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Homem com simulacro de explosivo invade agência do INSS em São Caetano

Motivação teria sido corte no pagamento de benefício desde o ano passado; ele se entregou sem muita resistência

Por Do dgabc.com.br
16/03/2021 | 12:52
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André Henriques/DGABC


Atualizada às 18h08

O técnico de refrigeração Anderson Martin, 52 anos, tentou invadir na manhã de hoje (16) a agência do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), na Avenida Goiás, em São Caetano. Em uma cadeira de rodas, Martin, que tem as duas pernas amputadas, tinha preso ao corpo um simulacro de explosivos e ameaçava explodir o local. Durante a negociação, com a presença da imprensa, ele explicou que a motivação para a ação foi a demora para receber a aposentadoria que teria sido aprovada no ano passado. O Gate (Grupo de Ações Táticas da Polícia) deu início à negociação e o homem se entregou sem muita resistência. Ele foi encaminhado para atendimento médico. Ninguém se feriu. A averiguação das equipes especializadas do Gate constatou que se tratava de simulacro de artefato explosivo.

Em entrevista ao Diário, após a ocorrência, Martin disse que agiu motivado pelo desespero, porque o pagamento do seu auxílio por incapacidade temporaria (antigo auxílio-doença) foi pago apenas até dezembro, e apesar do seu pedido de aposentadoria por invalidez ter sido aprovado em dezembro, o pagamento ainda não havia começado, fazendo com que o munícipe, que é morador de São Caetano, estivesse sem renda durante todo o ano de 2021. "Não iria colocar ninguém em risco, nem a mim mesmo. Queria chamar a atenção", justificou.

Martin explicou que estava sem dinheiro até para comprar os remédios que usa, já que é paciente renal crônico, cardíaco, diabético e teve recentemente duas amputações dos membros inferiores. "Fui várias vezes na agência bancária, e sempre diziam que o pagamento estava bloqueado. Voltava na agência, nem me deixavam entrar, mandavam ligar no 135. Quando conseguia ser atendido, diziam que não podiam fazer nada, que estava bloquado", relatou.

O advogado de Martin, Aldo Simionato Filho, explicou que o cliente não é o único a passar por esse tipo de constrangimento, e que neste momento, ele não está preocupado com uma possível implicação penal, e sim, com a liberação do benefício. "Vamos tentar uma conversa amigável com o INSS, mas se não for possível, não descarto um mandado de segurança ou mesmo uma ação para pagamento dos atrasados", detalhou. o defensor ressaltou que o ato extremo do cliente, de simular portar um explosivo, foi resultado do desprezo com que vinha sendo tratado. "Não se sentiu tratado com respeito. Tem sérios problemas de saúde e não recebeu atenção para o seu caso", completou.

De acordo com o INSS,  o segurado que invadiu a unidade havia sido impedido de entrar por não ter atendimento agendado. Segundo nota enviada pelo instituto, desde a reabertura das agências, em setembro, o INSS só atende mediante agendamento, a fim de respeitar os protocolos de segurança sanitária e esse protocolo foi reforçado com a entrada do estado na fase emergencial do Plano São Paulo. Ainda de segundo o comunicado, diante da ameaça de acionamento de explosivos por parte do segurado, a gerência da unidade chamou a polícia imediatamente, que atendeu prontamente e passou a negociar a rendição do segurado, que ameaçava a vida de servidores e demais segurados que estavam no local.

Sobre o benefício, O INSS afirmou que a Perícia Médica Federal sugeriu a concessão de aposentadoria por incapacidade permanente em janeiro de 2020. Que o segurado passou por exame pericial, confirmando o direito ao benefício, que foi concedido em 18 de fevereiro de 2021. O instituto alegou que ao longo de todo esse período o segurado não ficou desassistido, pois já vinha recebendo auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença). "Os valores da aposentadoria estão disponíveis para saque no banco desde o dia 26 de fevereiro", completou a nota. O INSS destacou que os segurados que deixaram de ser atendidos na unidade hoje já tiveram o atendimento reagendado para a próxima sexta-feira (19).

A reportagem confrontou o INSS com as alegações feitas por Martin, mas não obteve resposta até o momento. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que ao todo, seis simulacros de dinamite, cinco fios e um detector foram apreendidos. Foi solicitada perícia ao IC (Instituto de Criminalística) e o caso foi registrado como exercício arbitrário das próprias razões e localização/apreensão de objeto pela Delegacia Sede de São Caetano. O Diário apurou com fontes da Polícia Civil que o caso será encaminhado ao 2º DP (Santa Maria), que é a delegacia da área dos fatos, e que caberá ao delegado decidir pela instauração de inquérito, após ouvir as partes envolvidas.




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