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Sábado, 27 de Abril de 2024

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Previdência
Na região, 60% dos
aposentados trabalham

Aproximadamente 159,4 mil querem manter padrão
de vida ou tem de pagar o convênio ou os remédios

Soraia Abreu Pedrozo
06/06/2014 | 07:27
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Andréa Iseki/DGABC


Aumentou a quantidade de aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) da região que tiveram de voltar ao mercado de trabalho após ‘pendurarem as chuteiras’. Em 2013, eram cerca de 50% dos beneficiários da Previdência Social. Neste ano, o número foi engordado em dez pontos percentuais, para 60%. As estimativas são da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC.

Em outras palavras, aproximadamente 159,4 mil, dos 265,7 mil aposentados, precisam continuar trabalhando, seja para manter o padrão de vida ou para dar conta de pagar o convênio médico ou os remédios. Dados do INSS mostram que a média dos benefícios nas sete cidades é de R$ 1.432 – hoje, quase o equivalente a dois salários-mínimos, de R$ 724.

Segundo o diretor de políticas sociais da entidade, Luís Antonio Ferreira Rodrigues, o volume de aposentados que seguem trabalhando é crescente, mas não para pagar luxos, por necessidade. “Com essa política de reajustes, os governantes forçam os aposentados a trabalharem até o fim da vida. Quem ganha acima do piso recebeu correção, neste ano, de 5,56%, enquanto tudo o que o aposentado precisa comprar subiu mais, como remédios, plano de saúde e comida. Com isso, a tendência é que cada vez mais aposentados voltem a trabalhar”, diz.

Dados do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que corrige a aposentadoria, mostram que, na Região Metropolitana, em 2013, a inflação dos alimentos subiu 8,26%, enquanto a dos convênios, 7,83%. Os medicamentos, na média, encareceram 4,53%. “No ano passado tivemos três aumentos e, neste ano, mais um”, afirma Rodrigues, referindo-se ao reajuste de 5,68% em março.

De acordo com o presidente do conselho de administração da Mongeral Aegon, Nilton Molina, 80% de tudo o que uma pessoa gasta com Saúde estão concentrados nos seus últimos três anos de vida. “A solução para ter recursos para arcar com esses gastos é poupar ao longo da vida. O problema é que no Brasil existe muito estímulo para comprar e zero para poupar.”

Com o aumento da longevidade, salienta Molina, é ainda mais importante planejar a aposentadoria, e complementar o benefício. Hoje, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida é de 74,6 anos. “O problema é que essa estimativa é válida para quem nasce hoje, e não para quem tem 50 e poucos anos. Mas o INSS a leva em conta para calcular o benefício e, com isso, as pessoas têm de ficar mais tempo no mercado de trabalho ou receber menos para se aposentar”, completa Rodrigues.

Embora já seja aposentada há quase quatro anos, a são-caetanense Irene Jusinskas, 53 anos, se preocupa com a questão da longevidade. “Só com a aposentadoria não dá para pagar as contas, ainda mais pelo fato de, a cada ano, o governo arrochar mais os ganhos. Quando me aposentei, foi por medo de mudanças nas regras da Previdência, como o aumento da idade mínima, por exemplo”, diz.

A administradora, que perdeu o emprego em abril, está em busca de vaga na área de logística, na qual sempre atuou. Pelo fato de ter guardado dinheiro, está conseguindo se manter por ora, mas, com preocupações. “Não posso parar de trabalhar agora. Tenho uma filha de 10 anos, a qual preciso sustentar e educar. Além disso, ajudo a minha mãe, que é pensionista, a comprar remédios. Há 35 anos ela recebia o equivalente a nove salários-mínimos. Hoje, ganha um e meio.”

LEVANTAMENTO - Pesquisa mundial da Aegon, que entrevistou 16 mil pessoas em 15 países, mostra que, a cada dez entrevistados, sete pretendem continuar trabalhando. No entanto, 30% esperam pegar mais leve, atuando com contratos temporários ou por meio período, mas só por mais um tempo, enquanto 21% querem seguir deste modo sem prazo definido, em atividade remunerada, e 16% pretendem continuar no mesmo ritmo. Cerca de 24% acreditam que vão parar imediatamente após ‘pendurar as chuteiras’ – mesmo percentual que nos Estados Unidos. Para se ter ideia, na Espanha e na França, a quantidade sobe para 52% e 51%, respectivamente.

Adolfino Rodrigues de Oliveira, encarregado de manutenção, 60, e morador de São Caetano, segue no mesmo emprego há 20 anos, embora esteja aposentado há seis. “Optei por continuar por me achar muito novo para parar de trabalhar. Sem contar que na parte financeira ajuda muito. Consegui terminar a casa e ajudar os meus filhos a se formarem.”

Oliveira, no entanto, economiza dinheiro pensando no dia em que sair do emprego. “Em breve vou querer curtir mais a vida, tocar viola e, se voltar a trabalhar, fazer algo mais light.”
 




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