Política Titulo Atraso
Donisete investiga
atos do aliado na Sama

Prefeito de Mauá havia ignorado denúncia de
ligações clandestinas em troca de voto em março

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
03/11/2014 | 07:49
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André Henriques/DGABC


Após o ex-superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) Atila Jacomussi (PCdoB) ser eleito deputado estadual, o prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), abriu sindicância para apurar existência de ligações clandestinas promovidas pela autarquia durante a gestão do comunista. A denúncia das irregularidades foi feita pelo Diário em março. A investigação ocorre, portanto, com quase oito meses de atraso.

Atila foi candidato a prefeito em 2012. Ficou em terceiro lugar com 13,35% dos votos válidos e apoiou Donisete no segundo turno contra a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB). O comunista tem se fortalecido como terceira via e, apesar de estar atrelado à gestão petista, não descarta voltar a disputar o Paço em 2016, quando o atual chefe do Executivo tentará se reeleger.

A comissão de sindicância para apurar supostas ligações de água irregulares foi instaurada oficialmente por Donisete no dia 29. Em 11 de março, o Diário publicou reportagem em que moradores da Viela Kossap, no Jardim Itapeva, confidenciaram reunião com Atila, declarado apoio e voto a ele na campanha de deputado em troca de a Sama instalar cavaletes sem hidrômetros e receberem água sem nenhum custo. A via também foi pavimentada pela autarquia.

No dia seguinte da denúncia, Donisete se comprometeu a averiguar o caso e bancou a permanência do comunista no comando da autarquia. No entanto, a Prefeitura não se movimentou e deixou a responsabilidade de apurar as irregularidades com a própria Sama. A investigação foi tocada por Israel Aleixo, funcionário comissionado e que já foi assessor de Atila quando vereador, que promoveu relatório indicando que não houve nenhum procedimento irregular na viela.

Para Atila, o ato do prefeito apenas ratificará o que já foi “constatado pela sindicância” da Sama. “Houve investigação na autarquia que provou que não havia nenhuma irregularidade no local. A ação da Prefeitura vai reforçar essa constatação. Estou muito tranquilo em relação a este caso.”

Atual superintendente da autarquia, Paulo Sergio Pereira, não estranhou a postura de Donisete. “É prudente. Da mesma forma que fizemos aqui, ele deve apurar as denúncias. Sindicância é um instrumento legal para o poder público. Acredito que o motivo seja para fortalecer a defesa, uma vez que a Vanessa Damo entrou com uma ação no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) sobre ligações clandestinas, que incluiu o meu nome, o do prefeito, do Atila e até do João (Lopes, líder comunitário que disputou cargo de deputado federal)”, considerou o chefe da Sama.

Pereira se refere a outra denúncia também publicada pelo Diário. A reportagem veiculada em setembro mostrou conversa de João Lopes com um munícipe, via Facebook, que pede ligação clandestina de água e o líder comunitário afirma que “Atila poderia dar uma força”. O superintendente da Sama foi indicado pelo comunista para o cargo e é presidente do PRP local, partido do pai de Atila, o vereador Admir Jacomussi.

Donisete não foi localizado para comentar o caso.




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