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Domingo, 28 de Abril de 2024

Raul de Souza é suingue garantido
João Marcos Coelho
Especial para o Diário
10/05/2004 | 18:06
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Assistir a um show de Raul de Souza é garantia de um programa de alta qualidade que, no entanto, não se esquece dos maiores mandamentos da música popular: balanço e suingue para mexer com o público. Não são muitos os músicos populares que conseguem aliar qualidade e ginga. Raul de Souza, carioca de Bangu, batizado Raulzinho pelo genial e folclórico Ary Barroso num programa de rádio do Rio, consegue.

Os que forem ao Sesc Santo André nesta terça à noite vão encontrar um músico completo, que passeia por todos os estilos – do funk ao jazz, da bossa nova à música eletrônica – com imensa categoria. E tudo isso com entrada franca.

Raul, nunca é demais lembrar, encanta o mundo desde o fim dos anos 1960, quando foi levado para os Estados Unidos por Sérgio Mendes, como integrante da sua banda Brazil 66. Fez uma carreira fulgurante e ganhou todos os prêmios das revistas especializadas, como a Down Beat. Ao lado de outros dois gigantes modernos, Kai Winding e o genial J.J. Johnson, era a nova voz do trombone de válvula, que Raul aprendeu a admirar em São Paulo por meio da arte de Edson Maciel.

Raul também inventou um instrumento , o souzabone, um trombone elétrico afinado em dó, com quatro válvulas no lugar das três tradicionais, sendo que a quarta é cromática. Nesta terça, no Sesc, mais uma vez ele vai samplear e barbarizar com o tal souzabone, que já foi devidamente incorporado ao universo do jazz norte-americano.

Sem papas na língua, o músico declarou, em uma entrevista anos atrás, que os músicos brasileiros não desabrocham como poderiam porque são obrigados a acompanhar cantores. Citou o próprio exemplo, no grupo RC7, que acompanhou Roberto Carlos nos anos 1960: “O cara não cria um estilo próprio por falta de oportunidade de tocar. Faz uma introdução, um solinho no meio, e só”.

De Bangu para o mundo – Depois de tocar na banda da Fábrica de Tecidos de Bangu, quando tinha 16 anos, passou a atuar em gafieiras da cidade, e adotou o nome artístico Raulzinho, adaptado mais tarde para Raul de Souza. De 1959 a 1963 esteve na Força Aérea Brasileira e tocou na banda de sua corporação. Quando saiu, trabalhou com Sergio Mendes, com quem excursionou pelos Estados Unidos e Europa. Também integrou a Orquestra Carioca da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1965 gravou o primeiro disco individual, À Vontade Mesmo. Tocou com Luiz Carlos Vinhas e Gilberto Gil, morou em Paris, trabalhou no Cassino de Montecarlo. Em 1974, nos Estados Unidos, o disco Colors, produzido por Airto Moreira, foi o primeiro de uma série de sucessos. Morou vários anos no país e tocou ao lado de feras como Sonny Rollins, Freddie Hubbard, George Duke, Chick Corea, Jimmy Smith e outros. Participou de festivais internacionais de jazz em Montreux, Monterrey e no Brasil, sendo considerado pela crítica especializada um dos maiores trombonistas do mundo. No fim da década de 90 mudou-se para a França. Atualmente vive no Rio.

Raul será acompanhado no palco por Jeff Sabag (teclado), Mário Conde (guitarra), Glauco Solter (baixo elétrico) e Endrigo Bettega (bateria). O repertório inclui músicas de, entre outros, Mário Conde (Sete Maluco), Hermeto Pascoal (Viva o Rio), Tom Jobim (Piano na Mangueira), João Donato (Bananeira) e Glauco Sölter (Nos Conformes), além de composições do próprio trombonista, como Yolaine.

Raul de Souza Quinteto – Show. No Sesc Santo André – r. Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1250. Nesta terça, às 21h. Entrada franca, mas os ingressos devem ser retirados a partir das 19h.




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