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ABC da Economia
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ABC da Economia
Grande ABC e inovação aberta
Por Jefferson José da Conceição
professor e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano)
16/07/2021 | 12:13
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A USCS, em conjunto com parceiros privados (Biosphere), estrutura o seu hub de inovação, espaço que aproximará universidade, empresas e startups. Em meu livro, Entre a Mão Invisível e o Leviatã, lançado em 2019, tratei do tema da inovação aberta, entre outros temas. Mostrei como hubs, parques tecnológicos e arenas de inovação se relacionam com a chamada ‘inovação aberta’. A inovação é item fundamental da competitividade das empresas, cidades e países.

O modelo clássico de inovação de produtos, serviços, materiais e processos, vigente na maior parte do século XX, foi aquele em que a inovação era realizada em ambientes fechados no interior das empresas. Eram os departamentos e laboratórios de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) das empresas os responsáveis quase que exclusivamente pela inovação. A empresa detentora da inovação detinha por longo período ganhos extras derivados do controle monopólico da inovação. Era o modelo de ‘inovação fechada’ (closed innovation).

Autores como Chesbrough mostraram que a forma como a inovação ocorre está mudando desde o fim do século XX. São rápidas as transformações: a globalização da pesquisa e do conhecimento; o aumento dos recursos humanos e instituições que lidam com a geração de novos conhecimentos e inovações; as tecnologias de comunicação, que permitem um fluxo rápido e em tempo real de informações. Por melhor que seja o seu departamento de P&D, nenhuma empresa consegue reunir todos os talentos e especialistas da sua área de negócio, e tampouco consegue reter todo conhecimento que envolve uma inovação. Na atualidade, as inovações ocorrem com maior frequência, fluem de modo mais rápido para fora de um domínio exclusivo e exigem grandes volumes de recursos financeiros.

A inovação tende a se dar de forma cada vez mais ‘aberta’, combinando ideias e conhecimentos novos surgidos no interior da empresa com aquelas oriundas do ambiente externo à companhia. Também na inovação o mundo interno à empresa passou a interagir com o mundo externo, por meio de vários formatos de parcerias. É o modelo de ‘inovação aberta’ (open innovation). Neste modelo, os departamentos de P&D devem dialogar mais com os outros setores da empresa (finanças, área comercial, publicidade, etc) e realizar cooperações com outras empresas e instituições, como universidades, centros de tecnologia, startups, fornecedores, empresas de comercialização, usuários, entre outros. Os parceiros podem estar localizados em várias partes do mundo (colaboração em rede) e as inovações aplicadas em mercados globais.

A cooperação pode se traduzir, por exemplo, na aquisição pela empresa de licenciamentos, patentes e propriedades intelectuais provenientes de outras empresas, organizações e instituições. O fluxo também deve ocorrer no sentido inverso: as inovações internas da empresa podem ser socializadas com o ambiente externo, por meio de joint ventures, licenciamentos, spin-offs etc.

Existem várias formas de realizar a inovação aberta: redes, modelo tríplice hélice (projetos desenvolvidos em conjunto por universidades, empresas e governo), laboratórios vivos para prototipar (living labs) e outros. Para que este processo cooperativo da inovação aberta ocorra, as empresas, instituições acadêmicas, startups e outros parceiros devem estar sintonizados quanto aos desafios, objetivos, agendas e cronogramas.

Estes espaços físicos e eventos visam criar as condições favoráveis para este alinhamento em torno de desafios da inovação. Eles facilitam a interação entre os atores. Neles, as empresas buscam constituir uma rede de conexões com instituições, universidades, centros de pesquisa e startups com objetivo de estabelecer desafios conjuntos e programas de inovação aberta. Tratam-se de espaços de networking, cocriação e colaboração em diferentes níveis.

De acordo com Hällbrant e Ingvarsson (2006), cinco dimensões se destacam na inovação aberta: a formal (os contratos e acordos de propriedade); informal (geração de confiança e motivação); física (arquitetura do espaço); virtual; e estrutural (conteúdo e processos conjuntos desenvolvidos).

Uma característica bastante importante em relação à inovação aberta é o impulso que ela dá ao empreendedorismo iniciante, em particular as startups. Ela permite um diálogo direto desse empreendimentos com os projetos estruturantes das empresas, os mercados consumidores, os governos (quando estes estão envolvidos), as universidades e centros de pesquisa.

A inovação aberta é um dos caminhos a serem trilhados para a retomada do desenvolvimento de regiões industriais fortemente impactadas pelas mudanças nas últimas décadas, como é o caso do Grande ABC. 




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