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Sábado, 27 de Abril de 2024

Política
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Nova ideologia?
PT decide candidaturas de cima para baixo

Partido que sempre defendeu bandeiras democráticas age de maneira autoritária em eleições

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
13/11/2011 | 07:05
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O anúncio da união em torno da pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo externou a nova tendência no PT: costurar alianças por cima, entre caciques, e eximir ao máximo a possibilidade de prévia partidária, antes enaltecida pelos militantes da legenda como exemplo da abertura democrática que sempre norteou os petistas.

Com articulação ferrenha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad retirou, um a um, os postulantes à indicação petista: os senadores Eduardo e Marta Suplicy e os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini. Tática política semelhante ocorreu em Santo André, onde o deputado estadual Carlos Grana, também com a bênção de Lula, aglutinou em torno de seu projeto ao Paçç o deputado federal Vanderlei Siraque, a ex-vice-prefeita Ivete Garcia e o ex-prefeito João Avamileno.

Petistas da região creditam à maturidade política do PT a formação de alianças antes de consulta à militância. Presidente da sigla em Ribeirão Pires, Antônio Carlos Pereira de Souza, o Carlão, afirma que prévias provocaram derrotas históricas e que a legenda aprendeu com os erros. "Não precisamos de prévias viscerais, que destroem candidaturas do partido."

Diadema e Santo André registraram os dois piores reveses da sigla devido à racha interno. Em 1996, José Augusto da Silva Ramos rompeu com José de Filippi Júnior e provocou a vitória de Gilson Menezes (PSB) no segundo turno, acabando com legado de 14 anos ininterruptos do PT à frente do Paço de Diadema. Em 2008, o apoio de Avamileno à campanha de Siraque gerou cisão no grupo de Ivete Garcia. A turbulência foi determinante para que Aidan Ravin (PTB) chegasse ao poder e interrompesse a série de 12 anos consecutivos do PT no comando da Prefeitura de Santo André.

 "Antes agíamos muito com o coração e deixávamos a razão de lado. Com três décadas de existência, o PT aprendeu a ter responsabilidade, maturidade e respeitar o projeto político", analisou o vereador Edgar Nóbrega (PT), de São Caetano. O petista, que é pré-candidato à Prefeitura em 2012, não acredita que os acordos entre lideranças nacionais ou estaduais sejam prejudiciais ou que limem a participação da militância no processo de escolha dos concorrentes.

Professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Jacqueline Quaresemin de Oliveira analisa que o consenso partidário sem disputa interna será essencial para o PT na briga pela prefeitura de São Paulo, a qual a legenda ocupou por duas vezes: com Luiza Erundina, entre 1989 e 1993, e Marta Suplicy, entre 2001 e 2004. A especialista não crê que possa haver divergência da militância por não ter participado ativamente da indicação de Haddad. "A militância segue os líderes e acabam sendo convencidos por eles da melhor escolha."

 

PLANO ESTADUAL

A eliminação das prévias faz parte da estratégia da legenda de alcançar o governo do Estado, algo que nunca aconteceu na história. "Se tivermos candidaturas unidas, temos mais chances de conquistar prefeituras. Com o maior número de Executivos municipais, teremos estrutura suficiente para dar musculatura à candidatura do PT ao Estado. Esse é o grande objetivo", revelou Humberto Tobé, coordenador da Macro PT no Grande ABC.




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