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Mercado financeiro
Alta do dólar exerce influência nas expectativas do mercado financeiro

Boletim Focus aponta moeda norte-americana em 2013 a R$ 2,32 e IPCA em 5,80%

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
27/08/2013 | 07:10
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Da ABrr


Depois de uma semana em que o câmbio foi destaque na agenda econômica, o mercado financeiro elevou a maioria das previsões para os indicadores deste ano. Entre eles, o principal foi a expectativa para a cotação do dólar no fim de dezembro, que subiu de R$ 2,30 para R$ 2,32. Foi a terceira semana consecutiva de expansão nessa estimativa. Há um mês, estava em R$ 2,25. Até sexta-feira, a moeda norte-americana já acumulava alta de 16% frente ao real neste ano. Ontem, o dólar oficial encerrou o dia em R$ 2,38. As informações constam no boletim Focus, publicado pelo BC (Banco Central).

O novo desenho de cenário caiu exatamente na semana em que o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, decidirá em qual patamar ficará a taxa básica de juros, a Selic, pelos próximos 45 dias. A reunião será amanhã à noite. E, após sete semanas consecutivas prevendo Selic em 9,25% ao ano no fim de 2013, o mercado alterou a projeção para 9,50%. Atualmente, a taxa está em 8,5%.

Diretor executivo de estudos financeiros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira acredita que o Copom elevará a Selic para 9% nesta reunião. E, desta maneira, a poupança se tornará um investimento mais atrativo para aplicações de até R$ 50 mil, avalia.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o mercado sinaliza que deseja que os diretores do BC desliguem a economia, isso porque, “do jeito que está a administração federal, não é possível crescer de maneira sustentável”.

Sua argumentação vai de acordo com o posicionamento que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou na semana passada. O chefe da Pasta alterou a expectativa do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano de 3% para 2,5%. Esta foi a sexta vez que o governo reduziu a previsão. Na teoria, um aumento na Selic resfriaria o consumo, seguraria a inflação e, consequentemente, a geração de riqueza no País poderia ter uma desaceleração no crescimento.

O mercado também se posicionou. Segundo o Focus, as 100 instituições financeiras e empresas não-financeiras que contribuem para a formação da opinião listada no documento acreditam, na mediana agregada, que a atividade econômica aumentará 2,20% neste ano. Na semana passada, o percentual estava em 2,21%. Levando em consideração que o PIB de 2012 atingiu R$ 4,403 trilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a redução da expectativa de crescimento da ordem de 0,01% representa muito.

PREÇOS

Para a inflação oficial do País, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, o mercado se posicionou com leve pessimismo. Depois de uma curva com sentido de queda, os especialistas opinaram que o indicador acumulará incremento de 5,80% neste ano, contra 5,74% na semana anterior.

Para o professor de Economia da FSA (Fundação Santo André) Volney Gouveia, o Focus apontou, pela projeção da inflação, a preocupação com dois fatores. Um deles é a valorização do dólar frente ao real, que “sinaliza para uma pressão de custos”. De modo geral, não necessariamente de imediato. Quando as empresas elevam os gastos – após um estudo de mercado e concorrência –, elas acabam repassando a alta do dólar no preço final de seus produtos e serviços.

Também mostra a vontade do mercado financeiro por expansão na taxa de juros para um possível controle da variação média dos preços. “O aumento de juros é mais um aperitivo para o mercado financeiro”, disse. Gouveia entende que as famílias não perceberão rapidamente o freio no amento nos preços.

GASOLINA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que haja previsão de aumento dos combustíveis vendidos pela Petrobras. Segundo ele, não há alta prevista e a inflação está sob controle.

“A dona de casa pode ficar tranquila que (a inflação) está sob controle. Não permitiremos que haja grandes repasses (de preços) ou que haja contágio da questão cambial na inflação. Não é certo que a Petrobras tenha aumento. Não sei quem falou isso, não há decisão nenhuma a esse respeito, portanto, não há aumento previsto”, disse o ministro, após encontro com empresários.

No fim de janeiro, a Petrobras aumentou o preço da gasolina nas refinarias em 6,6%. Na época, conforme publicado no Diário, a expectativa de especialistas e representantes dos comerciantes de combustível na região era de que o consumidor teria um repasse entre 4% e 5% na bomba. Mantega previa 4%. Segundo dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o aumento médio no Grande ABC atingiu 3% entre janeiro e ontem, passando de R$ 2,59 por litro para R$ 2,67.

MOEDA

Quanto ao preço do dólar, Mantega ressaltou que, diferentemente do que ocorreu no ano passado, quando o governo tomou medidas para elevar o valor da moeda estrangeira, no momento, o mercado é que está sendo responsável pela desvalorização do real. No entanto, disse que caso o momento de alta da moeda perdure por muito tempo, o governo poderá agir nas tarifas de importação. “Temos de ver primeiro a duração (da alta do dólar). Pode durar um tempo curto e acabar. Se durar um tempo mais longo, veremos o que tem de ser feito.”


POUPANÇA

Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o BC (Banco Central) elevará a taxa Selic de 8,5% para 9% ao ano. Isso fará com que a caderneta de poupança se torne mais atrativa frente aos fundos de investimentos para aplicações de até R$ 50 mil.

Se chegar a 9%, a rentabilidade da poupança será de 6,17% ao ano, mais TR (Taxa Referencial). Hoje, como determinou o governo, quando a Selic está em 8,5% ou menor, a aplicação rende 70% da taxa básica de juros, portanto, registrava até ontem 5,95% ao ano.

Nas contas da Anefac, considerando o IR (Imposto de Renda) regressivo previsto por prazo, de 22,5% para resgate até seis meses e 15% para retiradas após dois anos, os fundos só teriam vantagem sobre a poupança se as instituições financeiras cobrarem menos de 0,50% de taxa de administração. Para a entidade, isso normalmente ocorre apenas para aplicações superiores a R$ 50 mil.


AÉREA

Para exemplificar o repasse do aumento dos custos em dólares para as empresas, o professor de Economia Volney Gouveia, da Fundação Santo André, utilizou como exemplo as companhias aéreas, que têm aproximadamente 60% do gastos na moeda norte-americana. “Eles gastam em média, de leasing, US$ 250 mil por mês por avião. Imagine um aumento cambial de 10%”, argumentou.

Segundo o especialista, duas das maiores empresas brasileiras do setor atualmente têm um custo médio anual de US$ 2 bilhões de leasing referentes às suas aeronaves.

“É claro que não é um repasse imediato. Mas imagine o quanto é, em dinheiro, uma valorização do câmbio”, disse. Pelo dólar oficial, divulgado pelo BC (Banco Central), ontem a moeda estava 16% superior à cotação do começo do ano.


PEQUENAS

A valorização do dólar frente ao real ainda não surtiu uma melhora para as pequenas e médias indústrias da região. A afirmação é do presidente da Associação das Empresas Metal-Mecânicas do Grande ABC e 1º vice-diretor do Ciesp (Centro da Indústria do Estado de São Paulo) de Santo André, Norberto Luiz Perella, que também é proprietário da empresa Ferkoda, de Mauá.

“Nas conversas que tenho com os meus pares (pequenas e médias fábricas localizadas no Grande ABC), não há comentários sobre uma melhora”, declarou Perella.

Segundo consta no boletim Focus, publicado ontem pelo BC (Banco Central), o mercado financeiro elevou a previsão para a produção industrial nacional neste ano. Segundo o documento, haverá alta de 2,11%. Na semana anterior, as estimativas direcionavam para 2,08%. No começo do ano, a projeção apontava para 3%.
 




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