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Domingo, 28 de Abril de 2024

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Pivô de Mensalinho, Tite é o único a sobreviver na política em S.Caetano

Hoje prefeito interino gravou diálogo que incendiou eleição em 2012, saiu de cena e ressurgiu há 5 anos

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
05/09/2021 | 00:30
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Protagonista de escândalo que incendiou eleição em São Caetano há quase uma década, o hoje prefeito interino Tite Campanella (Cidadania) saiu de cena, mas driblou sequelas de denúncias de corrupção e hoje é o único sobrevivente político de episódio que jogou outros personagens ao ostracismo.

Em 2012, Tite era secretário de Governo do então prefeito José Auricchio Júnior (ex-PTB, hoje PSDB) quando vídeo em que aparecia supostamente negociando pagamento de propina a vereador da oposição vazou na internet. O hoje prefeito em exercício não aparece nas imagens, mas a nitidez da voz revelava diálogo do então secretário e homem forte da gestão à época com o então vereador Edgar Nóbrega (ex-PT, hoje PDT). A conversa envolvia suposto pagamento de espécie de ‘Mensalinho’, na ordem de R$ 100 mil, em troca de apoio político ao governo Auricchio na Câmara – o PT era oposição à administração.

O vídeo foi gravado em 2009, mas só divulgado três anos depois pelo advogado Eder Xavier, notório adversário de Auricchio e então candidato a vereador. Em plena eleição municipal. Edgar, que carregava dois mandatos na Câmara, era candidato do PT ao Palácio da Cerâmica e as denúncias o levaram a renunciar à empreitada. Do lado governista, Auricchio tentava eleger Regina Maura Zetone (ex-PTB, hoje PSDB) como sucessora. Na ocasião, Tite ocuparia lugar de prestígio na campanha, mas abandonou os holofotes. Ficou incomunicável, pelo menos a jornalistas.

O ocorrido prejudicou a campanha – Regina foi derrotada pelo então vereador Paulo Pinheiro (ex-MDB, hoje DEM). Mas a estratégia de se resguardar deu certo. Com o patrocínio de Auricchio, que também voltou a disputar, com êxito, o Palácio da Cerâmica quatro anos mais tarde, Tite voltou a ser candidato. Ex-auricchistas relataram ao Diário que Auricchio citava estrategicamente o nome de Tite nos comícios frequentemente. Após hiato, o hoje prefeito interino venceu sua primeira eleição e foi alçado vereador com 1.077 votos.

Na contramão, as outras figuras do caso sucumbiram politicamente. Eder Xavier, eleito vereador naquela eleição na base de Pinheiro, exerceu mandato relâmpago na Câmara – se licenciou da cadeira para ser secretário – e viu o perfil combativo que o alçou à política institucional (levava a alcunha de Eder da Trombeta, em alusão a jornal local crítico ao governo Auricchio) perder força. Tentou reeleição no pleito seguinte, mas perdeu.

“Eu não queria mais (ser vereador). Fiquei bastante chateado e decepcionado com a política. Eu queria lutar contra a corrupção, tinha o compromisso do Paulo de que haveria uma CPI (para investigar as denúncias sobre o Mensalinho), mas nada aconteceu”, relembrou o ex-parlamentar, que voltou a exercer a advocacia.

Já Edgar, que é economista e professor, voltou à carreira acadêmica. Também tentou retornar ao Legislativo em 2016, mas os 481 votos o deixaram longe da vitória.

Na esfera judicial, ninguém foi denunciado. O caso foi investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público, mas as denúncias foram arquivadas pela promotora Karla Regis Galvão de Oliveira Bugarib, que alegou falta de provas.

Edgar reconheceu que o episódio dizimou sua carreira política e culpou Tite pelo ocorrido. “Ele (Tite) é um cara mau caráter, do mal, que nunca trabalhou nem estudou e não construiu uma carreira política. Sua sorte foi ser amigo do Auricchio. O que se ouve é que tinha o modus operandi de gravar conversas com a classe política”, disparou. “Eu tenho dois filhos. E tenho orgulho de dizer que nenhum deles foi flagrado em bar numa pandemia sem máscara e fazendo aglomeração. Um cara que não sabe nem criar os filhos é que governa uma cidade como São Caetano”, emendou o pedetista, em referência ao fato de a primogênita de Tite, Anne, frequentar estabelecimentos no auge da segunda onda da pandemia de Covid.  




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