a trabalhar com a obra de J. R. R. Tolkien na adaptação para as telonas de O Hobbit. Mesmo o livro não sendo tão grosso quanto possa se imaginar, o projeto se transformou em trilogia cuja última parte toma os cinemas brasileiros com cópias convencionais, em 3D e com versões em HFR 3D (High Frame Rate 3D), no qual as filmagens em 48 frames por segundo elevam o patamar de alta definição.
É no adeus ao trabalho de Tolkien que Jackson parece ainda estar muito ligado aos grandes conflitos que chamaram a atenção do público na saga anterior. Não à toa o título original Lá e De Volta Outra Vez foi substituído por A Batalha dos Cinco Exércitos. A ideia é fazer com que a aventura atual soe mais empolgante e tão épica quanto a jornada de Frodo e o Um Anel.
Para quem não acompanhou os acontecimentos anteriores, grupo de anões comandados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage, que esteve no Brasil para divulgar o longa-metragem – veja mais ao lado) viaja pela Terra Média na companhia inesperada do hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) a fim de reaver tesouro que está nas mãos do dragão Smaug. A perigosa criatura é o grande vilão da história, sendo que o embate com os heróis foi iniciado no capítulo anterior (A Desolação de Smaug) e é finalizado somente agora. Trata-se de um clímax logo nos 20 minutos iniciais, com o melhor que os efeitos visuais podem oferecer ao público, incluindo o dragão mais perfeito já visto no cinema.
O desafio de Peter Jackson passa a ser as quase três horas restantes. As poucas páginas que tratam da batalha anunciada no cartaz são alongadas ao máximo na tela, com a criação de tensões maiores do que apresentadas no livro. Claro que a adaptação de uma obra literária quase nunca supera o conto original, mas a impressão que fica é que há pouco a se resolver no meio de tanta desconfiança entre homens, elfos, anões e orcs na briga pelos tesouros da Montanha Solitária.
As cenas de guerra são grandiosas como esperado, com personagens mostrando ao máximo suas habilidades, caso do elfo Legolas (Orlando Bloom) e toda sua sagacidade muito acima da média. Os melhores momentos ficam por conta da alteração de personalidade de Thorin, agora tomado pela maldição do tesouro e cego diante de uma inesperada ambição. Em meio ao ataque de inimigos ao local, as conversas do personagem com Bilbo revelam um anão desconfiado e longe do apreço pelos amigos demonstrado até então. A metáfora do chão de ouro que o começa a engolir traduz bem seu momento.
O show visual do projeto O Hobbit poderia ter sido finalizado com apenas dois filmes. Mas a Terra Média e Peter Jackson parecem querer mais em sua despedida.
Fã de Tolkien, ator afirma ter realizado um sonho
Fica difícil acreditar que o britânico Richard Armitage deu vida ao anão Thorin Escudo de Carvalho na trilogia O Hobbit. Alto, de cabelo curto e barba aparada, sua figura real nada tem a ver com o estilo do personagem. As quase três horas de maquiagem comprovam o trabalho técnico do blockbuster. “Sabia que seria uma maratona de transformação. Tínhamos estudos de quase sete anões que passaram por análise até vê-lo (Thorin) em cena no primeiro filme. Quando você trabalha tão fisicamente é exaustivo, mas aproveitei toda a jornada”, comentou o ator em sua passagem pelo Brasil.
Armitage afirmou ser fã de J. R. R. Tolkien desde a infância e que o trabalho foi “um sonho realizado”. Sobre os filmes, recordou que esteve cotado para assumir o papel de Bard, o Arqueiro (interpretado por Luke Evans) e que foi deixado algumas vezes nas montanhas da Nova Zelândia com o restante do grupo de anões já fantasiados para que pudesse incorporar o personagem.
Os conflitos psicológicos de Thorin em A Batalha dos Cinco Exércitos era um dos momentos pelos quais mais aguardava. “Foi muito excitante e era o que eu estava esperando mesmo. Ele se torna alguém que ninguém reconhece e seu retorno é triunfal”, disse o ator, ressaltando o poder do filme diante do público. “O vi em IMAX e ele te joga no assento. Houve um momento onde meu coração ficou superacelerado e foi uma adrenalina que não se vê com frequência em outras produções.”
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