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Diferentes culturas são lembradas em Dia da Consciência Negra

Em Ribeirão Pires, tradições africanas, indígenas e ciganas se juntaram em evento no Centro; em Diadema, caminhada comemorou a data

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
21/11/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Embora denominado como Dia da Consciência Negra, o 20 de novembro traz à tona a luta contra a discriminação racial, que engloba outras raças e culturas que também são alvo de preconceito. Na tarde de ontem, na Praça Central Ernest Solvay, em Ribeirão Pires, a diversidade de povos marcou as celebrações pela data. Quem passou por lá pôde conhecer, além da cultura africana, um pouco das tradições indígena (etnia Kariboka) e cigana, espalhadas em tendas e por meio de apresentações.

Representando os afrodescendentes, Wilson dos Santos, ou Wilson Oxóssi, explicava sobre a religião candomblé e o significado das vestimentas expostas no local. Para cada orixá, (ao todo são 16), que são as forças da natureza, uma cor de roupa é usada.

Crença que é, por muitas vezes, mal interpretada por quem não a conhece, a liderança destacou a importância de participar do evento e poder desmistificá-la. “Somos todos seres humanos e temos os mesmos direitos. A maldade está dentro de cada um. Hoje (ontem) não é um dia de comemoração, mas sim, de conscientização.”

Ainda integrando a cultura africana, 25 capoeiristas do grupo Berimbrás se apresentaram ao público. O professor João Moreira, conhecido como Mestre Pelé, 43 anos, defendeu a expansão da cultura afro ao longo de todo o ano e, principalmente, em âmbito escolar. “Para quebrar o preconceito, precisamos levar nossa cultura para as bases, que são a família e a escola”, disse.

A babá Cristina de Cassia Lima Macedo, 35, moradora da cidade e que assistia às apresentações, compartilha da opinião. “Na escola onde minha filha estuda, uma coleguinha disse à outra: ‘Você deveria ir para outra escola, porque você é muito preta’. Então, seria muito interessante que se levasse o enfrentamento ao preconceito nas escolas, pois é desde pequeno que se deve ensinar.”

O grupo Sol Cigano destacou que a falta de conhecimento é a grande alavanca da discriminação. “Durante a exposição de nossos artesanatos, já ouvi muitas vezes as mães passarem com os filhos e dizerem: ‘Se você não se comportar, vou te dar para o cigano’. Falam isso porque há uma lenda que ciganos roubam crianças e objetos, quando deveriam ter em mente que não importa a religião, como a pessoa se veste ou expressa a sua arte. Somos todos iguais”, falou Cecília de Souza – a cigana Sarah, 39.

CAMINHADA

Em Diadema, a oitava Caminhada pela Igualdade Racial foi o ponto alto das celebrações na cidade. Cerca de 200 pessoas partiram da Praça Lauro Michels, no Centro, em direção ao Teatro Clara Nunes. O trajeto foi feito ao som do grupo Abayomi, formado por mulheres percussionistas, além da presença do Maracagueto, com suas brincadeiras e representações teatrais.

O casal Veronica Margarida Silva e Cleber Francisco Barbara, ambos com 31 anos, moradores do bairro Eldorado, acompanharam o cortejo com a filha Sofia, de apenas 5 meses. Vítimas do preconceito racial, temem pelo que a criança poderá sofrer no futuro, por isso, defendem que amplo trabalho de enfrentamento ao racismo seja propagado desde o início da vida do cidadão. “Acho que deve ser feito um trabalho sério nas escolas, com as crianças, que pregue a igualdade. A educação é a base”, salientou Barbara.  




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