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Em 2015
Tarifa de energia elétrica deve subir até 30% em 2015

Falta de chuvas e pagamento de empréstimos pelas concessionárias do setor vão gerar repasse na conta de luz, preveem consultores

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
10/08/2014 | 07:27
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Banco de dados/DGABC


As tarifas de energia elétrica devem subir de 25% a 30% para o consumidor no ano que vem. É o que afirmam consultorias especializadas, com base no cenário atual do setor, por causa, entre outros fatores, da falta de chuvas que tem gerado aumento de custos para as distribuidoras, com a necessidade de acionamento das termelétricas. Com isso, as concessionárias foram obrigadas a contrair empréstimos junto a bancos públicos, para cobrir rombos no caixa, devido ao desequilíbrio entre receita e despesas.

A projeção de aumento é bem maior do que a calculada pelo Ministério das Minas e Energia que, há poucos dias, divulgou que, por causa do pagamento dos créditos – que já chegam a R$ 17,7 bilhões neste ano – a partir do ano que vem haverá alta de 2,6% na conta de luz, de 5,6% em 2016 e de 1,4% em 2017.

No entanto, especialistas afirmam que o percentual de reajuste previsto pelo governo leva em consideração apenas esses financiamentos, mas o desequíbrio no caixa das empresas elétricas reflete também outros problemas. Para o diretor da consultoria Trade Energy, Luiz Gameiro, foi uma série de erros, que começou com a Medida Provisória 579, que reduziu a conta de luz em 20%, no início de 2013, e antecipou a renovação de concessões do setor. Além disso, faltaram licitações de grandes usinas hidrelétricas, afirmou.

O gerente de operações da AES Eletropaulo, Rogério Jorge, que esteve na nessa semana em reunião na regional regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo para traçar um cenário do setor, explicou que, no fim de 2012 e início de 2013 houve cancelamento de leilões de energia. Com isso, as concessionárias foram obrigadas recorrer ao mercado livre – em que os preços da energia são negociados com as geradoras, incluindo as termelétricas, e pactuados livremente entre as partes.

“Houve uma exposição involuntária. Quando há contratos de longo prazo 100% garantidos, não há problema”, citou. A questão é que, com a falta de chuvas, as empresas do setor ficaram sujeitas a valores maiores. Gameiro acrescenta que a menor previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos analistas para 2014 – hoje de 0,86%, conforme o boletim Focus, do Banco Central – também impacta na receita das concessionárias.

Jorge não faz estimativa de índices para o ano que vem, mas avalia que, por causa do pagamento dos empréstimos do setor aos bancos, muito provavelmente os aumentos nas tarifas serão superiores à inflação. Com isso, a alta na conta deve superar 6% ao ano – de acordo com o Focus, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deverá encerrar 2014 em 6,39% ao ano.

EFEITOS - Consumidores e empresas já vêm sentindo os efeitos da crise no setor energético. Isso porque no mês passado houve reajuste de 18% na conta de luz para residências e indústrias. Para o diretor do departamento de infraestrutura do Ciesp de São Bernardo, Vanderley Demarqui, o aumento do insumo retira ainda mais a competitividade das fabricantes nacionais. “O cenário é desanimador, ficará cada vez mais difícil continuar com a atividade”, afirmou.

“Estamos vivendo um período crítico, por causa da falta de chuvas, mas também pela falta de planejamento da nossa matriz energética; temos usinas eólicas que não geram por falta de linhas de distribuição”, observou o dirigente.
 




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