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Sábado, 27 de Abril de 2024

Solo em companhia

Denise Fraga e Cláudia Mello interpretam duas mulheres
sozinhas em 'Chorinho, que tem sessões em S.Bernardo

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
31/01/2013 | 07:02
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Denise Fraga, quando foi até o seu guru artístico, Fauzi Arap, queria fazer um projeto, um texto solo, em que pudesse falar sobre o que chama de destreino ao convívio. Queria investigar em cena os motivos que levam as pessoas a se afastarem cada vez mais uma das outras, a contarem, no mundo virtual, com o que não existe e não está próximo. E perder, sistematicamente, o contato com o outro que está ao lado.

A atriz acabou levando para casa 'Chorinho', e ganhou uma amiga de cena, a atriz Cláudia Mello. A peça, que está em excursão pelo País, chega amanhã a São Bernardo para três apresentações no Teatro Lauro Gomes.

No palco, duas mulheres que vira e mexe se cruzam na mesma praça começam a conversar por insistência de uma delas, que é moradora de rua. A outra, uma aposentada solteirona que gosta de ir ao jardim conversar com as plantas, não quer dar muita atenção. Mas logo o inevitável - a presença das duas no mesmo espaço - se faz nítido. E nenhuma das duas consegue fugir do confronto com a outra e consigo mesma.

"Esse texto mostra como vivemos em trato hipócrita fingindo que o outro é invisível. As pessoas estão cada vez com menos disposição de dividir, fazer parte do coletivo", diz Denise, que acredita que nosso lado social está sendo nutrido pela ficção das redes sociais e pela ideia de que é muito mais prático resolver as coisas sem enfrentamento, do outro lado da tela.

"Conviver dói e sempre doeu. Requer sabedoria, jogo de cintura. O tempo inteiro é um equilibrar de pratos. O problema é que, não encarando isso, estamos perdendo o treino de saber lidar com as saias justas e as delicadezas que a vida real apresenta."

Cheia de humor, a peça, para a atriz, tem trunfo de falar de coisas sérias de maneira muito simples. "Eu acredito no humor, ele é um grande agente de reflexão, que amacia o terreno para elevar ao estado de percepção das ironias da vida. Gosto assim, de fazer a pessoa se divertir, pagar o ingresso para ir ao teatro se entreter, entrar no campo dos sonhos, mas, ao mesmo tempo, sair de lá com a pulga atrás da orelha."

Chorinho - Teatro. Amanhã e sáb., às 21h; e dom., às 19h. No Teatro Lauro Gomes - Rua Helena Jacquey, 171, São Bernardo. Tel.: 4368-3483. Ingr.: R$ 50 (antecipado até hoje) e R$ 60.




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