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Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

Sao Paulo tem festival de música étnica
Do Diário do Grande ABC
19/05/1999 | 14:57
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Começa nesta quinta o maior festival de música étnica do País, o Todos os Cantos do Mundo, no Sesc Pompéia, em Sao Paulo, organizado pela cantora Fortuna Safdié. Começa com uma estrela que vem da Argélia, o cantor e compositor Kadda Cherif Hadria, que mostra o repertório de seu novo disco, Diri Kitabri, com influências do pop e do jazz. Hadria apresenta-se às 22 horas, logo após o cantor carioca Ed Motta, que interpreta o repertório de seu mais recente CD, "Manual Prático para Bailes, Festas e Afins".

O avanço da chamada world music tem seduzido e contribui para renovar e abrir os fechados mercados de música de língua inglesa no mundo todo. Nomes de ponta, como o paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan (morto recentemente) e os africanos Lokua Kanza e Ali Farka Touré influenciam o rock, o tecno e a dance music, criando um novo diálogo multicultural.

Para esta nova ediçao do Todos os Cantos, Fortuna escolheu representantes de diversas correntes da música internacional, num total de 12 atraçoes. Além de Kadda Cherif Hadria, estao na jornada o bailarino espanhol Joaquín Ruiz, o grupo de música judaica americana Klezmatics, a cantora inglesa Najma (que cantou os remanescentes do Led Zeppelin), o congolês Sam Mangwana, a siberiana Sainkho e os brasileiros Paulo Moura, Hermeto Pascoal, Família Alcântara Coral, Joao Bosco e Virgínia Rodrigues.

Leia a seguir entrevista com o cantor argelino Kadda Cherif Hadria, que chegou nesta quarta cedo ao Brasil e toca com uma banda composta por seis músicos.

Pergunta - A música raï está cada vez mais presente nas danceterias e nos bares europeus. A sua assimilaçao pela cultura européia nao traz consigo também a diluiçao - ou seja, ela nao perde suas características ao se tornar mais pop?
Kadda Cherif Hadria- A música raï começou com os camponeses e era cantada sem instrumentos. Conta histórias da vida: amores, sofrimento, uma espécie de lamento. Eu nao faço raï como meus ancestrais. Trago influências do Ocidente, mas mantenho a essência: músicas que falem com o coraçao.
Pergunta - Como você definiria seu disco "Diri Kitabri"? É um CD de música raï ou é um CD de world music?
Hadria - No meu país, nao posso em minhas músicas falar diretamente sobre política. Até pouco tempo atrás, a música raï era proibida na Argélia, por ser uma música de exílio. Nesse disco, falo dos meus amores (lembra da mulher do qual se separou há pouco tempo) e da vida no exílio. O que aproxima esse disco com a world music talvez seja a diversao. O ritmo leva à diversao.
Pergunta - Existem diversos músicos raï em atividade nesta quarta na Europa, como Cheb Mami, Cheb Khaled e outros. Qual deles você aprecia mais?
Hadria - Aprecio os dois, mas tenho admiraçao maior pelo trabalho de Cheb Khaled, que é uma espécie de "pai" da música raï.
Pergunta - O que você conhece da música brasileira e no que você acha que a sua música e a música brasileira se parecem mais?
Hadria - Nao conheço muito a música brasileira. Ouvi uma cançao há uns 15 dias, mas nao me lembro o nome. Acredito que a energia e a intuiçao é que aproximam minha música da brasileira.

Serviço- Todos os Cantos do Mundo. Quinta e sexta, às 21 horas; domingo, às 18 horas, no Teatro. Sexta e sábado, às 23 horas, na Choperia. De R$ 7,00 a R$ 14,00 e de R$ 5,00 a R$ 12,00 (promoçao). Domingo, às 15 horas, grátis, no Deck do Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7777, em Sao Paulo. Até 30/5.




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