Ficar irritado, bravo, triste, alegre ou ansioso faz parte da vida. O misto de emoções é comum principalmente nas fases de transição da vida, como a adolescência. Driblar o que sentimos não é tarefa fácil. Precisa ter inteligência emocional, que é a capacidade de administrar melhor as emoções e adversidades.
“Cada vez mais somos forçados a olhar dentro de nós para sair de problemas pessoais e profissionais”, diz Rodrigo Fonseca, fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional e do Centro Emocional.
Para o psiquiatra e escritor Augusto Cury, todos precisam aprender a domar as ‘feras’ que temos dentro de nós. “Quando aprendemos a resolver os problemas de modo inteligente, transformamos o caos em oportunidades”, afirma o autor, que acabou de lançar o livro Petrus Logus – O Guardião do Tempo. “Na saga Harry Potter, tudo é resolvido com magia. Enquanto Petrus terá de domar os sentimentos para ter sucesso.”
Beatriz Alves Ensinas, 16 anos, do Colégio Singular, em Santo André, aposta no diálogo com a família e atividade física para combater a ansiedade. “É momento de muitas emoções, mudanças, tudo ao mesmo tempo. A decisão por uma carreira está próxima e isso é algo muito cobrado pela sociedade. Às vezes, sufoca.”
O estresse é a forma que o corpo de Isabella Muller, 15, encontrou para dizer que os novos hormônios e a fase de decisões não estão fáceis. “Converso muito com minha mãe. Ela sabe tudo da minha vida. Falar sobre isso me alivia as tensões do dia a dia.”
Ficar sozinho é a arma usada por Vinícius Gabriel de Oliveira, 16, para aliviar o turbilhão de sentimentos. Ele acredita que se isolar evita brigas com a mãe, que antes eram constantes. “Hoje, quando quero muito falar dos meus problemas, o que sinto, falo com meu pai. Tento seguir seu exemplo. Mas há momentos em que o melhor mesmo é ficar sozinho. Vou jogar bola, ouvir música, até conseguir controlar o que sinto.”
A timidez do estudante também interfere nas emoções. “A sociedade cobra muito da gente o modo que devemos ser, como nos portar, do que devemos gostar. Isso é ruim, ainda mais para quem é tímido. Nessas horas recorro à internet, até para me relacionar com outras pessoas, fazer amigos.”
O diálogo não é o ponto forte de Isabela Gibin Lima, 15. “Prefiro guardar para mim. Com o passar do tempo, lidar com essas sensações fica mais fácil. Sofro um pouco com a ansiedade, mas deixo que o riso e as brincadeiras me deixem leve.”
Grande parcela dos jovens precisa lidar com a depressão e a ansiedade
Em média, 20% dos jovens brasileiros sofrem de depressão e ansiedade. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão é a doença mais frequente na adolescência. Alguns estudos demonstram também que todas as pessoas que sofrem de problemas mentais apresentam os primeiros sintomas a partir dos 14 anos, de acordo com Rodrigo Fonseca, fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional.
Para o especialista, a depressão é uma tentativa do corpo de trazer consciência sobre algo que estamos vivendo internamente e que está gerando uma dor emocional muito forte. “Se a dor não for compreendida e tratada, acarretará naturalmente em uma dor física.”
Quando um jovem não reconhece os próprios limites, talentos e habilidades, nega os medos e ignora as emoções, a segurança e autoconfiança ficam muito abaladas. “Assim, eles têm a necessidade de dominar o outro, o que seria uma maneira de não entrar em contato com a própria vida e sentimentos”, explica Fonseca.
Segundo Augusto Cury, o excesso de informações, de atividades e o uso excessivo da tecnologia ajudam com que o jovem tenha dificuldades de lidar com os sentimentos. “Oitenta por cento deles são tímidos e inseguros e 50% dos pais não conversam com os filhos sobre o que sentem. O diálogo ajuda a domar as emoções.”
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