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Terça-Feira, 4 de Junho de 2024

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66 anos de Diário
Jornalzinho na Zona Leste. Semanário em Santo André

‘News Seller’, lançado em 1957 em São Paulo, ganha versão andreense em 1958 e, dez anos depois, se transforma no jornal ‘Diário do Grande ABC’

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
11/05/2024 | 07:00
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Fausto Polesi (esq.), grande editorialista e um dos fundadores do jornal, na redação no início dos anos 1980 (FOTO: Banco de Dados)


Domingo, 11 de maio de 1958, Dia das Mães. A cidade de Santo André acorda com os gritos juvenis de escoteiros anunciando um novo jornal.

Mais um jornalzinho? Não, nascia o News Seller, dirigido por um andreense e três paulistanos. Muitas páginas. Diagramação moderna. Jeito de jornal adulto, que veio para ficar.

O semanário surgia com categoria, pois os quatro diretores – os irmãos Edson e Maury Dotto, Fausto Polesi e Angelo Puga – vinham de uma experiência jornalística na Zona Leste de São Paulo.

Menos de um ano antes, em 26 de outubro de 1957, os quatro jovens haviam lançado o primeiro News Seller, em São Paulo, que circulou nos bairros das Vilas Zelina, Prudente e Bela, mais Quinta da Paineira, Parque da Vila Prudente e região. Era ali que eles residiam.

O News Seller paulistano se transformou num exercício prático de jornalismo, mas aquela área eminentemente residencial não oferecia a estrutura que o jornal necessitava para deslanchar.

Ao mesmo tempo, o nascente ABC explodia industrial e comercialmente. O eixo Santo André/São Caetano era um viveiro de indústrias. Os grandes magazines nacionais e internacionais de São Paulo estavam chegando. São Bernardo se tornava a ‘capital brasileira do automóvel’. Era preciso que um meio moderno de comunicação aparecesse para dar o suporte necessário a este desenvolvimento todo.

Não deu outra. O News Seller vingou de tal maneira que logo virou bissemanário e, em dez anos, se transformou em jornal diário. 

Em 1968, News Seller galgava um passo importantíssimo, transformando-se no Diário do Grande ABC de hoje, formando uma legião de excelentes profissionais em todas as áreas, do jornalismo à publicidade e investindo na parte técnica e na distribuição, alcançando as sete cidades.

News Seller havia noticiado a criação de Diadema e Rio Grande da Serra, que se juntaram a Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires. Com o Diário, consolida-se uma cobertura jornalística adulta, responsável, transparente, séria e confiável.

Todas as campanhas propositivas sempre tiveram o apoio e/ou participação direta do Diário. Desmandos nunca deixaram de ser noticiados. Falcatruas, denunciadas. O jornal se agiganta e passa a ser um elemento a escrever e influir na própria história regional, sem se esquecer dos grandes assuntos ocorridos fora do Grande ABC.

E quando a imprensa escrita de uma forma geral, e internacional, ganha a concorrência de novas mídias, e observa o desatino das chamadas fake news, o Diário se renova, investe em todas as áreas, forma novos profissionais que levaram adiante o ideal de 1958.

O empresário Ronan Maria Pinto tanto acredita no principal jornal do Grande ABC, que passa a ser o seu acionista majoritário em 2004. Investe no jornal, o moderniza. Garante a sua sobrevivência. A empresa Diário do Grande ABC alcança o seu ano 66 saudável e com planos de crescimento que miram o ano 70 – em 2027, se contado o NS de 1957; ou 2028, com olhos na história do 1958 em que o semanário descobriu o Grande ABC, tornando-se o seu porta-voz.

Prêmio Esso marca história de sucesso 

Em seus 66 anos de atuação, o Diário registrou momentos que marcaram a história do Grande ABC e do jornalismo nacional. Um desses capítulos foi escrito por Ademir Medici, colunista de Memória desde 1987, e pelo também jornalista Édison Motta (1953-2015). Em 1976, a dupla assinou a série de reportagens intitulada A Metamorfose da Industrialização, vencedora do Prêmio Esso na categoria regional.

“Achavam que a gente estava exagerando quando observávamos o sofrimento da população e alertávamos sobre as questões do subemprego e da sub-habitação, fruto da falta de planejamento da industrialização”, disse Medici numa entrevista ao Diário, em referência ao tema.

Produzido em menos de um mês, o material da série foi publicado nas edições dos dias 29 e 31 de agosto de 1976. Quatro meses depois, Medici e Motta celebraram a conquista do mais importante prêmio jornalístico do País, em concorrência que envolveu jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

“A gente não esperava. Mais do que reportagens bem escritas, o ineditismo foi fundamental. Tanto que esperávamos ganhar com a segunda série, o que não aconteceu e foi decepcionante”, lembra Medici. O Desencanto da Industrialização, continuação do trabalho publicada em agosto de 1979, estendeu o enfoque para outras regiões brasileiras. “Tecnicamente foi melhor e mais abrangente, mas não tinha mais a novidade”, complementa ele.

Em material publicado pela Revista Livre Mercado, Motta destacou o significado da premiação. “O Esso Regional veio como espécie de consagração de um momento intenso e mágico no qual, pela primeira vez, o chamado progresso, o eldorado industrial brasileiro foi questionado. Mostramos o outro lado da moeda. A poluição, a destruição do meio ambiente e a rotatividade da mão de obra que já se fazia acompanhar do desemprego”, disse.




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