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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Política
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Entrevista da Semana
‘Coloquei meu nome ao grupo para ser vice’, revela Carlos Ferreira

Presidente da Câmara de Sto.André defende mescla de características na chapa governista à sucessão de Paulo Serra

Raphael Rocha
05/02/2024 | 07:00
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Presidente da Câmara de Santo André e exercendo seu sexto mandato – sendo cinco efetivos e um como suplente –, Carlos Ferreira (Republicanos) revela que conversou com o prefeito Paulo Serra (PSDB) e colocou o nome à disposição do tucano e do grupo para ser vice na chapa governista à sucessão na eleição deste ano. Ferreira avalia ser natural uma mescla de características na chapa, com uma figura mais ligada ao Executivo e outra com bom trânsito na classe política. Ao Diário, o presidente do Legislativo faz um balanço de seu primeiro ano à frente do Parlamento e fala sobre temas polêmicos de 2023, como reforma estrutural e adição de cadeiras. 

Qual balanço o sr faz da sua presidência?

No ano passado, nós fizemos na Câmara, o nosso trabalho como presidente foi de manter e melhorar o relacionamento entre a Câmara e o Executivo. O Executivo depende do Legislativo para aprovação dos projetos, para fazer a gestão pública que o Paulo está fazendo, essa gestão que está com 80% de aprovação, a Câmara, mesmo não estando na estando lá administração direta, ela tem participado nisso na aprovação dos processos. Quando ela aprova o projeto do Executivo ela está dando aval, está colaborando e participando efetivamente do governo municipal. Muitas vezes dando sugestões ao projeto. Eu acredito que o governo municipal, no volume de aceitação que está tendo, tem passado com a pitada de sal da Câmara Municipal de Santo André. A presidência da Câmara não tem feito nada para dificultar isso. A gente quer participar, quer ter um governo bom, como presidente da Câmara queremos participar disso sendo mais rápido no processo de votação. Para que o governo fique mais ágil em relação a tocar os projetos porque o projeto pode ficar na Câmara 30 dias 40 dias, 50 dias a gente não deixa isso acontecer. O projeto entra (no sistema) nós já colocamos em discussão imediatamente, já provamos, então esse relacionamento com o Executivo eu acredito que é um relacionamento bom para a Câmara, bom para o Executivo e bom para cidade, porque se otimiza a gestão pública do Paulo Serra. Outra coisa que fizemos no ano passado foi realizar as sessões do Legislativo somente em um dia na semana. Por que isso, Carlos? O que isso traz de benefício? Tem projeto que entra na terça e aí nós tínhamos que esperar quinta-feira para votar e é, por exemplo, remanejamento de verba que a Prefeitura precisa de forma imediata, é uma lei que tem que ser aprovada em benefício de uma exigência de Brasília para casos como de construção de casas populares, para habitação, para a saúde… Não existe isso. Porque, no sistema antigo, era necessário esperar, muitas vezes dez, 15 dias, para cumprir o trâmite de votação importante. Então essa alteração de se duas sessões semanais para ser duas sessões em um dia só tem trazido para Prefeitura essa otimização do processo. Qual a diferença para Câmara trabalhar em duas sessões em um dia e trabalhar duas sessões em dois dias? Nenhuma diferença. Agora, para o orçamento do Legislativo, tem uma diminuição drástica e economicidade. Todos os funcionários saem às 17h. Na Câmera, nenhuma sessão termina às 17h, costuma terminar às 19h30, às 20h. Hoje temos 140 funcionários, e antes a gente tinha, às terças e às quintas, um alto número de funcionários cumprindo hora extra até as sessões ordinárias terminarem. Há uma economia de quase R$ 80 mil ao mês. 

Houve redução da produtividade da casa após a medida?

Não diminuiu nada. A produtividade do Legislativo é aprovar os projetos o mais rápido possível, que venha discutir mais rápido para que o governo possa executar aquilo que ele está propondo. A função da casa não é segurar projeto, a função da casa é aprovar. O que atrapalha a função da casa você ser mais rápido para voltar? Nada.

Qual haverá a instalação do novo painel que o sr. falou durante o ano como presidente?

O painel da Câmara, abrimos licitação para fazer renovação do painel. Tem mais de 15 anos, está ultrapassado. Dificulta. Os outros presidentes fizeram só manutenção. Estamos preparando um outro projeto. Era para ter sido feito no ano passado, não foi usado, devolvemos o dinheiro para a Prefeitura. Agora vamos tentar resolver o problema do painel. A Câmara está toda deteriorada. Computadores, painel, estrutura. O Tribunal de Contas fez vistoria e exigiu reforma na Câmara porque há risco de pegar fogo. O departamento de vídeo corre perigo. É tudo fio por baixo, puxado, remendado. Imagina se pega fogo? Vamos usar o dinheiro que a Prefeitura passa para fazer reforma da Câmara, deixá-la em condições para poder dar continuidade aos trabalhos da cidade nos próximos mandatos. A Câmara é patrimônio tombado, não pode mexer de qualquer maneira, achar engenheiro que entenda do Condephaat. Patrimônio tombado custa um pouco mais caro.

Outro assunto polêmico no ano passado foi o aumento do número de cadeiras com o reajuste do salário de vereadores e secretários. Como o sr. enxergou essas medidas?

