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Custo de vida
Inflação da baixa renda é maior na região
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
19/06/2011 | 07:13
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As famílias com menor poder aquisitivo da região sofreram financeiramente neste ano. A inflação para elas foi maior do que à média nacional. Por aqui os produtos e serviços encareceram, em média, 4,02%. No mesmo período, o aumento dos preços para quem ganha menos no País foi de 3,97%. O problema é que o poder de compra dessa população caiu. E se já era apertado se alimentar, hoje está mais difícil.

Roseneide Sampaio Moreira mora em Santo André e é beneficiada com o Bolsa Família. Além de sustentar os dois filhos, divide o aluguel com sua irmã. O custo para ter um teto leva boa parte da renda das duas, cerca de R$ 800. "E juntando com água, luz e telefone, chega a R$ 1.100", desabafa.

Mãe de um garoto de quatro anos e de uma estudante de 15 anos, Roseneide sofre para levar comida para casa. Com mais de 70% de sua renda comprometida com habitação, cabe a ela arrumar alguns bicos para complementar a renda. Mas sabe que não pode faltar comida no prato dos filhos, pois é o pilar para que sua filha alcance seu objetivo profissional. "Se não me engano, ela quer trabalhar em escritório", disse.

A alimentação é gasto fundamental para a população de baixa renda, afirmou o professor de macroeconomia da FMU Edmilson da Silva Costa. E a inflação dos alimentos para as famílias com renda mensal de até R$ 1.362,50, em São Paulo, foi de 3,35% neste ano. A revelação é do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Os dados são de recorte exclusivo, para a equipe do Diário, do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1.

 

PESQUISA - No Grande ABC, as famílias das classes de consumo D e E têm renda média mensal de até R$ 1.215,14. A Pesquisa Socioeconômica da Universidade Municipal de São Caetano revela que, em fevereiro, esse grupo representava 4,6% da população da região.

Os preços no Grande ABC variam, normalmente, como na Capital. Reflexo da proximidade e, muitas vezes, da migração diária para trabalhar.

 

CONDUÇÃO - A maior elevação de preços, ante a média nacional, para os moradores de baixa renda da região neste ano foi nos transportes. O levantamento do Ibre/FGV aponta alta de 10,76%. Portanto famílias que utilizam transporte público e gastavam R$ 200 até o fim de 2010, passaram a pagar cerca de R$ 221,52. Este acréscimo de R$ 21,52 parece pouco, mas faz falta na hora de comprar comida.

Moradora de Ribeirão Pires, Giselda Bezerra de Sá compra apenas os alimentos básicos. Ela conta com o auxílio alimentar dos amigos da igreja que freqüenta. Sua fonte de renda é o Bolsa Família. Para Giselda, as pequenas quantias valem muito. "Com R$ 20 a menos faria muita falta na hora de comprar comida", frisou.

 

MENOR IMPACTO - Quem ganha mais sofre menos com a inflação. Isso é comprovado pelos indicadores de preços do País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística, capta a inflação das famílias brasileiras com renda entre um e 40 salários-mínimos.

E para esse grupo, os produtos e serviços encareceram, em média, 3,72%. Para a parcela paulista dessa população, a inflação foi de 3,83%.

Por outro lado, os domicílios com renda de até 2,5 salários-mínimos, no País, tiveram inflação de 3,97%. Os dados são do IPC-C1 do Ibre/FGV. Portanto, acima do encarecimento para as famílias com renda de até 40 salários mínimos do IBGE. E em São Paulo, o IPC-C1 captou inflação de 4,02% no acumulado do ano.

O professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite destacou que os alimentos e transportes são os vilões do bolso dos consumidores de baixa renda. "O peso de alimentos e transportes é maior para quem ganha menos. E justamente esses itens tiveram alta relevante nos preços", explicou.




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