Em meio à crise provocada por denúncias de corrupção, o governo foi derrotado nesta terça-feira em duas votações na Câmara, com a rejeição de medidas provisórias que tratavam da extinção da RFFSA (Rede Ferroviária Federal). A maior parte dos partidos da base votaram contra as MPs. O PT, o PL e o PTB ainda tentaram evitar a derrota, mas acabaram cedendo às pressões e permitindo a votação simbólica da proposta, do contrário a sessão seria encerrada por falta de quórum.

"A base quase toda votou contra. Não pode dizer que foi uma derrota do governo", afirmou o deputado Professor Luizinho (PT-Santo André).

O deputado petista afirmou que houve incompreensão da oposição, que queria apenas rejeitar a MP, e corporativismo da esquerda. Ele afirmou que o projeto do relator, Inaldo Leitão (PL-PB), dá garantias aos aposentados e aos funcionários da RFFSA e dá segurança ao patrimônio que resta da empresa.

"O Palácio do Planalto está achando um crime o que foi feito nesta noite. A curto prazo vão perceber como foram enganados", afirmou Luizinho.

Nas galerias do plenário, servidores ativos e inativos da RFFSA comemoraram a rejeição da MP com palavras de ordem e cantando o hino nacional.

O projeto do relator aumentava em 37 artigos a MP original do governo, incluindo partes de projetos de lei que tramitam na Câmara.

A MP extinguia a RFFSA, que está em processo de liquidação, aumentando estrutura do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes, da Advocacia Geral da União e do Ministério do Planejamento.

Antes da MP 246, que acabava com a rede, os deputados rejeitaram a MP 245, que previa os recursos para a extinção da RFFSA.

Por acordo, os deputados votaram ainda na noite desta terça-feira a medida provisória que prevê créditos extraordinários de R$ 586 milhões para equilibrar as finanças de diversos ministérios. Dessa vez, a MP foi aprovada.