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'Soldados Cidadãos' traça perfil camarada de combatentes
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
19/08/2001 | 20:08
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   O historiador norte-americano Stephen E. Ambrose é especialista em Segunda Guerra Mundial. Prova maior é a consultoria prestada ao cineasta Steven Spielberg para o filme O Resgate do Soldado Ryan. Boa parte de seus conhecimentos no assunto está em Soldados Cidadãos (Bertrand Brasil, 678 págs., R$ 52), um catatau com muitos depoimentos, mapas e fotos que demonstram quem eram, como viviam e o que faziam os soldados dos Estados Unidos durante o conflito.

Eram voluntários, na maioria, que engrossaram as fileiras do Exército dos Aliados desde o desembarque na Normandia, França, em 1944 (o Dia D) até a rendição da Alemanha nazista em 1945. E o livro não é chato, ao contrário.

Soldados Cidadãos é um desdobramento da obra de sucesso anterior de Ambrose, O Dia D. Desconsidere o fato de que o autor é tiete do assunto, combina humanismo e cidadania com combate feroz e rende uma cívica homenagem no final do livro aos soldados que lutaram e venceram e que “devemos ser-lhes profundamente gratos para todo o sempre”. É no miolo que ele fez bem seu trabalho.

O autor exclui a visão dos generais e dá voz ao soldado raso, aos cabos e sargentos, os ordinários que marchavam, e que viram e sentiram a guerra de perto. O livro chega a ser frio em alguns momentos, mas o assunto esquenta quando as descrições de batalhas entram em cena. E fica melhor quando surgem os depoimentos e falas dos soldados, até com toques de humor. Um episódio envolvendo um sargento é exemplo. Ele havia acabado de matar seis oficiais alemães recém-capturados que tentaram fugir e teve uma orelha arrancada por um tiro de metralhadora alemã. Voltou para a companhia, roupa ensangüentada, e perguntou “Quem tem mais granadas?”.

Ambrose também trata de penúria, como o inverno mais rigoroso que a Europa viveu em 40 anos em 1944 e que pegou os soldados nas trincheiras despreparados. O livro dedica capítulo especial para os socorristas, enfermeiras e médicos que atendiam os feridos, bem como à força aérea.

O livro não tem referências à participação do Brasil na guerra. Ambrose analisa na obra as batalhas pela libertação da França e pela ocupação da Alemanha.

A despeito de sua tese, de que os soldados lutavam porque não queriam viver em um mundo em que o mal prevalecesse, o historiador se mantém fiel aos fatos. Mostra também o lado alemão, ouvindo sobreviventes.

Durante as filmagens de O Resgate do Soldado Ryan, o ator Tom Hanks comprou os direitos deste livro, o que pode ser sua nova empreitada no cinema: dar vez e voz a estes combatentes.




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