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Domingo, 19 de Maio de 2024

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Artigo
O drama das águas
Dirceu Cardoso Gonçalves
Dirigente da Aspomil
06/05/2024 | 07:01
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 Trinta e um mortos, 56 feridos, 74 desaparecidos, 17.087 desalojados, 7.085 em abrigos, 351.639 afetados. Esses eram os números decorrentes da tragédia climática do Rio Grande do Sul, na manhã de sexta-feira, quando preparávamos este texto. Agora, quando você o lê, o quadro deve ser outro, possivelmente mais grave, já que havia a previsão de continuidade da tormenta e seu alastramento para Santa Catarina e sul do Paraná. O sinistro já comprometeu 235 dos 496 municípios rio-grandenses, muitos deles em largas proporções à ponto de se especular sobre o total desmonte da estrutura urbana.

Ainda resultante do fenômeno El Niño, que, paradoxalmente, provoca seca e calorão no restante do País, encontramos o Sul em dificuldade. Independente da força indutora, o que ocorre é a Natureza retomando seu território, especialmente o denominado “caminho das águas”. Mais dia, menos dia, a água que sobra nos rios retoma as áreas ribeiras que o homem ocupou e nelas construiu seus empreendimentos. O País – inclusive São Paulo Capital – convive com clássicos exemplos desse acontecimento. E a única solução, parece-nos ser a desocupação dos antigos aluviões, o que nem sempre é possível.

Já passou da hora de o governo federal, capitaneando Estados e Municípios, desenvolver um grande programa de estabilização de nosso relevo de acordo com as novas necessidades climáticas. Verificar nas cartas de previsão as probabilidades de novos sinistros e partir em busca da eliminação de gargalos antes que o vento e a água cheguem. Existem localidades que talvez seja mais barato mudar a sua localização do que criar mecanismos para não serem inundadas. Isso não é um grande problema técnico para a tecnologia disponível em nossos centros. Mas é necessário vontade política e investimentos que só podem ser governamentais, já que é um problema de ordem pública e de vastas regiões.

Temos, no País, competentes centros de tecnologia, capacidade instalada para a solução de praticamente todos os problemas hidráulicos, construtivos e sociais. Para solucionar o problema das cheias, bastaria o governo federal criar um ministério (ou acionar o já existente Ministério da Integração Nacional) e aplicar um questionário a Estados e municípios para que cada unidade federada aponte quais são os problemas de seu território. Esse levantamento seria o ponto de partida para a montagem de um plano nacional capaz de estabilizar todos os cursos d’água e libertar a população do atual flagelo. Conhecido o problema, o Ministério poderá remeter o projeto e os recursos para sua execução e, ao fim do prazo estabelecido, fiscalizar como se deu a execução.

Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).




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