Morar no entorno do Centro Alto de Ribeirão Pires tem diversas vantagens. Além da tranquilidade, uma das características mais marcantes dos pequenos municípios, o lugar oferece todos os tipos de serviços aos moradores, desde comércios, escolas e unidades de saúde, até praça e biblioteca.
Apesar do movimento, a área tem característica residencial, já que reúne 1.562 casas e 373 imóveis comerciais, divididos entre lojas, prestadores de serviços, profissionais autônomos, entre outros. O Centro Alto está localizado próximo ao terminal rodoviário da cidade e da estação de trem da CPTM, o que favorece o deslocamento dos moradores para as cidades vizinhas.
Quatro escolas são referências para munícipes, a escola Professora Neusa Luz Sanches, no bairro Suíssa, Tia Mariinha, na Vila Nova Suíssa Santista, Monteiro Lobato, no bairro Bocaina e Professora Lavínia de Figueiredo Arnoni, na Vila Mortari. Na área da Saúde, além da UBS Centro, os munícipes fazem uso da UBS Vila Suely e também do Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas, Hospital São Lucas, Farmácia Popular, Ambulatório de Infectologia e de Saúde Mental.
Outra opção para os moradores é o telecentro comunitário, localizado na Avenida Humberto de Campos, 70. O local oferece acesso a computadores e à internet para pesquisas e inscrição de currículos de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h. No mesmo espaço, a Biblioteca Municipal Olavo Bilac disponibiliza empréstimo de 50 mil obras em acervos fixo e circulante, além de pesquisa on-line. O local funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados das 9h às 13h.
Ao contrário da maior parte dos jovens, que prefere locais badalados e centros urbanos para viver, o funcionário de transportadora, Diego Alves dos Santos, 23 anos, não tem planos de deixar Ribeirão Pires, cidade onde mora desde que nasceu. "Não quero abrir mão da minha tranquilidade. Quando quero ir ao teatro ou cinema, ou comer algo diferenciado vou até a Capital", diz.
Apesar de toda infraestrutura oferecida, o bairro deixa a desejar quando o assunto são as áreas de lazer, comenta a desempregada Marisa José dos Santos, 45. "A Vila do Doce é a única opção para passeio aqui, mas, por ser um ponto turístico, fica caro visitar sempre." No mais, a moradora do bairro há 42 anos não tem do que se queixar. "Tudo está concentrado aqui."
Para o segurança Hélio Brieti, 50, morador do local há 22 anos, a necessidade de se exercitar foi atendida com a instalação de aparelhos de ginástica em algumas praças do município. A promessa é de que a Vila Aurora ganhe academia ao ar livre em breve, enquanto a Praça da Matriz receberá coreto coberto e novo paisagismo.
Três anos após dois irmãos terem sido esquartejados pelo pai, João Alexandre Rodrigues, e pela madrasta, Eliane Aparecida Antunes Rodrigues, no Centro Alto, ainda é lembrada pelo crime. A família morava na Rua Cândido Mota, onde os sacos de lixo com os pedaços dos corpos das crianças foram encontrados por um lixeiro.
O casal foi julgado no fim de 2010 e condenado por duplo homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver, além de a madrasta ter sido condenada ainda por estimular as crianças a saírem de casa dias antes do crime.
Na época, o assassinato chocou os vizinhos do bairro, que ainda não se livraram da triste lembrança. "Foi um crime muito chocante, mas de forma geral temos uma vizinhança muito boa", considera a dona de casa Aparecida Pierogon, 56. Moradora do bairro desde 1985, ela acredita que o índice de criminalidade tem aumentado nos últimos anos. "Não consigo deixar meu neto de 5 anos brincar na rua", destaca.
Apesar da insegurança e de o local só ter "chuva e serração", Aparecida não vê motivos para querer se mudar. "Meu marido e eu moramos aqui na frente e meu filho com a esposa e meu neto atrás. Apesar de o bairro ser pequeno, o Centro é perto e temos sossego."
Teve início em outubro construção da a unidade básica de Saúde do Centro Alto. A previsão é de que o espaço, que concentrará até 1.000 atendimentos por mês, abra as portas em 2012. A dona de casa Márcia Rodrigues, 58, moradora do município há 32 anos, comemora com a notícia. "Além da falta de opções de lazer para as crianças, a área da Saúde é a mais defasada. Geralmente vou ao médico em Santo André", conta.
A nova UBS está na Rua Olímpia Cata Preta e terá oito consultórios, sendo três destinados para clínica geral, dois para odontologia, além de consultórios para atendimento ginecológico e sala para ultrassonografia.
As obras demandaram investimento de R$ 702 mil, sendo R$ 200 mil do governo federal.
O Centro de Ribeirão Pires guarda imagens valiosas do passado do Grande ABC, muito mais que os centros urbanos das outras cidades, incluindo Rio Grande da Serra. Esta última tem a sua estação ferroviária original, como Ribeirão Pires tem. Guarda exemplares de casas antigas, a exemplo de Ribeirão. Mas a forma interiorana de Ribeirão Pires, com suas partes alta e baixa divididas pela Avenida Santo André, representa um quê que a diferencia e que a leva para os idos de 1936 e 1945.
Naqueles dois anos, João Netto Caldeira e o Orfanato Cristóvão Colombo, mantido pela Igreja Católica até hoje na Vila Prudente, Capital, documentaram os então municípios de São Bernardo e Santo André, fotografando-os. E as imagens que registraram do Centro de Ribeirão Pires dão a falsa impressão que a cidade possuía estrutura mais robusta que as localidades já então mais desenvolvidas, como Santo André, São Bernardo e São Caetano.
Aquelas imagens, de 1936 e 1945, persistem hoje, em seus detalhes, mesmo que o Centro de Ribeirão Pires tenha recebido alguns elefantes brancos que a descaracterizaram, como o novo terminal rodoviário. Graças ao movimento da Memória, salvou-se o armazém ferroviário, que no século 19 foi a primeira estação e que, a partir de 1996 e durante alguns poucos anos, serviu como sede do Museu Municipal Família Pires.
Do mais, temos no Centro de Ribeirão Pires o mesmo desenho das ruas originais, com destaque para a Rua do Comércio, onde tudo acontece, onde as pessoas se encontram, onde a memória social é escrita.
A expressão Ribeirão Pires se consagra quando da inauguração da estação férrea, em 1885, e com a criação do Núcleo Colonial de Ribeirão Pires, em 1888 - em uma alusão à família dos Pires, poderosíssima no passado paulistano. Em torno da estação e junto às linhas coloniais é que nascerá uma nova cidade, origem do atual perímetro urbano central de Ribeirão Pires. (Ademir Médici)
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