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Neve ao Sul
Cada montanha, uma emoção

Em várias altitudes e latitudes, as estações de esqui argentinas mostram o que é que os Andes têm

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
03/07/2014 | 07:07
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Entre Brasil e Argentina, a rivalidade é algo inesgotável. Por isso, nacionais de ambos os países adotam a licença poética de comparar até o que é, por definição, incomparável: os mais de 8.000 quilômetros de praias de areia branca brasileiros com os 3.500 quilômetros entre Mendoza e Ushuaia, na borda dos Andes, que apresentam montanhas esquiáveis no inverno. Disputas ufanistas à parte, o fato é que há muito para descobrir no país dos hermanos.
A estação mais ao Norte é a de Los Penitentes, que fica a apenas 160 quilômetros de Mendoza, capital da província de mesmo nome. Famosa por sua arquitetura planejada, a cidade é um importante centro de comercialização de vinho e azeite, itens produzidos com excelência naquela região e que são motivo mais do que suficiente para uma parada no município antes das aventuras na neve.
Depois de percorrer a paisagem árida que cerca Mendoza, conforme a estrada galga as montanhas, tudo em volta muda com o súbito aumento de altitude – a área da estação de Los Penitentes fica entre 2.500 e 3.200 metros de altitude. Depois de algumas curvas, dá para entender o nome dramático da estação de esqui: formações rochosas se parecem com pessoas em atitude de penitência. Realmente, só uma razão geográfica tão pungente seria capaz de compensar o nome nada marqueteiro do lugar, que foi inaugurado em 1979.
O fato é que não há penitência alguma por ali. As paisagens são fantásticas e a comida inspira o pecado. Já a neve é coisa dos céus. Como o clima da região é árido, os flocos se mantêm bem soltinhos e formam o que os esquiadores chamam de powder snow, ou neve em pó. O resultado é que é quase como deslizar sobre maisena em 20 pistas para todos os níveis de habilidade.
Mais ao Sul, a 450 quilômetros de Mendoza e a 1.200 de Buenos Aires, fica Las Leñas, que tem como melhor acesso para quem vai de avião o aeroporto de Malargue, a 77 quilômetros da estação – ou seja, a cerca de uma hora das pistas. Com a maior altitude entre as estações de esqui andinas, as pistas de Las Leñas apresentam um desnível de 1.200 metros. Os pontos mais altos da estação ficam a mais de 3.400 metros de altitude e os mais baixos, a cerca de 2.200 metros do nível do mar. Ou seja, quem planeja ir a Las Leñas deve prever um tempo de aclimatação ao ar rarefeito para chegar à condição física ideal para a prática de exercícios físicos intensos. Mas há compensações: a altitude, combinada ao clima muito seco, faz com que a neve seja em pó.
A partir destas condições naturais privilegiadas, surgiu o conceito moderno de resort de esqui voltado para o conforto de um público-alvo sofisticado. Inaugurado em 1983, hoje possui 29 pistas que são acessadas por 14 meios de elevação.
Uma curiosidade é que a soma das pistas Apolo, Neptuno e Venus resulta em uma única pista com 7.050 metros. Mas, para quem tem energia inesgotável, há a opção de esqui noturno em cerca de 2.000 metros de vias iluminadas.
Para o caso de a meteorologia dar uma rasteira em quem apostou nas férias em Las Leñas, a estação aciona a fabricação de neve em 30 canhões espalhados pelas pistas. Neste ano a novidade fica por conta da inauguração de um hostel, que cobra US$ 30 (cerca de R$ 66) por noite e que vai facilitar o acesso aos jovens (em idade, espírito ou condições financeiras) à pratica dos esportes de neve.
Mas o forte mesmo por lá são as acomodações luxuosas de hotéis quatro ou cinco estrelas com todo tipo de mimo que alguém pode desejar. Como está entre os destinos de neve prediletos dos brasileiros, durante a temporada muitas operadoras fazem fretamentos partindo de São Paulo direto para lá.

CAVIAHUE
A próxima parada para o esquiador no sentido Sul é o centro de esqui Caviahue, que fica no pé do vulcão de mesmo nome. Além da beleza do lugar, que combina bosques lagos e rios, o local possui a magia das águas termais, ideais para aliviar a musculatura depois do esporte. Há 20 pistas, em altitude moderada de 1.600 metros.
Outra vantagem do lugar é ter uma das temporadas mais longas do país. Embora não esteja entre os nomes mais conhecidos e badalados entre os turistas brasileiros, essa região merece atenção.

CHAPELCO
A apenas 20 quilômetros de San Martin de Los Andes, na província de Neuquen, Chapelco encabeça a lista de preferência dos esquiadores devido à variedade de pistas. São mais de 20 espalhadas por 140 hectares esquiáveis que, além de meios de elevação modernos e todas as variantes de esportes de neve, oferece lindos panoramas com bosques e a visão do lago Lácar que banha San Martin, onde fica a hospedagem. A altitude por ali gira em torno dos 2.000 metros, o que ajuda na ambientação Para chegar lá o ideal é voar de Buenos Aires para San Martin.
Uma das formas de acessar Chapelco é indo de carro de Bariloche, que também serve de base para explorar Cerro Bayo, uma estação de esqui que fica a 85 quilômetros do centro de Bariloche, junto à Villa La Angustura, charmoso vilarejo com jeito alpino.
Cerro Bayo tem a seu favor um desnível de 700 metros e a bela vista do lago Nahuel Huapi. São 22 pistas com 12 meios de elevação. Entretanto, em termos de estrutura para o esquiador, nada se compara a Cerro Catedral, a 20 quilômetros de San Carlos de Bariloche. São 53 pistas bem sinalizadas espalhadas em 600 hectares e que apresentam desnível que chega a quase 1.000 metros.

LA HOYA
A mais antiga estação de esqui na Argentina é, de fato, um capítulo à parte. La Hoya fica na província de Chubut, junto da cidade de Esquel (que tem aeroporto com serviço vindo de Buenos Aires) e costuma apresentar neve excelente desde o começo de junho. Com altitude máxima de 2.050 metros e base a 1.350 metros, apresenta 24 pistas e um cenário belíssimo no entorno.

CERRO CASTOR
Localizado quase no fim do mundo, a 26 quilômetros da cidade mais austral do continente (Ushuaia), Cerro Castor vem conquistando cada vez mais fãs entre os esquiadores por combinar circunstâncias únicas e estar a apenas um pulo da Antártica. Sua temporada de esqui é a mais longa do continente, com boas condições de neve. A variação do cume à base é de quase 800 metros, que são explorados por 26 pistas para todos os níveis de dificuldade. Outra vantagem da estação é que ela fica a apenas 200 metros de altitude, o que elimina a necessidade de aclimatação para quem quer suar sobre a neve.  




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