Quatro dias depois de ter encerrado sua operação militar, que deixou um saldo de 23 soldados israelenses mortos, o Exército mantém o acesso a este acampamento de refugiados fechado, enquanto aumentam os rumores sobre massacres, enterros de corpos palestinos em fossas comuns e as denúncias de organizações internacionais.
"Tivemos que enfrentar 700 palestinos armados, 200 dos quais nos esperavam no centro do acampamento. Quase 500 homens de entre 16 e 50 anos se renderam, 150 já estão identificados sob ordem de busca e captura e 50 morreram nos combates", afirmou o porta-voz enquanto caminhava entre os escombros do acampamento, onde ainda se escutam alguns disparos isolados. "Um total de 95% do acampamento está controlado", segundo Laderman.
Segundo o Exército israelense, se civis morreram durante os confrontos "foi o menor número possível", porque os soldados foram "muito precisos". No entanto, o número de vítimas, por causa do sigilo que cerca a operação pelo lado israelense e o fato de que muitas famílias abandonaram o acampamento antes do início dos combates, é um mistério.
"Não digo que não existam inocentes mortos, mas são poucos. Demos até quatro oportunidades para que saíssem de suas casas e eles sabiam que poderia acontecer o pior. Não enfrentamos civis, eles estavam preparados para lutar e foi uma batalha intensa, casa por casa", afirmou o tenente-coronel Dan Schwarzruchs.
Com a ajuda da Cruz Vermelha Internacional e um grupo de voluntários da Anistia Internacional, uma equipe médica começou a resgatar corpos e atender as necessidades básicas dos habitantes, que aos poucos estão voltando ao acampamento para ver o que restou de suas casas e famílias.
A prova da violência dos combates é percebida nas ruas desertas, cortadas por imensas montanhas de pedra e intensamente patrulhadas pelos tanques. As casas foram destroçadas pelos mísseis, canhões e as manobras das implacáveis escavadeiras. Por outro lado, os palestinos se escondem dos tanques israelenses.
Os soldados guiam este reduzido grupo de jornalistas e impedem que a população local lhes dirija a palavra. "Vimos como usavam civis, idosos e crianças como escudos humanos", afirma um dos soldados que participou dos combates.
"De Jenin saíram 50% dos terroristas suicidas que cometeram atentados em Israel. Aqui são recrutados e treinados. Encontramos álbuns com fotos de futuros kamikazes, de crianças com kalashnikov nas mãos", afirmou Schwarzruchs.
Para os militares israelenses, Jenin, um escasso quilômetro quadrado de terra onde viviam quase 15 mil pessoas em época normal, não era um acampamento de refugiados palestinos comum, mas sim uma "fortaleza para terroristas".
Segundo as autoridades militares, os 7 mil soldados israelenses que entraram em Jenin tiveram que enfrentar uma combinação de militantes de todos os movimentos extremistas palestinos, "que trabalhavam diretamente com a Autoridade Palestina".
"Nossos inimigos eram os terroristas suicidas cujas fotos ainda estão nos muros destas ruas e aqueles que os treinam. Israel não podia tolerar esta situação, tínhamos que proteger nossas famílias e, desgraçadamente, se o terrorismo continuar tudo isto pode se repetir", concluiu Laderman.
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