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Sábado, 27 de Abril de 2024

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Entrevista
Kiko critica atuação da bancada do Grande ABC
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
18/05/2014 | 07:26
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Marina Brandão/DGABC


Pré-candidato a deputado federal, o ex-prefeito de Rio Grande da Serra Adler Kiko Teixeira (PSC) não pestaneja na hora de avaliar a atuação da bancada de deputados federais pela região. “Falta predisposição em se apropriar pelas brigas regionais”, avalia o social-cristão, em entrevista exclusiva ao Diário, referindo-se ao trabalho dos parlamentares William Dib (PSDB-São Bernardo), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-São Bernardo), Helcio Silva (PT-Mauá) e Vanderlei Siraque (PT-Santo André).

Ex-tucano, Kiko conta como escolheu o PSC, exalta parceria com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas não esconde descontentamento com o lançamento da candidatura do vereador de Diadema Márcio da Farmácia (PV) à briga por cadeira na Câmara Federal.

“Sempre que estive com o Lauro e ele me disse que eu seria candidato dele. De hora para outra, ele mudou de opinião. Não sei o que aconteceu, verdadeiramente”, diz, lembrando do compromisso declarado pelo prefeito diademense Lauro Michels (PV) até o ano passado.

Kiko também comenta sobre a parceria de seu aliado político Orlando Morando (PSDB) com o deputado estadual Alex Manente (PPS) – tucano e popular-socialista firmaram dobrada em São Caetano, com Morando disputando reeleição à Assembleia Legislativa e Alex, pela primeira vez, tentando ser deputado federal. A parceria foi ampliada ontem para São Bernado, onde três vereadores e um suplente anunciaram adesão ao projeto conjunto dos parlamentares (leia mais na página 5). O social-cristão consente que não tem como controlar apoios da região que endossem a aliança.

O ex-prefeito de Rio Grande também deixa em aberto possibilidade em concorrer à Prefeitura de Ribeirão Pires.

Será sua primeira campanha fora do PSDB. Como tem sido esse processo de adaptação no novo partido?
Minha saída do PSDB foi tranquila. Conversei com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), expus minha vontade de ser candidato a deputado federal e disse que teria de respeitar algumas coisas. Uma delas foi respeitar o comprometimento que o governador teve comigo. A outra é o compromisso com o deputado Orlando Morando (PSDB), que sempre me ajudou. Existe a questão do quociente. No PSDB teria de brigar com pessoas de tamanho maior que eu e entrar na disputa desacreditado é muito ruim.

Qual linha de corte que o PSDB trabalha e qual é a do PSC?
No PSDB, candidato com menos de 110 mil votos está fora. No PSC, temos puxador de votos, que é o Marco Feliciano, e outro que está na mídia, que é o Dr. Rey. Acredito que no PSC são 70 mil votos, mas é informação intuitiva porque depende do desempenho dos outros candidatos.

Em Rio Grande há tradição de dobradas com candidatos de fora e o cenário que se avista é candidatura única a deputado federal da cidade. Como o sr. interpreta isso?
Penso de forma bastante otimista. Não vejo só minha campanha como Rio Grande, é regional. Vejo Rio Grande como parte do Grande ABC. Quando vai candidato para lá e tem identidade com Rio Grande, temos de respeitar isso. Fico triste quando vejo candidato sem menor identidade, faz campanha sem compromisso com as pessoas de lá. Obviamente que gostaria que a pessoa me apoiasse, mas fico contente em vê-la apoiando candidato da região.

Seu ingresso no PV estava praticamente acertado, mas o sr. decidiu migrar para o PSC. Houve estremecimento com o PV?
Primeiramente teve essa posição do governador que seria caminho viável ir pelo PSC. Outras pessoas, analisando os números da outra eleição e de mudanças de candidatos do PV, me aconselharam também. Eu não senti segurança no PV, não me senti confortável de estar lá. Minha intuição se concretizou, graças a Deus. Se eu estivesse no PV, talvez não estaria conversando com as pessoas, concentrado em trazer aliados na pré-candidatura. Estaria preocupado se estaria ou não com legenda para disputar a eleição.

Como o sr. vê a candidatura do vereador Márcio da Farmácia (PV), de Diadema, a deputado federal?
Bastante natural. Contrariando até o PSDB, na campanha do Lauro eu fui lá, dei a cara a bater, fui parceiro no processo eleitoral. Fiquei um ano com ele (como chefe de Gabinete e assessor especial). Não medi esforços para que ele tivesse bom início de mandato. Fui leal. Se por outras razões entenderam que o Márcio seria candidato correto para medir força eleitoral, desejo sorte.

Houve falta de reciprocidade do Lauro ou de pessoas próximas a ele no governo de Diadema?
Sempre que estive com o Lauro e ele me disse que eu seria candidato dele. De hora para outra ele mudou de opinião. Não sei o que aconteceu, verdadeiramente. Mas respeito a decisão dele. Tenho dúvidas se será decisão acertada. Porque vai medir a força dele. Porque tem a candidatura do Mário Reali (ex-prefeito de Diadema pelo PT) e a do candidato apoiado pelo Lauro. É prévia, não sei até que ponto é salutar para o governo dele. A política é assim mesmo. Escolhe as pessoas com quem vai caminhar junto. Às vezes você escolhe as pessoas certas, às vezes não tem essa felicidade. Posso dormir tranquilo. O homem pode fugir de tudo, menos da consciência dele.

