Texto inédito da autora Maria Adelaide Amaral
mostra lado humano do casal de gênios da arte
Nada na história da pintora mexicana Frida Kahlo e do muralista Diego Rivera chega sequer próximo ao convencional – nem pelos padrões de hoje e muito menos pelos que reagiam à sociedade nos anos 1930, quando eram casados. Os artistas viviam um ‘relacionamento aberto’, em que ele colecionava amantes e ela podia expressar a bissexualidade com o consentimento do marido, que tinha restrições quanto ao sexo masculino. A despeito deste tipo de abertura, havia momentos de traição de ambas as partes e, com elas, brigas homéricas e reconciliações espetaculares. Casados em 1929, Frida e Diego se separaram no fim daquela década – entre 1937 e 1939 ela hospedou Leon Trotski – e voltaram a viver juntos em 1940 até a morte da artista, em 1954.
É a partir deste reencontro que se desenvolve o texto de Frida y Diego, escrito por Maria Adelaide Amaral – a primeira autoral em dez anos – que tem como protagonistas Leona Cavalli e José Rubens Chachá, dirigidos por Eduardo Figueiredo, em cartaz no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, até 14 de dezembro. As entradas custam de R$ 30 a R$ 80 e podem ser compradas no Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com).
Feliz com a boa recepção do público no fim de semana de estreia, Leona Cavalli conversou com o Diário sobre a emoção de viver Frida. “O desafio e a beleza do personagem são o fato de ter realmente existido e de tê-lo feito de forma grandiosa. Ela influenciou – e ainda influencia – o mundo em tantos aspectos, que vão além da artes plásticas. Inspira na moda, estética, atitudes, escolhas políticas, ações humanitárias e até na coragem de enfrentar os problemas de saúde”, descreve Leona, referindo-se ao fato de que Frida teve poliomielite aos 5 anos e, aos 16, um acidente de bonde quebrou sua coluna em 11 lugares, estilhaçou sua perna e atingiu seu abdome, o que fez a artista passar a vida lidando com dores extremas.
Mas foram os meses hospitalizada que fizeram com que ela se interessasse por pintura. “Frida dá uma lição de autossuperação e traduz isso na arte. Tinha preocupação humanitária, era pacifista, bondosa, mas falava o que pensava. Tinha posições fortes e desafiadoras”, descreve a atriz. Após ausência de nove anos, Leona volta aos palcos paulistanos. “O que também impressiona é que a maioria das falas é real, de cartas que Maria Adelaide pesquisou.”
A caracterização dos atores tem assinatura de Marcio Vinicius, que é responsável pela cenografia, figurinos e adereços. A direção musical é de Guga Stroeter e Matias Capovilla e traz os músicos Wilson Feitosa Jr., no acordeon e Mauro Domenech no baixo acústico. “Diego Rivera era um grande festeiro e a música no palco reforça a passionalidade da relação deles”, diz o diretor Eduardo Figueiredo.
Frida y Diego – Drama. Teatro Raul Cortez – Rua Plínio Barreto, 285. São Paulo. Tel: (11) 3254-1631. Sex, às 21h30, sáb, às 21h e dom, às 19h. Ingr: R$ 60 (sex), R$ 80 (sáb) e R$ 70 (dom). Até 14/12.
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