Resultado de exames de africano com suspeita da doença no Brasil deverá sair hoje
O resultado do exame que deverá confirmar ou não a suspeita do primeiro caso de infecção por Ebola no paciente de 47 anos que segue internado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ficará pronto hoje. Apesar disso, especialista ouvido pelo Diário considera pequena a chance de o comerciante africano Souleymane Bah estar infectado pelo vírus.
De acordo com o professor responsável pela disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, Hélio Vasconcellos Lopes, a probabilidade maior é de o paciente estar com algum tipo de gripe ou doenças como malária e dengue, tendo em vista os sintomas semelhantes. “Ele (Souleymane Bah) chegou no Brasil há quase 21 dias e só agora começou a apresentar os sintomas. O risco é pequeno”, destaca.
A fala do especialista leva em conta o fato de o vírus do Ebola ficar encubado no paciente por até 21 dias. O africano embarcou de Guiné, na África, para o Brasil no dia 18 de setembro, com escala em Marrocos. Ele chegou ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, no dia 19 do mês passado, de onde seguiu para Cascavel, no Paraná.
O paciente procurou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Brasília 2, em Cascavel, na quinta-feira, e embarcou para o Rio na madrugada de ontem. Porém, exames anteriores à internação apontaram anemia e infecção viral aguda.
Em coletiva de imprensa realizada ontem, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que o paciente não apresentou nenhum sintoma da doença – febre, diarreia ou hemorragia –, mas que o caso é considerado suspeito devido aos demais elementos. Chioro afirmou ainda que 64 pessoas tiveram algum tipo de contato com o africano. Por isso, as equipes de investigação vão acompanhar o estado de saúde destes indivíduos.
De acordo com o ministro, a situação está sob controle tendo em vista que o isolamento foi feito de forma adequada e “100% do que estava previsto no protocolo foi cumprido”, afirmou.
O vírus do Ebola foi descoberto em 1976 na África e, desde então, vários surtos da doença aconteceram no continente. Desta vez, no entanto, o alto número de casos de infecção e morte em decorrência do problema causa preocupação em todo o mundo. Até o momento foram registrados cerca de 8.000 casos e quase 4.000 óbitos em três países da África ocidental: Guiné, Serra Leoa e Libéria.
“As taxas de mortalidade são altíssimas – de seis a sete mortes para cada dez casos – e ainda não temos medicamentos específicos para tratar esse vírus”, esclarece Lopes. De acordo com o especialista, apesar de estar longe do Brasil, o risco de que o surto da doença chegue ao País existe. “Agora não temos motivo para nos preocupar. A população não tem o que fazer. Cabe aos governantes promover o controle clínico dos passageiros que desembarcam no País vindos de locais em que há o problema.” (com Estadão Conteúdo)
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