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Domingo, 28 de Abril de 2024

Economia
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Trabalhadores 'antenados'
Mercado quer mais do que boa formação
Luciano Cruz
Thaís Pacheco
30/08/2009 | 07:00
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Procura-se profissional diplomado. São desejáveis qualidades atreladas à boa performance intelectual, interesse pela empresa, pró-atividade, facilidade de relacionamento e capacidade de inovação.

Este não é propriamente um anúncio-padrão, mas poderia ser, afinal é o que os empresários procuram nas pessoas que estão chegando ao mercado de trabalho. Mais que exigir qualidades, os executivos já buscam universidades para a interatividade necessária da empresa-escola à formação dos novos cidadãos.

Atenta aos novos tempos, a universidade hoje abre as portas para os dirigentes de empresas. A criação de conselhos consultivos é um desses caminhos para a integração.

"Eu busco competências relacionais, quero um profissional de visão ampla", define Antonio Mamede, presidente da Thyssenkrupp System Engineering.

Em sua organização, o profissional contratado precisa ter habilidades em gestão de pessoas e gestão estratégica. "As escolas ensinam o básico, mas eu quero mais, quero pessoas que venham pensar no futuro da empresa também".

Na ThyssenKrupp os chamados valores progressistas, como sustentabilidade e governança corporativa, estão incorporados. "E as escolas precisam formar alunos de corpo, mente e alma", completa o dirigente. Também atuando como professor universitário, ele conhece bem o outro lado. E defende a criação de Banco de Talentos nas universidades, a fim de motivar os melhores cérebros. Mamede sugere que escolas de administração, por exemplo, tenham a disciplina análise de empresas de ponta.

Novo profissional deve ter raciocínio rápido e informação

Recentemente discutiu-se muito a necessidade de o jornalista ser diplomado ou não, já que o Supremo Tribunal Federal derrubou sua obrigatoriedade. Em publicidade, a discussão é ainda mais antiga. Mas quem contrata não abre mão da formação universitária.

Na Plenarte, agência múltipla de comunicação, dos profissionais que chegam espera-se alta capacidade de comunicação e conhecimentos além dos bancos escolares, mas o diploma é fundamental. "A universidade capacita o jovem, subsidiando com técnicas necessárias ao desenvolvimento do trabalho", diz Anselmo Ferreira, presidente da empresa que atua no mercado há mais de 20 anos.

"Eu espero, acima de tudo, comprometimento com os objetivos da empresa, com a profissão e com as estratégias de atuação", destaca Marina Galvão , gerente de comunicação da Basf.

Defensora intransigente do diploma, esta publicitária de formação dá uma dica preciosa: o novo profissional deve ter rapidez de raciocínio e alto grau de informação.

INOVAÇÃO

O que o aluno pode inovar na empresa? Esta é uma das premissas na contratação de estagiários no Group SEB, revela Rinaldo Planca. Para o diretor de Logística da empresa, é imprescindível que o candidato tenha inglês fluente e capacidade de inovação.

"O que eu posso melhorar na companhia?", exemplifica Planca, ao comentar o que espera de alguém que chega.

MULTIFUNCIONAL

Um profissional multifuncional é o que procura o médico Rogério Mota, gestor do Hospital IFOR e sócio da Rmota Consultoria em Saúde quando seleciona alguém. "Procuramos profissionais que sejam generalistas e tenham não só conhecimentos técnicos específicos, mas também cultura, e principalmente facilidade de comunicação. Além disso, bom relacionamento interpessoal demonstrado por flexibilidade, sem perder a capacidade de ser assertivo, é indispensável".

Coordenador dos Cursos de Capacitação em Auditoria de Saúde da Associação Paulista de Medicina - Regional Santo André, Mota sugere que as universidades tenham conselhos consultivos para discutir a incorporação de modelos práticos e resolutivos aos conhecimentos acadêmicos e de pesquisas realizadas, "formando um profissional mais próximo do ideal da empregabilidade".

REDES SOCIAIS

Se as plataformas de comunicação migram para as redes sociais, é desejável que o candidato tenha grande relacionamento, pró-atividade, argumentação, embasamento cultural e saiba pesquisar.

Esta é a visão de Douglas Miquelof, coordenador de Projetos Especiais do Sistema Globo de Rádio. Em sua avaliação, um bom TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) já pode ser meio caminho andado.

Conselhos aproximam empresas e escolas

De um lado, empresas buscam profissionais altamente capacitados para o seu quadro de funcionários; de outro, universidades investem no formato que o mercado de trabalho deseja. Essa simbiose resulta no fator empregabilidade.

A USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), por exemplo, criou conselhos consultivos, reunindo professores e profissionais de mercado para saber exatamente de que forma atualizar o currículo escolar.

"A academia precisa de maior proximidade com aquelas pessoas que vão contratar os estudantes. Por meio dos conselhos a universidade ouve os executivos para saber mais, buscando conhecer melhor as expectativas do ambiente operativo dos profissionais que forma a cada ano", disse o pró-reitor de Extensão, Joaquim Celso Freire.

Na USCS foram criados conselhos consultivos de Administração e de Comunicação neste ano. "Já tivemos uma primeira reunião e a aceitação por parte dos profissionais foi nítida. Todos saíram satisfeitos, querendo contribuir e também surpresos ao ver a universidade com as portas abertas", comenta o pró-reitor, adiantando que até o fim de outubro todas as áreas da instituição deverão ter conselhos consultivos, que se reunirão uma vez por semestre.

NA PRÁTICA - O editor de vídeos Hermano Ramos, formado pela USCS em 2006, acredita que ações como essa facilitarão a inserção do jovem no mercado de trabalho. "Saí da faculdade trabalhando na área, e mesmo durante o curso percebia que muitos professores ou mesmo a grade da universidade estavam diretamente ligados com o que o mercado vinha pedindo. Acho que essa integração entre aluno, instituição e profissionais, se trabalhada com sinceridade, traz melhorias para todos os lados", atestou Ramos.




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