As denúncias sobre a falta de manutenção do Cemitério Municipal de Diadema continuam. A equipe do Diário recebeu reclamações e fotos de um funcionário sobre as más condições da necrópole.

O agente funerário Márcio Frassi Vieira, 24 anos, trabalha no local há um ano e quatro meses e disse que a estrutura é precária. “Tem muita coisa irregular, de modo que fica impossível trabalhar direito. Os armários para guardar os pertences estão em estado lastimável e muitas portas não têm fechadura e maçaneta. Além disso, há animais como gatos e cães em vários locais.”

Vieira também relatou que nos banheiros há vasos sanitários quebrados. “Até há chuveiros, mas eles não funcionam. O banho é essencial para os funcionários, principalmente para pessoas que mantêm outro emprego”, disse.

Além disso, segundo o profissional, precisam ser realizados reparos elétricos nas instalações, principalmente no prédio vertical, que também funciona como ossário. Isso porque, de acordo com Vieira, corpos que não estão aptos para exumação após dois anos ou que a família não comparece ao procedimento, são identificados e colocados em sacos plásticos dentro do prédio. No local, é necessária temperatura específica para ajudar na decomposição e não causar cheiro. “Tem muitos aparelhos e fios, mas nada funciona. No nosso vestiário faltam até lâmpadas.”

Ainda conforme o agente funerário, outro problema é que os funcionários não possuem uniformes. “Alguns têm vestimentas da Defesa Civil, que pegaram no almoxarifado. Não é o ideal para o nosso tipo de atividade”, disse Vieira.

Questionada pela equipe do Diário, a Prefeitura respondeu, por meio da Secretaria de Defesa Social, que a manutenção elétrica do cemitério está em andamento. Segundo a administração, o vestiário passará por reforma. “A Pasta está fazendo a cotação de preços para a compra de armários e uniformes, que serão utilizados pela primeira vez na história do cemitério.”

Vieira disse que vai utilizar a tribuna na sessão da Câmara na próxima semana para denunciar mais ocorrências.

CASO

No cemitério, três sepulturas foram violadas e o corpo de um natimorto foi roubado no domingo e posteriormente encontrado no próprio local no dia seguinte. Também foram constatados problemas como a quantidade de insetos.

A Prefeitura de Diadema anunciou que estuda instalar câmeras de segurança no cemitério. Na sessão da Câmara realizada na quinta-feira, vereadores montaram comissão para apurar irregularidades na necrópole. Representantes da Federação de Umbanda e de Cultos Afro-brasileiros também relataram problemas de falta de segurança e expressaram o repúdio a ações desse tipo.