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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Morte de irmãos ainda assombra

Casa onde, há um ano, duas crianças foram mortas pelo pai e madrasta em Ribeirão Pires ainda está abandonada

Evandro Enoshita
Do Diário do Grande ABC
05/09/2009 | 08:35
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Exatamente um ano após a morte brutal dos irmãos Igor Giovanni, 12 anos, e João Victor Rodrigues, 13, a casa em que a família vivia, na Rua Cesário Mota, Vila Aurora, em Ribeirão Pires, permanece vazia. O cenário de abandono só foi amenizado porque os vizinhos pintaram a fachada do imóvel, que havia sido pichado após o crime.

A reforma foi feita sem que o dono da residência, que era alugada pela família, fosse comunicado. Desde a época do crime, ninguém consegue localizá-lo, afirmam vizinhos.

Os irmãos foram mortos e depois esquartejados. O pai deles, Alexandre Rodrigues, 42 anos, e a madrasta, Eliane Rodrigues, 36, foram presos alguns dias depois acusados do crime.

Moradora do bairro há 32 anos, a aposentada Lidia Pavani, 76, diz que até hoje sente-se incomodada pela lembrança do assassinato. "Fiquei chocada quando soube o que aconteceu. Algumas vezes parece que eles estão rondando pela casa."

Outra vizinha, a educadora Kátia Oliveira dos Santos, 45, destacou que o local continua a receber visitas inusitadas. "Sempre vem uns curiosos querendo saber se foi aqui que as duas crianças foram assassinadas. Algumas pessoas inclusive perguntam se a casa da família está disponível para locação."

No colégio em que os meninos estudavam, a Escola Estadual Dom José Gaspar, os professores evitam ao máximo discutir o assunto, mas a morte dos colegas de classe ainda continua bem viva na memória dos estudantes.

De acordo com a diretora da unidade, Fátima de Carvalho, em diversas ocasiões as crianças lembram do crime.

"Os alunos ficaram muito abalados. Perguntam se os suspeitos já foram julgados, e mostram estar indignados pelo fato de eles não terem recebido proteção de quem deveria ter zelado pelo bem-estar deles. Algumas crianças até chegam a chorar", descreveu Fátima.

Enquanto ela falava, um grupo de jovens cercou a reportagem do Diário. Eram antigos colegas de classe dos dois meninos, que os descreveram como "crianças normais e quietas".

Em memória dos irmãos assassinados, está marcada para às 16h de hoje missa na Igreja Matriz da cidade.

O túmulo dos dois irmãos, no Cemitério São José, em Ribeirão Pires, é um jazigo simples coberto por azulejos. O local não tem placas de identificação. Os funcionários do cemitério se apressam em informar que as duas folhas de papel sulfite com os nomes dos irmãos foram confeccionadas por eles próprios.

Julgamento sem data para acontecer

Ainda não existe previsão para que os suspeitos de terem cometido o crime sejam levados a júri popular. O pai, Alexandre Rodrigues, 42 anos, e a madrasta, Eliane Rodrigues, 36, estão detidos no Presídio de Tremembé.

Ambos são acusados de terem sufocado, queimado e esquartejado as crianças, para então espalhar os despojos por diferentes partes da Vila Aurora, bairro onde vivia a família.

Em agosto, o advogado de Eliane, Ravel de Gani Gola, entrou com recurso junto ao Tribunal de Justiça do Estado, com o objetivo de derrubar a decisão da 2ª Vara Judicial de Ribeirão Pires de levar o casal a julgamento público.

Caso sejam considerados culpados pelos crimes de duplo homicídio e ocultação de cadáver, eles poderão ser condenados a até 30 anos de detenção.

O CASO - Na madrugada do dia 6 de setembro de 2008, um lixeiro notou parte do corpo de um dos garotos no momento em que iria compactar os sacos de lixo no caminhão.

A polícia, então, suspeitou que os restos mortais fossem de dois garotos que três dias antes haviam buscado auxílio junto à Guarda Civil Municipal, mas foram encaminhados novamente à família.

Chegando à residência ainda na madrugada do dia 6, a polícia encontrou marcas de sangue e fogo no quintal. Presa na madrugada do mesmo dia, a madrasta alegou que somente ensacou os corpos. Alexandre foi detido na manhã do mesmo dia, e negou participação no assassinato.




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