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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Palavra do Bispo
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Palavra do Bispo
A sabedoria dos salmos
Bispo Dom Pedro Cippolini
04/04/2024 | 08:57
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Seri


Na Bíblia Sagrada existe o Livro dos Salmos. Impressiona a todos, geração após geração, este livro de oração e poesia ancestral. Nele está o que há de mais profundo das aspirações do coração humano voltado para Deus através da fé, e da constatação dos fatos que se dão na realidade do dia a dia.

Na língua grega, a palavra salmo designa um poema a ser acompanhado por instrumentos musicais. Nos Salmos da Bíblia está toda doutrina religiosa do Antigo Testamento, neles é possível perceber o amor de Deus pelas criaturas e o louvor verdadeiro que se exprime por um coração transformado segundo a sabedoria divina.

O próprio Jesus fez suas orações com os Salmos, ele mesmo afirmou: “Isto é o que vos dizia quando estava convosco, que deveria se cumprir tudo quanto a meu respeito está escrito em Moisés, nos profetas e nos Salmos” (Lc 24,44).

Os salmos são perpassados por uma afirmação que muitas vezes pode passar despercebida, trata-se da justiça de Deus na defesa dos pobres, como por exemplo afirma o Salmo 53, conforme se encontra na Edição da Bíblia Sagrada – Edição Pastoral: “Será que os malfeitores não percebem, eles que devoram o meu povo, como se comessem pão, e não invocam a Deus? Eles vão tremer de medo, porque Deus espalha os ossos do agressor, e ficarão envergonhados porque Deus os rejeita”.

Nos salmos podemos ver como a história, a profecia, a sabedoria e a lei penetraram a vida do povo, transformando-a em oração viva marcada pelas situações do dia a dia das pessoas e da coletividade. Os salmos nos ajudam a perceber os dramas da história à luz de Deus, o qual tem a última palavra, quer queira ou não.

Nos salmos de fato encontramos unidas orações de ação de graças e profecia ao mesmo tempo, como por exemplo no Salmo 9: “Eis que Deus sentou-se para sempre, firmou seu trono para o julgamento. Ele julga o mundo com justiça e governa os povos com retidão...Os povos caíram na cova que fizeram, no laço que ocultaram prenderam o pé. Deus apareceu fazendo justiça, apanhou o injusto em sua manobra. Que os injustos voltem ao túmulo, os povos todos que se esquecem de Deus! Pois o indigente não será esquecido para sempre, e a esperança do pobre jamais se frustrará”.

Estas são orações que exprimem uma esperança que na verdade se realiza na história através dos séculos. Os reinos e impérios injustos, os sistemas políticos que sustentam a ganância dos poderosos e oprimem os pobres, vão à falência um atrás do outro. O salmista observa que ‘O injusto se gloria da própria ambição, o avarento despreza e maldiz a Deus! O injusto é soberbo, jamais se interroga. Deus não existe é tudo o que pensa’ (Salmo 10, 3-4).

Os salmos nos estimulam a ver a ação de Deus na defesa dos fracos e imitá-lo: “Feliz quem cuida do fraco e do indigente, Deus o salva no dia infeliz. Deus o guarda e mantém vivo, para que seja feliz na terra, e não o entrega à vontade de seus inimigos” (Salmo 41, 2-3). Nos salmos somos estimulados a colocar em prática a lei de Deus que é a lei do amor fraterno: “A lei de Deus é perfeita, um descanso para a alma. O testemunho de Deus é firme, instrução para o ignorante. Os preceitos de Deus são retos, alegria para o coração. O mandamento de Deus é transparente, é luz para os olhos” (Salmo 19, 8-9). Se observássemos os mandamentos de Deus a Terra viveria em paz.

E, por fim, os salmos, em nossa cultura que adora o dinheiro, a fama e o poder, nos convidam a confiar em Deus acima de tudo: “Só em Deus a minha alma repousa, porque dele vem a minha salvação. Ele é minha rocha e salvação, a minha fortaleza: jamais serei abalado” (Salmo 62, 2-3). “Porque o Senhor é meu pastor, nada me falta” (Salmo 23,1).

Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.




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