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Domingo, 28 de Abril de 2024

José Rainha prepara jornada de protestos
Do Diário do Grande ABC
19/10/2000 | 00:09
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra está preparando uma reaçao de suas bases em todo o país em protesto contra a série de denúncias de irregularidades e desvio de recursos da reforma agrária, feitas pelo governo federal. A revelaçao foi feita ontem pelo principal líder dos sem-terra no Pontal do Paranapanema, José Rainha Júnior que nao revelou, porém, a estratégia que será utilizada.

Em entrevista, Rainha disse que o MST está levantando documentos para encaminhar a Ordem dos Advogados do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Conselho Nacional das Igrejas Cristas, provando que ao contrário das afirmaçoes do governo, nao existem recursos disponíveis para financiamentos de custeio agrícola para as famílias assentadas.

Leia abaixo os principais trechos de entrevista concedida à Agência Estado.

PERGUNTA - Como você observa a açao do governo contra o MST?

José Rainha Júnior - É uma política de perseguiçao, com a tentativa de desmoralizar o MST e esconder os escândalos que envolvem o próprio governo. Onde está o Eduardo Jorge, o Cacciola, o Pittagate, os precatórios e outros casos que deram bilhoes de prejuízos? O governo FHC nao tem moral para tentar desmoralizar o MST. Sua açao é terrorista e pior do que a existente durante a ditadura.

P - Como o MST está tratando deste assunto?

Rainha - Estamos levantando informaçoes em bancos para provar que o governo mente quando diz que liberou dinheiro para os assentamentos. Conversei com o Gilberto Portes (líder do MST em Brasília) e ele vai encaminhar os documentos para a OAB, CNBB e CONIC, dando condiçoes para que aquelas entidades questionem o governo. O governo está mentindo e precisa ser desmoralizado.

P - Desde quando falta dinheiro para o custeio?

Rainha - Nos últimos dois anos o governo nao liberou nada para as famílias assentadas. Agora, com a ofensiva sobre o MST, ele está comunicando aos bancos a suspensao das linhas de crédito através das cooperativas ligadas ao movimento. O único financiamento de que dispomos é o autorizado pelo governador Mário Covas, através do Feape (Fundo de Expansao da Agropecuária e da Pesca), que prevê R$ 3 mil por família para o plantio de mandioca. Pelo mesmo fundo, serao liberados ainda R$ 5 mil por família para o abacaxi e maracujá.

P - E as denúncias sobre a cobrança de pedágios por parte do MST?

Rainha - É mais uma tentativa de desmoralizar o MST. Todo trabalhador contribui espontaneamente com seus sindicatos ou entidades representativas. Nao é novidade. Agora eles querem provar que os trabalhadores foram obrigados a fazer as doaçoes, ouvindo pessoas, como no Paraná, que nao pertencem ao MST. Além disso, quando fazem as doaçoes, os trabalhadores já assumiram o compromisso bancário que deverá ser liqüidado integralmente. O dinheiro é dele e nao público.

P - O governo também tem feito denúncias sobre irregularidades nas cooperativas ligadas ao MST. Há inquéritos instaurados na Polícia Federal para apurar os fatos. Como você vê isso?

Rainha - Isso é mais uma bobagem que nao vai dar em nada. No caso da Cocamp (Cooperativa dos Assentados da Reforma Agrária do Pontal do Paranapanema) o relatório do Incra inicialmente falava em desvio de recursos públicos. Os técnicos do órgao estiveram na cooperativa e nada constataram. Para justificar sua açao, falaram em mau uso do dinheiro de financiamento, apontando questoes superficiais como o estado geral de um trator ou um caminhao. Eles também falaram sobre uma represa que foi danificada pelas chuvas, como se nós tivéssemos responsabilidade sobre as condiçoes climáticas. O que eles nao disseram é que financiamos seis tanques para a criaçao de peixes e construímos nove.

P - E os inquéritos instaurados pela Polícia Federal?

Rainha - Tudo isso nao passa de perseguiçao política de um governo irresponsável e incompetente.




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