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OAS pagava R$ 300 mi em propina ao ano, diz ex-diretor financeiro à CPI em S.Bernardo

Mateus Coutinho admite pagamentos ilegais à classe política e contradiz ex-diretor sobre relação com obras no município

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/05/2021 | 14:50
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Divulgação


Ex-diretor financeiro da OAS, Mateus Coutinho de Sá Oliveira prestou depoimento à CPI da OAS instalada na Câmara de São Bernardo. O ex-executivo afirmou que a empreiteira chegou a pagar R$ 300 milhões em propina ao ano e assegurou que a relação entre a construtora e o município era capitaneada pelos ex-executivos Carlos Henrique Barbosa Lemos e Marcel Augusto Farias Vieira.

Oliveira confirmou a existência de um departamento dentro da empresa destinado a manter relações irregulares com políticos de todo o País. Segundo o ex-dirigente – que deixou a OAS em 2012 – grande parte do recurso era destinado para enriquecimento ilícito, uma vez que os pagamentos de propina eram sistemáticos, ou seja, ultrapassavam o período eleitoral.

O ex-funcionário, porém, não soube precisar a quem e o volume de verba eram transferidos para São Bernardo. Oliveira disse que o elo era feito por Barbosa Lemos e Vieira. Lemos já foi interrogado pela CPI da OAS e negou ter ciência de pagamentos ilegais para a classe política da cidade. Também declarou que ficou sabendo de propina por parte da construtora somente após o acordo de delação premiada feito por Léo Pinheiro, ex-presidente da empresa. Vieira, por sua vez, recorreu à Justiça para não prestar sua oitiva.

“Foi bastante esclarecedor o depoimento do senhor Mateus Coutinho. Chega a assustar o volume de dinheiro que a OAS dispunha para pagar propinas e agentes públicos em todo o País. Foi de suma importância porque ele disse que tinha periodicidade, que só aumentava o valor nos seis meses de período eleitoral. Deixou claro que a maior parte do dinheiro não era para caixa dois de campanha, sim para enriquecimento ilícito”, disse o relator da CPI, Julinho Fuzari (DEM), que reclamou do que chamou de “interferência do Poder Judiciário no caso”. “Impede que possamos ter mais agilidade na nossa apuração dos responsáveis”, emendou o democrata, em referência à decisão obtida por Vieira para não prestar seu depoimento.

Presidente da CPI, Mauricio Cardozo (PSDB) citou que as oitivas dos também ex-funcionários da área financeira da OAS que acontecem nesta semana serão de suma importância para o avanço da investigação. Estão agendadas as conversas com Ramilton Lima Marchado Junior, na quarta-feira, às 15h, e Alexandre Louzada Tourinho, na quinta-feira, às 10h.

“Vamos pensar em fazer uma acareação, em especial pela fala do senhor Carlos Henrique, que não bate com as demais falas dos depoentes. Também seguimos na batalha para derrubar a decisão judicial que o senhor Marcel Vieira conseguiu para não prestar seu depoimento”, comentou o tucano. 




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