Anunciado como reforço de peso ao primeiro escalão de Mauá há dois meses, o ex-vice-prefeito Márcio Chaves (PT) ainda não deu o ar da graça na Arsae (Agência Reguladora de Serviços de Água e Esgoto). O próprio prefeito Oswaldo Dias (PT) foi quem anunciou no dia 14 de março que o companheiro assumiria a superintendência da autarquia. Sessenta e dois dias depois, a negociação se transformou em novela recheada de mistérios. Ninguém sabe onde Márcio está.

No dia 21 de março, o chefe do Executivo concedeu 30 dias para Márcio Chaves encerrar trabalhos de consultoria empresarial antes de retornar ao governo - ele foi vice-prefeito de 1997 a 2004, período dos dois primeiros mandatos de Oswaldo à frente do Paço.

Após o prazo expirar, o prefeito encontrou dificuldades em contatar o correligionário. No fim de abril, chegou a recorrer ao prefeito de Votorantim (cidade na qual Márcio prestava serviços), Carlos Pivetta (PT), para colher informações sobre o paradeiro do colega. Desde então, as negociações travaram e a nomeação de Márcio na Arsae virou motivo de piada em Mauá (leia reportagem ao lado).

Questionada sobre o sumiço do companheiro, a bancada de vereadores do PT mostrou o desconforto sobre a situação através de sorrisos amarelos. Dario Duarte Coelho e Marcelo Oliveira evitaram comentários aprofundados sobre o assunto, alegando não terem muito contato com Márcio Chaves. "Para mim, se ele voltar, será tranquilo", limitou-se a dizer Marcelo.

Enquanto isso, o superintendente da Arsae, José Carlos Soares do Carmo, está intranquilo no cargo. Sob a sombra de ser substituído a qualquer momento, não escondeu o incômodo com a situação. "Não vou me pronunciar sobre o que vem sendo mencionado. Procure a (Secretaria de) Comunicação", indicou, sem deixar de ressaltar que permanece na função até "segunda ordem de Oswaldo" - circula nos corredores do poder que José Carlos pediu desligamento do primeiro escalão por enfrentar problemas de saúde.

A Prefeitura confirmou que há negociação em curso entre Oswaldo Dias e Márcio Chaves, mas sem previsão de desfecho. O comunicado apontou ainda que, independentemente do tempo, a volta do EX-vice-prefeito para o governo se tornou incerta nas últimas semanas.

Sumiço e anúncio precipitado viram piada na oposição

O sumiço de Márcio Chaves do cenário político de Mauá, mesmo após ter sido anunciado por Oswaldo Dias como o novo superintendente da Arsae, virou motivo de piada entre os oposicionistas, que exploram o caso para mostrar o ‘mico' da jogada até agora frustrada do prefeito.

O vereador Manoel Lopes (DEM) parabenizou o ex-vice-prefeito "pela capacidade em recusar o convite para assumir a autarquia". "Desta forma ele prova para o Oswaldo que é um dos quadros mais inteligentes do PT", elogiou, em tom irônico. "Você acha que ele vai pegar esse abacaxi?", questionou.

Márcio foi o candidato a prefeito do PT em 2004, vencendo o primeiro turno contra Leonel Damo (à época no PV), mas teve a candidatura cassada pela Justiça em virtude da exposição Túnel do Tempo.

A equipe do Diário tentou contatá-lo quase que diariamente nos últimos 30 dias. Na quinta-feira ele atendeu ao telefonema dizendo que estava em uma reunião de trabalho e pediu para a reportagem retornar mais tarde. Depois disso, não atendeu nem retornou aos contatos.