Na verdade, um secretário do município ganhar R$ 10 mil líquidos por mês, que secretário bom que você vai arrumar? O cara para girar um orçamento de um R$ 1 bilhão, ele vai ganhar R$ 8.000 por mês sendo responsável por aquilo? Onde que vai ter o diretor de uma empresa ganhando R$ 8.000, ganhando R$ 10 mil líquidos por mês, não tendo carro oficial, não tendo mordomia, não tendo nada? Você vai ter dificuldade de arrumar um secretário com qualidade com o negócio desse porque ele não somente o secretário, ele é responsável pelo que assina. Qualquer situação que eu faça na Câmara, eu sou responsável. Tenho que fazer gestão séria porque qualquer atitude que a Câmara tome, o responsável sou seu. Agora, com relação ao número de cadeiras, todo o município já se adequou à lei federal. São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra. Somente Santo André não havia se adequado. É realidade que Santo André agora vai ter. Sobre o aumento, é para isso. Não foi um aumento para vereador. Foram 12 anos que não tinha reajuste para o funcionário público na área de diretoria, de secretários. Os reajustes que tiveram foram inferiores aos que o funcionário público teve. Aumentou (o salário) do vice-prefeito, que ganhava R$ 10 mil por mês. Aumentou o de secretário, que é inferior de Santo André, São Bernardo, Mauá…A cidade demandava isso, até porque é uma cidade pujante, de orçamento de R$ 5,6 bilhões

Como o sr. tem acompanhado o processo de sucessão ao prefeito Paulo Serra?

A cidade, no passado, sempre houve grupos políticos que brigavam, lutavam pelo poder. Tinha o (Newton) Brandão (três vezes prefeito), depois nasceu o grupo do Aidan (Ravin, uma vez prefeito), mais recente, veio do (Raimundo) Salles (ex-prefeiturável), do Paulo Serra. Sempre briga pelos espaços. Na época do Brandão, tinha também o grupo do Lincoln Grillo (ex-prefeito), o grupo do PT, do Celso (Daniel, três vezes prefeito). Hoje, na verdade, esses grupos se anularam, não temos esses grupos. É preciso nascer novos grupos. Hoje o governo municipal não tem concorrente à altura. Está se nascendo o PSB do vereador Eduardo Leite, talvez venha ser ainda um grupo. Ele está construindo e pode dar certo, mas ainda não é um grupo qualificado, um grupo que já tem história na cidade, que fez alguma coisa. Não tem história, nem o que fez nem o que não fez. 

Nem o Fernando Marangoni, deputado federal e que foi aliado do governo?

Não sei se o Marangoni é dissidente porque não sei se alguma vez ele teve junto (ao governo Paulo Serra). Mas é um grupo que pode ser formado. Ele ainda precisa mostrar propostas, tem que mostrar ideias para a cidade, tem que fazer um projeto para a cidade. É um grupo em formação, mas não tem um grupo ainda. 

Então o sr. enxerga que o nome que o prefeito Paulo Serra indicar é favorito, independentemente do nome?

A probabilidade de o candidato que o Paulo apresentar ser um candidato potencial é muito grande, não tem dúvida. Até pela Câmara. Na Câmara de Santo André, o vereador que tem crescido na cidade é o vereador que apoia o governo. Nós que temos votado nos projetos do Paulo Serra também somos beneficiados com a melhora das estatísticas do governo. Os projetos do governo Paulo Serra que nós votamos têm sido bons, então também somos beneficiados pelo projeto. Quando nós votamos o projeto e o governo não faz, somos prejudicados. O cara cobra fiscalização, cobra isso e aquilo. Evidentemente que tem oposição ao governo, mas são aqueles que querem chegar ao governo. Essa disputa política é uma disputa normal. 

Como o sr. se coloca neste processo de sucessão?

Eu coloquei o meu nome junto ao prefeito para poder ocupar a vaga de vice-prefeito no futuro governo.

E qual foi a reação do prefeito com essa fala?

A reação do prefeito sempre é uma reação educada, como seria a minha seria a sua, seria dele. Eu coloquei e estamos aguardando qual será a escolha do governo. Ele tem as escolhas dele, mas nós colocamos nosso nome.

Hoje, os nomes comentados para sustentar a candidatura governista são do secretário de Saúde, Gilvan Junior, e do advogado Leandro Petrin, que não são figuras do meio político. O sr. entende ser necessário haver uma composição com algum político na chapa?

Dentro da normalidade sempre foi assim. Sempre a escolha é uma somatória de segmentos políticos. Sempre aconteceu em todo o processo político. O prefeito era de um lado, o vice era ocupava outro espaço. Sempre foi assim, mas isso não significa que tem que ser assim. Talvez pela conjuntura atual da cidade não tenha necessidade, mas eu acredito ainda que isso é um bom acordo. Sempre ter um político junto de um grupo que vem somente da gestão pública. Acho que seria confortável. Não estou dizendo necessariamente meu nome, tem outros qualificados para isso. A cidade tem vários nomes qualificados no meio político que apoiam o governo e que não são só da gestão pública, já têm um histórico político da cidade.

O sr. está no Republicanos, mas tem sido sondado por outros partidos, como o MDB. Em que pé estão essas discussões?

Estou conversando com alguns partidos, esses partidos têm ficado de braços abertos para nos receber, entre eles o MDB. Ainda não decidi.

RAIO X

Nome: Carlos Roberto Ferreira

Estado civil: Casado

Idade: 63 anos

Local de nascimento: Santo André

Formação: Economia

Hobby: Andar de moto

Local predileto: Praia

Time do coração: Corinthians e Santo André

Livro que recomenda: Qualquer obra de Maquiavel

Artista que marcou sua vida: Antonio Fagundes

Profissão: Administrador de empresas

Onde trabalha: Câmara Municipal de Santo André




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