Vereadores voltam a defender criação embalados pelas falas machistas de Arthur do Val em relação a mulheres da Ucrânia
Com a repercussão negativa das falas do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que deixou o Podemos, vereadores de São Bernardo voltaram a debater a constituição de uma comissão de ética na casa. Ontem, durante a sessão, que tratou exclusivamente de moções envolvendo o parlamentar, que era do MBL (Movimento Brasil Livre), ao menos três vereadores defenderam a criação do dispositivo que pode enquadrar os políticos que atuam no Legislativo.
Ao longo de pouco mais de uma hora e meia, os parlamentares discutiram uma moção de apoio à cassação do mandato de deputado de Arthur do Val e outra, de repúdio, que rechaçava as falas do parlamentar, que disse que “as ucranianas são fáceis porque são pobres”, em meio à guerra que assola o país do Leste Europeu.
Durante a fase de discussões das moções, alguns parlamentares se lembraram do fato de que a Câmara não tem uma comissão de ética instituída, e avaliaram que, caso ocorresse algo semelhante ao produzido por Arthur do Val, poderia ser difícil enquadrar a ação.
Para a vereadora Ana Nice (PT), a ideia de se oficializar uma comissão de ética na Câmara pode auxiliar os próprios parlamentares a avaliar e decidir sobre ações que porventura firam o decoro no Parlamento.
“Acredito que a criação de uma comissão de ética possa facilitar a atuação dos vereadores. Serviria para disciplinar a conduta dos parlamentares da casa. A meu ver, em alguns momentos, entendo que há quebra de decoro. (Sem comissão) O presidente da Casa (Estevão Camolesi, PSDB) fica até em dúvida de como se posicionar”, declarou a vereadora.
Hoje, na Câmara, apesar de não haver comissão instituída, todos os vereadores podem ser punidos, até mesmo com cassação, por meio da lei orgânica da casa. O debate sobre oficializar um código de ética se arrasta desde 1990. No ano passado, o vereador Eduardo Tudo Azul (PSDB) tentou resgatar a criação do dispositivo, mas a discussão não avançou
Já para o vereador Julinho Fuzari (DEM), a intenção de criar uma comissão de ética é salutar, mas o parlamentar avalia que o atual regimento interno já pode ser utilizado para enquadrar os vereadores de São Bernardo.
“Não sou contrário (à criação de uma comissão de ética). Na verdade, sou a favor de tudo que melhore a Câmara. Mas lembro que a Câmara é regida pela lei orgânica, e a lei também pode punir vereadores, até com cassação”, pontuou Fuzari.
EMBATE
Durante as discussões sobre as duas moções envolvendo o deputado Arthur do Val, o clima chegou a esquentar em alguns momentos. Na Câmara, somente o vereador Glauco Braido (PSD) não assinou a moção de repúdio ao deputado estadual Mamãe Falei.
Durante a discussão das moções, o embate mais duro envolveu três vereadores: Julinho Fuzari, Paulo Chuchu (PRTB) e Glauco Braido, que é integrante do MBL. Enquanto Braido tentava amenizar o conteúdo machista proferido por Mamãe Falei, Fuzari e Chuchu defendiam a cassação do mandato do deputado estadual.
Em sua fala, Glauco Braido relativizou as falas do deputado, ao comentar que “no Brasil é aceitável saquear a Petrobras” e que nada acontece. Citou até mesmo o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que disse, certa vez, que não estupraria uma deputada porque ela não merecia.
Por sua vez, Chuchu defendeu o presidente e chamou Glauco de “oportunista”. “Você (Glauco Braido) é seletivo e oportunista. Gostaria até que Arthur do Val fosse preso pelos crimes que cometeu”, afirmou.
Até mesmo o líder do governo na Câmara, Ivan Silva (PP), fez fala dura contra Arthur do Val, chegando a chamá-lo de “tarado”.
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