São 14,76 milhões de trabalhadores, pior resultado da série história, iniciada em 2012
Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que há 14,76 milhões de trabalhadores desocupados no Brasil, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 14,7% da força de trabalho. O resultado é o recorde da série histórica, iniciada em 2012, e corresponde ao trimestre entre fevereiro e abril. Apesar de não dispor de números por cidade, análise de resultados indica que o Grande ABC também sofra com o problema.
Desocupados, segundo o IBGE, são pessoas que estão sem trabalho na semana de referência da coleta de dados e que procuraram emprego nos 30 dias anteriores. Ou as que estão perto de conseguir a recolocação no mercado.
Até abril, a região não havia conseguido repor os postos de trabalho formais perdidos no ano de 2020, diferentemente do observado no plano nacional e estadual.
Segundo o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, mais de 84% das 29.549 empresas criadas em 2021 na região, são individuais, o que indica que as pessoas que perderam postos de trabalho buscam outras alternativas, o chamado “empreendedorismo de necessidade”.
De acordo com o economista a decisão de empreender não pode ser “interpretada como um indicador de melhora do nível de atividade econômica ou do ambiente de negócios e da estrutura produtiva da economia”.
Para o especialista, há fatores que vão dificultar ainda mais a recuperação da atividade econômica. O que também é um impeditivo à criação de empregos. “A curto prazo, as elevadas taxas de transmissão da Covid-19, a deficiência na oferta de energia elétrica e o aumento da conta de luz, bem como dos combustíveis. A médio prazo, a baixa taxa de investimento tenderá a se refletir negativamente sobre o potencial de crescimento da economia. E a longo prazo, a economia nacional corre sérios riscos de sofrer um apagão de mão de obra, em especial com média e alta qualificação”, disse Maskio.
DADOS NACIONAIS
A PNAD também mostra que a população desocupada (14,8 milhões de pessoas) cresceu 3,4% (mais 489 mil pessoas desocupadas) em relação ao trimestre de novembro de 2020 a janeiro de 2021. O crescimento chegou a 15,2% (mais 1,9 milhão de pessoas) quando a comparação é feita com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (12,8 milhões de pessoas).
Já a população ocupada (85,9 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre anterior e caiu 3,7% (menos 3,3 milhões de pessoas) em relação ao mesmo período de 2020.
Para Maskio, os resultados demonstram “a fragilidade na qual se encontra o mercado de trabalho no Brasil, apesar de o Ministério da Economia apontar a geração de mais de 1 milhão de postos formais de trabalho entre os meses de janeiro e abril de 2021”.
O especialista também apontou o impacto nos indicadores de empreendedorismo por necessidade. No Brasil, de acordo com o portal mapa de empresas do governo federal, em 2021 foram abertas 1,73 milhão de empresas, sendo 1,392 milhão de individuais (cerca de 80% do total). “O que não pode ser interpretado como resultado de um impulso empreendedor”, ilustrou o economista.
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