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Domingo, 19 de Maio de 2024

Política
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Reviravolta
Geovane Corrêa renuncia a cargo de vereador pelo PT em Mauá

Ex-presidente sucumbe às acusações de crime sexual e pressão partidária e deixa o mandato

Wilson Guardia
07/05/2024 | 14:26
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Geovane Corrêa (esq.) deixa presidência da Câmara e Junior Getúlio assume (dir.) (FOTO: Celso Luiz e Divulgação)


O vereador Geovane Corrêa (PT) renunciou ontem ao mandato na Câmara de Mauá. Após ser acusado de pedofilia e responder a inquérito policial, que foi arquivado por falta de provas, o parlamentar protocolou documento comunicando a saída do Legislativo em definitivo. Ele era presidente da Casa desde 2023.

O pedido de renúncia foi protocolado minutos antes do início da sessão. O documento endereçado à secretaria legislativa entrou no sistema às 13h51. Geovane Corrêa exercia seu primeiro mandato, ao qual foi eleito em 2020 com 1.602 votos.

A renúncia surpreendeu o meio política mauaense, já que o agora ex-vereador havia declarado que retomaria sua cadeira na Câmara após licença de 60 dias, prazo que utilizou para se defender das acusações. Em comunicado enviado à imprensa, o petista disse que havia sido “uma decisão difícil”, mas necessária “para cuidar de mim e voltar a ter equilíbrio emocional”.

“O mais importante disso tudo foi provar minha inocência com arquivamento dessa denúncia infundada e oportunista, com uso eleitoral. Quero agradecer a todos aqueles que sempre depositaram suas confianças em mim e estão sempre do meu lado. Tenho orgulho do tempo em que passei na Câmara ajudando a resgatar a confiança do povo da nossa cidade e colocar Mauá no lugar de onde ela nunca deveria ter saído, nos trilhos do desenvolvimento”, explicou Corrêa.

Pesou, além da denúncia de crime sexual contra menor de idade, a pressão partidária. Nos bastidores, segundo pessoas próximas do governo municipal, o núcleo duro do PT forçou Corrêa a renunciar. Temia-se que, com sua volta, a oposição, encabeçada pelo vereador e pré-candidato a prefeito Sargento Simões (PL), entrasse com pedido de cassação. Tal movimento poderia atrapalhar o projeto de reeleição do prefeito Marcelo Oliveira (PT).

Corrêa foi chefe de gabinete do atual mandatário, quando Oliveira ainda era vereador. Os danos políticos e à imagem do ex-presidente da Câmara poderiam ser utilizados por adversários para criar narrativas contra o o chefe do Executivo.

Com a renúncia, a cadeira de Corrêa passa a ser ocupada definitivamente pela professora Cida Maia (PT), que nos últimos 60 dias a preenchia como suplente. A nova titular é vice-presidente do Partido dos Trabalhadores em Mauá.

A renúncia do petista agitou os bastidores políticos da cidade e, inclusive, fez o Paço agir para garantir na presidência da Câmara alguém alinhado ao prefeito. (Leia abaixo)

HISTÓRICO

Em fevereiro, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) recebeu a denúncia de pedofilia contra Geovane Corrêa e remeteu para a Polícia Civil investigar. No dia 29 do mesmo mês, o então vereador pediu afastamento por 31 dias e, depois, em abril, prorrogou a licença por mais 30 dias. O petista sempre negou as acusações e se dizia inocente. Em 17 de abril, a Promotoria arquivou a denúncia por falta de provas.

Câmara elege Junior Getulio à presidência

O vereador Getulio Batista de Andrade Junior, o Junior Getulio (PT), foi eleito ontem presidente da Câmara de Mauá. Ele substitui Geovane Corrêa (PT), que renunciou ao mandato na esteira das denúncias de crimes sexuais de que foi acusado no início do ano. O mandato tampão dura até 31 de dezembro.

Junior Getulio foi o único nome na disputa do cargo máximo da mesa diretora e teve apoio da gestão do prefeito Marcelo Oliveira (PT). Interlocutores do governo articularam nos bastidores para garantir a vitória e evitar rachas na base de sustentação. O vereador recebeu 19 votos dos 23 possíveis.

Oposicionista e pré-candidato a prefeito de Mauá, Sargento Simões (PL), que não colocou seu nome na disputa por alegar “não ter votos suficientes”, protestou e reclamou que a cédula manual não permitia “abstenção ou voto nulo”, ao que o presidente em exercício, Vaguinho do Zaíra (PV), orientou: “É só marcar o ‘x’ na cédula e assinar”.

Empossado presidente, Junior Getulio, ao fazer uso da palavra, afirmou que não fará distinção dos parlamentares enquanto estiver na condução da Casa. “Vamos trabalhar juntos aqui na Câmara, com os que votaram e os que não votaram (em mim)”, frisou.
TROCA

O vereador Vanderley Cavalcante da Silva, o Neycar (Solidariedade), protocolou pedido de afastamento por 31 dias na semana passada. O requerimento foi votado e aprovado no mesmo dia e começou a valer nesta terça-feira. Em seu lugar assumiu ontem Edmauro Meireles, conhecido como Professor Edmauro (Solidariedade).

Nos bastidores, interlocutores disseram que a substituição de um pelo outro é manobra comum em ano de eleitoral para dar visibilidade a outros nomes do partido que concorrerão às eleições municipais.




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