Estudiosos da área de economia indicam que o final do ciclo de poder norte-americano pode estar próximo.
Ex-diretor da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), coordenador internacional do programa de educação continuada da FGV (Fundação Getúlio Vargas), doutor pela Universidade de Chicago e professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Pedro Carvalho de Mello entende a crise como um dos sinais de decadência dentro de um grande ciclo de inovação.
"Essa crise é um dos sinais de derrocada dos Estados Unidos, mas não é suficiente para anunciar o fim do domínio norte-americano", afirma.
No entanto, Mello destaca que os números vindos dos EUA ainda não são negativos. "Crise à parte, os indicadores eram de crescimento. Não vejo a economia norte-americana indo para um buraco."
Roberto Gonzalez, professor da Trevisan Escola de Negócios, já vê nos colegas analistas a sensação de que uma nova formatação está por vir. "Tenho escutado muitas pessoas falando que os Estados Unidos já quebraram", afirma. No entanto, a postura norte-americana pode guardar surpresas. Segundo o especialista, "ninguém tem a real dimensão do tamanho da crise."
Para ele, pensar em uma derrocada final pode ser um exagero, mas a força do país certamente sairá dessa crise abalada. "Os Estados Unidos têm uma capacidade incrível de se ‘reerguer das cinzas'. Certamente a hegemonia econômica não será mais a mesma."
Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Economia da Fundação Santo André, por sua vez, não acredita em reposição de setores ou países. "Impérios sempre acabam através de um processo bélico. A hegemonia norte-americana, se acabar um dia, será através de um processo de guerra."
China pode ser o primeiro emergente a se destacar
Líder do chamado BRIC (grupo de países composto por Brasil, Rússia, Índia e China), a China é, atualmente, o país emergente com maior potencial de ascensão depois do resfriamento da crise.
Embora pareça inspirador para outras economias em desenvolvimento, Roberto Gonzalez entende a possível liderança mundial da China como uma verdadeira ameaça à "paz econômica e política" no planeta.
"Eu, particularmente, não quero a China precursora das relações econômicas internacionais", desabafa. Segundo o professor, o país não tem comprometimento com a democracia e com o multilateralismo nas negociações. "Trata-se de uma certa intransigência política. Eles não articulam com outros interesses, simplesmente decretam um plano econômico e acabou."
A União Européia, para o economista, seria a melhor candidata para o posto de liderança mundial. A presença de diversos pequenos países favorece a tomada de decisão em grupo. "A Europa sempre favoreceu os organismos multilaterais, está acostumada à discussão internacional", aponta.
CONTRAPONTO
Para Pedro Mello, professor da Esags, de Santo André, a China desponta no cenário econômico mundial, no entanto, é importante que o país diminua a sua taxa de crescimento.
"O pouco desenvolvimento do sistema financeiro chinês não surpotaria uma aceleração do crescimento", aponta, lembrando a fragilidade das instituições bancárias do país. "Essa crise vai ser marcante e provavelmente vai sinalizar uma mudança na posição chinesa dentro do contexto internacional."
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