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Região registrou, em cinco anos, 142 novos casos de hanseníase

Diagnósticos caíram 32% entre 2019 e 2022; especialista diz que queda foi artificial, por falta de testagem

Joyce Cunha
30/01/2023 | 06:06
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Prefeituras da região oferecem serviços gratuitos de testagem e tratamento da hanseníase; 142 casos foram identificados desde 2018 (Foto: Angelo Baima/PMSA)


Municípios do Grande ABC registraram, entre 2018 e 2022, 142 diagnósticos de hanseníase, doença infecciosa e contagiosa causada por uma bactéria. Neste período, a maior quantidade de casos identificados ocorreu em 2019, ano pré-pandemia, com 44 ocorrências. O número de resultados positivos para testes aplicados em unidades de saúde de Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires caiu pela metade em 2020, para 20 diagnósticos, com aumento discreto desde então – 27 notificações em 2021 e 30 no último ano. São Caetano e Rio Grande da Serra não forneceram dados.

Acompanhando tendência nacional e global, a redução de novos casos de hanseníase na região não reflete a diminuição de incidência da doença. “A gente teve uma queda brusca por causa da pandemia, no Brasil e no mundo. Em alguns lugares com queda de 40% a 50% dos casos. Isso é uma queda artificial, porque na verdade o atendimento não aconteceu como deveria, já que estavam todos voltados à Covid-19”, explica o dermatologista Egon Daxbacher, coordenador do Departamento de Hanseníase da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

De acordo com boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, em 2019, 27.864 casos da doença, o que colocou o País como o segundo do mundo em incidência da hanseníase, atrás apenas da Índia. As características da infecção, a estrutura do sistema público de saúde, o preconceito e a falta de informação estão entre os desafios para o combate à doença.

“O Brasil tem extensão territorial grande, com rede de atenção diversificada em qualidade. Isso dificulta o combate à doença. Temos áreas hiperendêmicas, com muitos casos e transmissão ativa, como no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, e áreas de baixa endemia, como Sudeste e Sul. Quanto mais baixa a endemia, mais difícil de captar a doença, pois sabemos que ela vai ficando esquecida, os casos são mais difíceis de encontrar, o que gera atraso de diagnóstico”, avalia o dermatologista.

As prefeituras disponibilizam serviços gratuitos de testagem, tratamento e acompanhamento. A doença tem cura. Nos últimos cinco anos, as unidades de saúde de Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires registraram 87 pacientes recuperados.

“Quanto maiores os esforços para identificar a doença rapidamente, mais benefícios vamos trazer para o indivíduo que está doente e para conviventes domiciliares, que têm maior risco de adoecimento, pelo contato próximo prolongado”, pontua Daxbacher. “Campanhas de exames de pele e de informação são importantes, até para o autorreconhecimento”, disse o especialista, que sinalizou, entre avanços, o novo tipo de testagem que deve, ainda este ano, ser implantado pelo Ministério da Saúde.
 




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