Sua estratégia eleitoral muda com a campanha do Márcio da Farmácia?
Graças a Deus tenho pessoas que ainda são leais ao nosso projeto, que não estão Câmara, na Prefeitura. E que têm independência para escolher o candidato independentemente de qualquer outra circunstância.

O sr. tem experiência no Legislativo, foi vereador, e do Executivo, prefeito por dois mandatos. O que lhe motiva a tentar retornar ao Poder Legislativo?
Tem muita coisa que o deputado pode interagir. Em órgão colegiado nem sempre nossa vontade prevalece. Mas deputados federais têm acesso a emendas. Pode trazer recursos para a região. Falta predisposição dos deputados lutarem por nossa região. Isso depende só do deputado.

Essa falta de predisposição falta a deputados da região desta atual legislatura também?
Dos que estão aí também. Falta predisposição em se apropriar das brigas regionais. Temos intenção de contribuir com isso. Vi as dificuldades que Rio Grande tem, por ser cidade pequena, de conseguir verbas do governo federal. Tive muita dificuldade. Como deputado posso ter voz ativa para conseguir essas coisas, para desburocratizar as coisas. Conseguimos muita coisa do governo do Estado, que também respeita a legislação federal, e conseguimos trazer recursos para Rio Grande da Serra porque é menos burocrático. Faltou fazer essa ponte.

Como o sr. viu a dobrada entre os deputados estaduais Orlando Morando (PSDB) e Alex Manente (PPS)? Pode atrapalhar sua campanha?
Minha relação com o Orlando está pautada na lealdade. Minha candidatura nasceu respeitando esse compromisso com o Orlando, até porque sou padrinho de casamento dele. Quando aconteceu essa junção de forças, por articulação do Fábio Palacio (PR) e do Beto Vidoski (do PSDB, ambos vereadores de São Caetano), das candidaturas do Orlando e do Alex, tive conversa franca com o Orlando. Essa dobrada era do Grande ABC inteiro? Ele foi franco, disse que era caso isolado em São Caetano e tinha comprometimento de me ajudar em São Bernardo, com pessoas mais próximas a ele, e que não mudava nada na nossa parceria. Vou me empenhar muito para que ele tenha boa votação em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra e acredito que ele terá comigo em São Bernardo. Em alguns lugares temos pessoas aliadas que estão predispostas a nos ajudar e não posso ceifar essas dobradas que ele venha a ter com o Alex, assim como posso ter dobradas em outras cidades que não seja em Ribeirão e Rio Grande. Disse ao Orlando que estava iniciando a pré-campanha como amigo e queria terminar como amigo.

Como o sr. vê pessoas comentando seu nome para ser candidato a prefeito de Ribeirão Pires em 2016?
Rio Grande e Ribeirão são próximas. As pessoas transitam nas cidades. Minha presença e boa avaliação do mandato fazem com que as pessoas tenham esse tipo de colocação. Para mim, Ribeirão Pires e Rio Grande têm lugar especial no coração. Tanto pela cidade quanto pelas pessoas. Tenho amigos nas duas cidades. Onde quer que esteja, vou lutar pelas duas cidades. Sempre foi assim. Não nego esse carinho. As pessoas pensam em 2016, mas estou muito focado em 2014.

É possível firmar compromisso de, se eleito para deputado federal, o sr. se abdica de concorrer à Prefeitura de Ribeirão Pires em 2016?
Minha campanha se desenha da seguinte maneira: titulares do mandato serão pessoas que apoiam. Não tenho comprometimento com segmento, nada que justifique tomar decisão pautada em qualquer interesse escuso. Minhas decisões e mandato – se acontecer – serão pautados por essas pessoas, que acreditam no projeto. E tem bastante gente de Ribeirão Pires nesse grupo. Acredito muito em grupo e em Ribeirão vou ouvir esse grupo. Cada coisa ao seu tempo.


Maranhão coordenará campanha

Prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB) será coordenador, em sua cidade e em Ribeirão Pires, da campanha de seu antecessor, Adler Kiko Teixeira (PSC), que tenta pela primeira vez vaga de deputado federal. Segundo o tucano, seu governo não será afetado pelo acúmulo de tarefas durante o pleito.

“Temos noites e fins de semana em que podemos trabalhar. O Kiko é nome conhecido na cidade, é o nome da cidade. E é honra ter missão dessas”, discorreu Maranhão, que foi secretário de Obras durante a gestão de Kiko em Rio Grande da Serra.

“Minha dívida com o Kiko transcende o carnê das Casas Bahia. Gastei quatro solas de sapato na minha campanha (para prefeito) e quero gastar oito na dele. É demonstração de gratidão, amizade e carinho que tenho por ele”, adicionou o tucano.

Além de base eleitoral em Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, Kiko aposta na aliança histórica com o deputado estadual Orlando Morando (PSDB) para arrebatar votos em São Bernardo e na parceria com Paulinho Serra (PSD) por inserção eleitoral em Santo André. O pessedista é secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos e foi liberado pelo prefeito Carlos Grana (PT) para trabalhar o nome do social-cristão na cidade.

Kiko estima também ter boa votação em Diadema, onde foi chefe de Gabinete do prefeito Lauro Michels (PV) e assessor especial durante 12 meses. 




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