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Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

Economia
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Telefonia
Celular substitui
telefone fixo nas
casas da região

Maior controle dos gastos, mobilidade, múltiplas funções e várias promoções seduzem as pessoas

Andréa Ciaffone
Diário do Grande ABC
19/05/2013 | 07:04
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Divulgação


Maior controle dos gastos, mobilidade e múltiplas tarefas fazem com que o celular tome diversos espaços na vida dos moradores da região, inclusive o outrora reservado ao telefone fixo. No Grande ABC, não só cada vez mais gente opta por não ter telefone fixo em casa e concentra sua comunicação no celular como também o percentual de residências que utilizam a telefonia móvel já ultrapassou as que contam com telefone fixo.  De acordo com dados do Inpes (Instituto de Pesquisas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), o telefone convencional perdeu terreno discretamente nos últimos dez anos, enquanto o móvel galopou em direção à liderança nas sete cidades. 
Em 2002, 90,8% das residências tinham telefone fixo e a presença do celular só existia em 56,1% dos lares. Em 2012, o percentual de fixos encolheu para 85,1% e o de celulares saltou para 93%. Vale notar que é cada vez mais comum que as pessoas adquiram duas ou mais linhas para aproveitar as promoções das operadoras que cobram tarifas atraentes para as ligações feitas para números dentro do seu sistema de operação.  NA PONTA DO LÁPIS  "Fiz as contas e acho que o celular compensa mais", diz Jamile Rigo, moradora de Santo André. Quando foi morar sozinha, ela mandou instalar um telefone fixo, mas não demorou para cancelar a linha. "Gastava cerca de R$ 100 por mês com o fixo e hoje, com três recargas de R$ 13, falo ilimitado com todo mundo graças às promoções das operadoras", conta Jamile, que tem um Claro para falar com a mãe e as irmãs, um TIM para se comunicar com a maior parte dos amigos e um Vivo especialmente para falar com uma amiga fiel à operadora. 
"Hoje em dia é raro encontrar alguém em casa, é mais prático ligar para o celular das pessoas. E se você se distrai e acaba ligando do fixo para celular, vai pagar muito mais caro", completa. A despeito da economia comprovada, Jamile diz que sua mãe fica insistindo para ela colocar um fixo em casa.  
OUTROS TEMPOSHá 20 anos, ter um telefone significava mais do que o acesso a um serviço. Era um símbolo de status. Além disso, ter uma linha telefônica era um investimento - naquele tempo não só as linhas podiam ser comercializadas por seus usuários como elas tinham preços diferenciados dependendo da raridade do serviço em uma determinada área. Nessa mesma época, ter um celular era sinal de sucesso financeiro, pois era tão caro, que só quem ganhava muito bem podia ostentar um aparelho e pagar pelo serviço. Mas, graças ao barateamento da tecnologia, o cenário se inverteu. "Hoje, as famílias de renda mais baixa têm o celular como telefone de casa já que, mesmo sem créditos, dá para receber ligações", lembra Leandro Prearo, da USCS. 
Graças a essa característica, apelidada pelas pessoas de celular ‘pai-de-santo' (aquele que só recebe), mesmo quem está no limite da baixa renda pode se manter encontrável por meio telefônico. De acordo com pesquisa divulgada semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os brasileiros sem renda ou que ganham até um salário-mínimo por mês respondem por 44,3% do total dos donos de celular no País. São 51 milhões de pessoas.  Depois do Sudeste, o Nordeste é a região com mais usuários. Entre 2005 e 2011, o número de pessoas com aparelho móvel no Nordeste subiu 174,3%, chegando a 27 milhões de usuários e se tornou a região com maior expansão no período.  O fato é que, pelo Brasil afora, a operação celular é mais acessível do que a telefonia fixa, por causa da dificuldade de instalação de infraestrutura.  Para a coordenadora da Proteste, Maria Inês Dolci, o custo das assinaturas é o que desestimula as famílias a manter linhas residenciais "Hoje ninguém fica em casa e o que conta mesmo, em termos de localizar alguém, é o celular. Mas, o telefone fixo é um serviço essencial e, por isso, fizemos campanha para reduzir o valor da assinatura", diz Maria Inês.


DISPUTA A disputa entre a telefonia convencional e a móvel vai além das tarifas e apresenta aspectos antropológicos que não podem ser ignorados. "Basta observar as pessoas, seja no ônibus, em uma fila ou em uma sala de espera para perceber que o celular é um companheiro multitarefa", diz o coordenador do Inpes, da USCS, Leandro Prearo. "Hoje, mesmo os modelos mais básicos, no mínimo, têm rádio e permitem que o usuário ouça música. A maioria dos aparelhos, entretanto, traz facilidades como câmera fotográfica, TV, acesso à internet e às redes sociais. O celular virou uma extensão das pessoas. Diante de tudo isso, o serviço de voz parece limitado", analisa Prearo.  Mas o professor lembra que ainda há uma questão cultural que favorece as linhas convencionais. Enquanto o aparelho móvel está ligado a uma pessoa, é individual, o fixo é utilizado por toda a família e está ligado a um lugar. "O telefone fixo é visto pelo comércio como garantia de residência - justamente por estar ligado a um lugar físico. Por isso, os cadastros de crediário geralmente exigem que o candidato a crédito forneça um número", observa.




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