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Entenda a guerra civil na Síria
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
23/03/2014 | 07:00
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Reprodução


 Já faz três anos que os conflitos na Síria começaram. Até o momento, foram contabilizados, oficialmente, 100 mil mortos. A guerra civil que o país enfrenta eclodiu em março de 2011 na cidade de Deraa, quando adolescentes foram presos. Eles supostamente escreveram frases revolucionárias com ideais contrários ao atual governo do presidente Bashar al-Assad nas paredes de uma escola.

O uso de força militar para esmagar os opositores só intensificou os protestos. Em 2012, os combates chegaram à capital Damasco e à cidade Aleppo. Segundo Juliana Costa, professora de Relações Internacionais da Fecap e Doutoranda em Relações Internacionais na USP, o conflito ocorre entre duas etnias muçulmanas: os sunitas, a maioria da população, que pensa de forma contrária ao governo; e os alauítas, corresponde à minoria das pessoas (cerca de 10%), que apoíam o regime político atual.

Emir Sader, professor de pós-graduação de Políticas Públicas da UFRJ, explica que é comum que os países do Oriente Médio misturem religião com política. “O que está em jogo é a busca pelo poder. Eles colocam as crenças acima de tudo.” Além dos prejuízos econômicos causados pela guerra, as principais perdas são humanitárias, pois o número de refugiados cresce a cada dia e os países vizinhos não dão conta de recebê-los.

GOVERNO
A docente da Fecap explica que a Síria é uma república parlamentar, ou seja, o parlamento teria um papel ativo nas decisões do País. Entretanto, a partir da eleição de Hafez al-Assad, o regime foi se concentrando, cada vez mais, nas mãos do presidente, tanto que após a morte de Hafez quem assumiu o governo foi seu filho, Bashar al-Assad que teve seu nome confirmado pela população em um referendo em 2000.

“Com a Primavera Árabe (movimento que levou à democratização de alguns países árabes como o Egito e a Líbia) houve pressões sobre o regime de Assad e por uma maior participação da sociedade na vida política do país, chegando à aprovação de uma nova constituição que permitiria a participação de outros partidos, além do governo nas eleições para o legislativo. O conflito atual decorre exatamente dessa mudança.”

ARMA QUÍMICA
O Exército da Síria sempre teve um dos maiores estoques de armas químicas do mundo. Mesmo assim, o governo afirmou que seu arsenal tóxico era seguro e que nunca seria usado dentro do país, mas relatos de ataques com químicos começaram a surgir no começo de 2013, como o do dia 21 de agosto.

Na ocasião, mísseis com sarin foram disparados em diversos subúrbios de Ghouta, que fica na região rural ao redor de Damasco, matando algo entre 300 e 1.430 pessoas. A oposição e algumas potências ocidentais dizem que só o governo sírio teria capacidade de realizar este tipo de ataque. Assad culpou os rebeldes pelas mortes, mas em poucas semanas chegou a um acordo com os Estados Unidos e com a Rússia para remoção e destruição do seu arsenal químico.

OUTROS PAÍSES
Existem interesses de alguns países em intervir na guerra civil Síria. “Por ser vizinho, Israel sente-se ameaçado pelo conflito sírio e, com isso, recebe o apoio norte-americano, que deseja a queda de Bashar al-Assad para que seja substituído por um governo menos contrário às potências ocidentais”, diz Juliana Costa. A oposição, por se formada em sua grande maioria por sunitas, vem recebendo o apoio, além dos Estados Unidos, da Turquia, da Arábia Saudita, do Catar e da Grã-Bretanha.

“Já o governo recebe o apoio e assistência militar da Rússia e do Irã, por exemplo. No caso da Rússia é porque é grande fornecedora de armas do governo, além de possuir base naval no país. Além disso, assim como a China que não apóia qualquer tipo de intervenção externa na Síria, os russos defendem em sua política externa o princípio da não-intervenção nos assuntos internos, justamente porque temem que qualquer ação externa na guerra civil Síria abra precedente internacional para intervenções posteriores.”

BRASIL
De acordo com Juliana, a crise Síria não deve gerar grandes consequências para a economia brasileira, já que a relação comercial com a Síria é pouco relevante, não contribui com mais de 1% das nossas exportações. “Do ponto de vista da sociedade brasileira, apenas existe a questão dos imigrantes sírios que moram aqui, entretanto, o nosso relacionamento político com a Síria também é baixo, assim como o relacionamento do Brasil com boa parte do Oriente Médio. Outro exemplo é que o Brasil não enviou nenhum representante para a Conferência em Genebra que tratou sobre possível entendimento entre a oposição e o governo Sírio, mediada por EUA, União Europeia e Rússia, no início deste ano.”




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