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Sábado, 27 de Abril de 2024

Cotidiano
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De volta ao seio escolar
Rodolfo de Souza
15/02/2024 | 10:54
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Gilmar/DGABC


E mais um ano letivo se descortina carregado de expectativas. Como se sabe, todo início de aulas costuma trazer surpresas na mochila, razão mais do que suficiente para se ressuscitar velhas conversas sobre alunos, suas procedências, a educação que trazem do berço, que, por certo, há de contribuir para a formação de seus valores, mais a lembrança de ocorrências passadas e seus protagonistas. Tudo, enfim, que diz respeito ao trabalho de lecionar é colocado na pauta de discussões. Senão discussões, papos acalorados e, por que não, bem humorados acerca do dia a dia em sala de aula fazem o regalo de professores e professoras nos primeiros encontros pedagógicos para definir isso e aquilo.

O papel da família é, nesses momentos, o ponto alto da conversa, considerando que é senso comum entre o corpo docente a importância dela na preparação do rebento que ocupará uma carteira escolar, não tenho dúvida.

Claro que há uma diversidade de circunstâncias e desencontros que fundam a existência dessa gente de maturidade ainda verde. Disso, aliás, se ocupam as pessoas que escolheram lecionar como ganha pão e acabaram por mergulhar nesse mar revolto que é o comportamento humano, sobretudo, o que permeia a infância e a adolescência, momentos sensíveis e cruciais da vida. Lidar, pois, com pessoas e suas personalidades, por vezes controversas, é quesito obrigatório quando se escolhe o magistério como profissão. Não há como fugir disso.

Há quem discorde e declare com veemência que seu trabalho se resume a ensinar ou, como querem alguns, transmitir o seu conhecimento a outrem. E que teria se especializado em uma determinada disciplina, qualquer disciplina que não inclui necessariamente a capacitação em psicologia. Muito sensato, admito.

Convenhamos, entretanto, que o sucesso em sala da aula depende de vários fatores, a começar pela predisposição do aluno em atuar como tal, o que nem sempre acontece, já que parte considerável deles é oriunda de famílias desestruturadas ou pouco comprometidas com o futuro do filhote. Ou ainda daquela parcela que vê o filho problemático como vítima de um sistema educacional tirano que não o aceita e o repele. São, sem dúvida, as saias justas cotidianas que comprometem a qualidade do ensino e, consequentemente, o aprendizado daquele que recebe toda a atenção dos pais que almejam para ele um futuro de sucesso.

Discute-se muito, enfim, estratégias, novas formas de atuação frente a esse ou aquele problema, mesmo não havendo divergência no que concerne ao papel dos responsáveis. 

Fonte de inspiração para essa toada, inclusive, foi uma conversa em que ouvia atentamente uma amiga de longa data, professora de mão cheia, explanar acerca de seu jeito de ler histórias para os filhos, imitando as vozes dos personagens, conferindo-lhes um tom que lhe pareceu adequado a cada figura, e levando a molecada a fazer o mesmo. Narrou com graça suas aventuras que dão vida a esses personagens e, com isso, fez voar o imaginário deste escritor que se encheu de encanto ao pensar na riqueza do momento, certamente decisivo na construção do futuro dos seus. Breves instantes de ternura que os filhos levarão para a vida adulta, sem jamais esquecê-los. 

Não pude, então, me furtar do direito de sonhar com uma escola em que os estudantes vivessem em seus lares momentos da mesma forma enriquecedores. 

Não pude deixar de sentir inveja dos professores dos filhos da minha amiga. Bolas!




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