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Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024

Desdém com as crianças e o futuro
Antônio Carlos Lopes
21/03/2022 | 00:01
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Em mais uma decisão questionável, o Ministério da Saúde (MS) anunciou, nesta semana, que excluirá as crianças de 5 anos completos do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a gripe. A justificativa, por mais incrível que pareça, é um possível risco de falta de insumos, como seringas e agulhas.

O descaso com a imunização dos brasileiros - dos menores aos adultos - soma-se a uma longa lista de medidas injustificáveis do MS e de seu titular, Marcelo Queiroga. Equívocos e indicativos de pura falta de compromisso com a saúde dos cidadãos; todos duramente criticados por médicos, profissionais da área, jornalistas, entre outros, nos dois anos mais recentes de pandemia. 

Particularmente no que se refere às crianças, enquanto o mundo iniciava a vacinação contra a Covid-19 no universo de 5 a 11 anos e a OMS garantia segurança/eficácia, assistimos por aqui obstáculos sendo criados dia a dia, com fins até hoje não bem explicados, por certas autoridades sanitárias.

Análises técnicas criteriosas e demoradas foram exigidas para um processo já comprovadamente eficaz, levando à desnecessária exposição de nossas crianças e facilitando a circulação do vírus. Como consequência, sem surpresa, observou-se um número considerável de casos dentro das escolas, entre alunos e funcionário.

Embora o vírus da Influenza seja menos agressivo do que o da Covid-19, ao alijar crianças de 5 anos da campanha de vacinação, mantemos as portas escancaradas ao perigo. Entre elas, é grande a chance de agravamento da doença, podendo evoluir até mesmo para óbito.

Urge destacar que esse grupo é importante agente transmissor do Influenza. Além de se infectar mais facilmente, as crianças permanecem com o vírus por mais tempo que os adultos. 

Todos esses fatores, somados ou individualmente, corroboram para a mesma conclusão: a decisão não faz qualquer sentido. Representa, diga-se em bom tom e sem meias palavras, uma falta de planejamento e preocupação por parte do Ministério da Saúde. 

A campanha da gripe é anual e deveria, idealmente, estar ampliando os grupos prioritários e não reduzindo-os. Ainda mais em momento como o atual que a população começa a relaxar com as medidas de prevenção às doenças respiratórias.

Infelizmente, é impossível não vir à mente a palavra retrocesso. Aliás, retrocesso para a ciência, para a saúde e para a sociedade. Mais um para a pilha acumulada nos últimos tempos. 

Fica o chamado a todos para lutar contra esse tipo de situação. Se posicionar e se informar é essencial. É o único caminho viável para a evolução.

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica




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