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Financiamento de veículos tem queda de 3% no 1º trimestre

Rigor dos bancos e cautela dos consumidores colaboram para isso, justificam analistas

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
15/04/2014 | 07:07
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André Henriques/DGABC


A combinação de juros mais altos, elevação dos preços e perspectiva mais pessimista para a economia neste ano, entre outros fatores, colaborou para gerar retração nos financiamentos de veículos no primeiro trimestre deste ano, apontam especialistas.

A queda, ante igual período de 2013, foi de 3%, segundo dados da Cetip, entidade que opera o SNG (Sistema Nacional de Gravames), base de informações que reúne o cadastro das instituições financeiras referentes a veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. Foram 1,525 milhão de unidades vendidas a prazo ante 1,571 milhão de janeiro a março do ano passado.

A redução é mais expressiva na comparação mensal. Em março, foram financiados 462 mil veículos, 8% menos que em fevereiro e 14% abaixo do registrado no terceiro mês de 2013.

Segundo o consultor Julian Semple, da Carcon Automotive, um dos fatores é a elevação dos juros. De acordo com números da taxa média de crédito com recursos livres para pessoa física destinados à aquisição de veículos do Banco Central, estava em 19,47% ao ano em junho de 2013 e foi subindo gradualmente até atingir 23,64% em fevereiro (último dado disponível). Com a elevação dos juros, as parcelas ficam mais caras e as exigências dos bancos – por exemplo, de que a prestação não supere 30% de comprometimento da renda – restringem o número de contratos aprovados.

Por outro lado, a inadimplência vem em queda, o que aparentemente ajudaria a melhorar o volume de financiamento. Essa tendência se verifica ao longo dos últimos dois anos: em abril de 2012, o percentual de compradores com parcelas em atraso de 15 a 90 dias era 10,15%. Em fevereiro, chegou a 7,54%. Os atrasos superiores a 90 dias, atualmente, representam 5,1% dos recursos.

“O que tem acontecido é que os bancos estão mais rigorosos na concessão do crédito”, explica Semple. Dessa forma, só consumidores com maior potencial de honrar os pagamentos são aceitos, o que faz a taxa de inadimplência cair, segundo o consultor.

Além desses fatores, as expectativas dos consumidores em relação à economia pioraram, observa o professor de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato. “As pessoas estão mais preocupadas com o futuro”, cita. Isso, de acordo com ele, por causa do aumento da inflação e de outras questões: problemas de energia, de água e com a Petrobras, por exemplo.

NOVOS - Os autos leves (automóveis e comerciais leves) novos foram mais atingidos pela redução no financiamento. Neste caso, o recuo no primeiro trimestre foi de 5%, enquanto as compras parcelas de usados ficaram estáveis, no mesmo patamar do início de 2013, também de acordo com levantamento da Cetip.

Semple cita que contribui para isso o fato de os carros novos terem encarecido neste ano, por causa da diminuição do incentivo fiscal – o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis 1.0 passou de 2% para 3% – e pela exigência de os veículos saírem de fábrica com air bag e freio ABS. Com isso, os carros de entrada (mais populares) ficaram mais caros neste ano.

As vendas retraídas dos modelos zero, no entanto, podem gerar oportunidades de bons negócios aos consumidores nesse momento, já que há disposição das montadoras em fazer promoções para reduzir os estoques elevados, avalia Honorato. “Só não se pode empolgar muito, pois há tendência de elevação dos juros”, diz.
 




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